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Antonio de Albuquerque
Misterioso Regresso
 
 
─ Quero voltar para casa, basta de confusão, não vejo a hora de chegar ao Rio, mas ainda penso visitar a Venezuela, disse Laura. ─ Não quero ir à Venezuela, chega de aventura, respondeu Marina. ─ Não briguem crianças! Sorrindo respondeu Massumi. Após dois dias levantaram âncora com destino às águas territoriais brasileiras. O Caranguejo havia sido abastecido para a viagem de regresso, navegando em alta velocidade com motor mais potente ligado, além das naturais velas. Haviam visitado Cartagena, ido às compras e Gonzalez comprara a esmeralda para sua mulher. Os tripulantes viveram uma grande aventura. Tinham muitas histórias a contar, mas a viagem não terminara, surpresas poderiam ocorrer, afinal o mar é cheio de misteriosos imprevistos.
           
A bordo, o grupo falava sobre a viagem de regresso, o capitão Gonzalez, já restabelecido, examinava o plano de viagem. Em alguns dias estariam no Brasil e sentiam alegria só em pensar. Numa excursão, fora do País, os dois melhores momentos são: quando se sai e quando se volta. O plano dos tripulantes era voltar ao Brasil sem aportar em nenhuma ilha, por mais paradisíaca que fosse! Já haviam enfrentado muitos dissabores nessa viagem, embora compensados por momentos felizes.  ─ Não quero mais confusão, a travessia será longa, mas sem pressa, estamos de férias. Pretendo passar bem distante da Venezuela, embora saibamos que lá existem lugares de rara beleza, mas fica para outra viagem, disse Vitor. Garcia desabafou: ─ Não quero saber de ilha paradisíaca, piratas ou corsários, levem-me para casa, mas antes quero beber um bom rum jamaicano! ─ Laura quer conhecer as praias de Margarita na Venezuela, podemos chegar lá!  Argumentou Gonzalez. ─ Ficaremos devendo essa visita. Passaremos bem distante, já levamos algumas surras e você foi baleado. Até hoje tivemos muita sorte, amanhã ninguém sabe! ─ Chega de conversa, vamos navegar, sorrindo disse Vitor.
           
O Sol brilhava refletindo raios na água azul caribenha, a tripulação no deque acenava e pessoas no cais respondiam, e também admiravam a imponência do veleiro com a bandeira brasileira. Entre os que acenavam, via-se sorrindo, Josefina acompanhada pelo delegado Gimenez e pelo escritor Antonio Herrera. A grande surpresa para Vitor foi enxergar, junto ao delegado, também acenando e sorrindo, o jovem agente da INTERPOL disfarçado, Juan Royo, o rapaz das docas lá em Havana. ─ Esses policiais são muito espertos, vejam quem está ao lado do delegado! Disse Vitor. Será uma longa viagem até a foz do Amazonas, a ideia era festejar o regresso em alto-mar. Massumi adquiriu em Cartagena um bom estoque de vinho; franceses, portugueses e italianos de boa qualidade, sem deixar faltar o bom Rum jamaicano preferido por Sebastian Garcia, com a barba crescida lembrava os piratas do século XVI, Garcia sorria de felicidade por voltar para casa, e na sua cabeça estava São Paulo, terra que amava.
 A tripulação do Caranguejo navegava há dois dias e ao prepararem-se saindo do mar caribenho, Vitor solicitou ao capitão, encontrar um lugar para sentirem o continente e em poucos minutos o comandante visualizou uma pequena ilha, um pontinho minúsculo no mar e, para lá direcionou o veleiro, e após uma hora chegou à ilha e, por medida de segurança, ancorou à distância. Reuniram-se no deque falando sobre a viagem, estavam contentes por estarem regressando ao Brasil e por esta razão pretendiam festejar. No jantar foi servido salmão e vinho italiano. Após a refeição permaneceram no convés, conversando e contando histórias, até que alguém teve uma brilhante ideia pedindo para Vitor falar sobre seus conhecimentos a respeito do mar, ele respondeu que não tinha certeza de como se originou, mas acreditava que aconteceu durante a separação dos continentes, fenômeno ocorrido com o desaparecimento de Atlântida, sendo a mais adiantada civilização que se teve notícia.
 
Os Atlantis conheceram a força do mal, a do bem e a neutra. Assim falou o filósofo (Platão 428 - 347 a.C.). E, Francis Bacon 1577. Atlântida chegou a ser muitas mil vezes mais poderosa que a civilização atual. Existiu durante muitos milênios e seus dirigentes eram reis divinos, sagrados que dominavam o fogo, o ar, água e a Terra. Os Atlantis conhecidos pelo mundo da época desenvolveram poderosa civilização, descobriram novas fontes de energia e construíram naves visitando outros planetas. Atlântida constituía-se numa civilização tão evoluída da qual nem remotamente suspeitam os seres humanos nos dias atuais. O continente Atlântida se estendia até ao Sul e ao Norte por grande parte da Terra. Eles dominaram completamente a força gravitacional e com a força do pensamento podiam levitar quaisquer objetos por mais pesados que fossem, com um avançadíssimo processo de engenharia, erigindo muralhas e até gigantescas pirâmides. Com o pensamento viajavam ao passado, futuro e, alguns possuíam quase completo domínio sobre si próprios.
 
Na medicina tiveram grande avanço; não só transplantaram vísceras, coração, rins, pâncreas e cérebros, mas  em laboratórios construíram diversos órgãos do corpo humano. Ali existiram construções genéticas quase perfeitas, onde o homem chegou a ser gigante com três metros, com superinteligência, saúde e grande longevidade. Eles tentaram dominar a natureza, mas foram derrotados por eles mesmos quando se deixaram dominar pelo orgulho, pai de todas as desgraças, muitos deles. Para os Atlantis, os elementais da natureza chamados de fadas, salamandras, silfos, sereias, Ondinas, Duendes e Gnomos, tornara-se realidade, clarividente. É claro que com este sentido podiam ver perfeitamente não só o mundo tridimensional de Euclides, mas também a quarta coordenada, a quinta, a sexta e até a sétima. Chegaram a construir robôs inteligentes, constituídos de matéria menos densa que a nossa, se apoderaram dessas criaturas elementais, invisíveis para os sentidos comuns e as colocaram em seus robôs. Tais robôs de fato se converteram em seres inteligentes, servindo aos seus senhores, podendo informá-los sobre os perigos que se aproximavam e sobre múltiplas coisas da vida prática em geral. Mesmo assim um dia eles foram repreendidos pela natureza, por práticas sedimentadas na inveja, orgulho e ciúme, essa tríade inferior. 
 
Após escutarem tantas histórias, os tripulantes dormiram quais crianças embaladas por sonhos de ventura, um presente que a natureza lhes concedeu. Com a luz do sol e o mar se desdobrando em ondas, nasceu um novo dia repleto de luz e surpresas que a natureza lhes reservara. Ao amanhecer, Vitor e seus companheiros, usando jet-ski, dirigiram-se à paradisíaca ilha, deixando Gonzáles a bordo. Ao desembarcarem, Vitor percebeu não haver sinais de habitantes no lugar e logo solicitou aos companheiros que permanecessem juntos fazendo o reconhecimento da ilha que, de tanta beleza, mais parecia um paraíso. ─ Estranho não haver vestígios de habitantes nesta ilha em pleno século XXI, disse Vitor. ─ Sim. ─, mas é belíssima. ─ Concordo, nunca tinha visto igual. ─ E que perfume! ─ Que energia saudável! ─ Sim, estou sentindo uma energia limpa. Que maravilha! ─ Vamos fazer alguma descoberta! Concorda Vitor? ─ Sim, vamos examinar. Todos estavam encantados com a ilha. ─ Será que ninguém descobriu esse lugar? Parece que só Deus e agora, nós! ─ Que privilégio, parece um sonho vibrando em meu cérebro, sinto uma imensa alegria. E para maior surpresa, não estou com medo, disse Garcia. ─ Você sem medo! Milagres acontecem, sorrindo disse Marina. Num lugar Vitor enxergou algumas pequenas estátuas e com os companheiros dirigiu-se a elas, mas ao andarem em sua direção, elas se mantiveram à mesma distância, fenômeno que os deixou intrigados.  A reação do grupo foi sorrindo abraçarem-se formando um círculo. Naquele momento, extasiados lembraram-se apenas de um só Deus e da perfeição da natureza. Eles penetraram no que chamamos de encantos da natureza, e suas memórias se esvaziaram de quaisquer outras lembranças que não fossem positivas.
 
O Sol clareou toda a Ilha com intensa luminosidade e quando Vitor percebeu, estava submerso, porém dentro da mesma ilha que agora formava um cenário de beleza. Alguns robôs se apresentaram, entre eles, um se destacava e, pelo pensamento lhe transmitia mensagens falando de paz, harmonia e boas vindas e Vitor imaginou que todos do seu grupo estivessem recebendo a mesma mensagem e visualizando aquele santuário envolvido por luz, formas e cores de beleza inefável. Sendo Laura extremamente curiosa e desconfiada, em voz baixa dirigiu-se a Vitor comentando: ─ Vitor, veja as pedras preciosas, são belíssimas, que lugar lindo! É possível que estejamos metidos noutra encrenca, pois isto é muito bom para ser verdadeiro. Veja, todo o espaço infinito está tomado por luz e montanhas de pedras preciosas, a água cristalina se espargindo em cascatas multicores. ─ Concordo, mas vamos esperar os acontecimentos. ─ São milhares de pedras preciosas! Nenhuma é igual à outra! Como pode existir tanta riqueza? ─ Posso pegar uma? ─ Não toque em nada, isso não nos pertence. ─ Umazinha só? ─ Por favor, se contenha, não toque em nada. ─, mas são reais. ─ Fique quieta, por favor. ─ Vou ficar quieta, sim, mas estou com uma vontade imensa de tocá-las. ─ Essas mulheres! Não podem ver joias..., Disse Vitor.
 
 Toda a tripulação estava embasbacada diante da realeza; esmeraldas, águas-marinhas, alexandritas, topázios, turquesas, safiras, diamantes, turmalinas, granadas, pérolas, quartzos, rubis, safiras, e uma infinidade de brilhantes desconhecidos formando enormes rosários estendidos ao longo do céu infinito. A água azul se espargia do espaço em forma de luz. No fundo viam-se pedras preciosas de diversas cores. Belíssimos peixes, animais e sereias lindíssimas em forma de mulher circulavam acompanhadas por formosas criaturas em forma de homem, verdadeiros deuses. Vitor enxergava na superfície do mar, seu veleiro com o comandante no convés a brincar com belas gaivotas sob um céu azul estrelado em plena manhã.
 
Vitor dirigindo-se ao robô, disse: ─ Como podem nos manter reféns, tirando-nos do lugar onde estávamos e nos mantendo aqui no fundo do mar? ─ Quem são vocês? E o que querem? ─ Vocês não estão no fundo do mar, logo lhes direi quem somos. Não estão sendo mantidos contra a vontade, são libertos para partirem quando bem quiserem, disse o robô. Garcia e Marina de mãos dadas contemplavam o belíssimo lugar, parecendo ingênuas crianças. ─ Não posso acreditar no que estou vendo e sentindo. Estou feliz como nunca estive em toda minha vida, disse Laura. Aqui não existe espaço para nenhuma ilusão, tudo é divino! Disse Garcia. Massumi dirigindo-se a um robô, perguntou: ─ Qual a dimensão desse lugar? ─ É infinito. Tem no Oriente o amor e no Ocidente a verdade. Como posso estar isolado da água se estou no fundo do mar? Cercado por luzes coloridas, arco-íris, coisas desconhecidas, ouro, pedras preciosas, algumas que jamais havia visto, diante de robôs falantes, inteligentes e de tanta beleza? Perguntas que Vitor não conseguia responder.
 
─ Sintam-se à vontade, vocês sairão quando entenderem, nós somos máquinas inteligentes pertencentes a uma civilização que aqui existiu há milhares de anos, que se transportou para um lugar mais adiantado no espaço. Em virtude de seu desenvolvimento espiritual e moral, não pôde permanecer na terra. Nós, sim, aqui permanecemos, porém noutra dimensão, mantendo nosso povo informado sobre tudo que se passa na Terra. Vitor enxergou o comandante fazendo sinais e percebeu que o robô falava a verdade; tudo era a realidade daquele momento. ─ O comandante González não tem o merecimento de ver tudo isso, comentou Laura. ─ Tem sim, disse o robô, ele está vendo e ouvindo como se aqui estivesse. Gonzalez se apresentou dizendo: ─ Estou aqui. ─Estava presente toda a tripulação do Veleiro sorrindo e abraçados. ─ Voltem para o Caranguejo e ao subirem no jet-ski, estarão navegando sobre o mar. Ao chegarem à embarcação não se contiveram, sorriam de alegria e se abraçavam.  Vamos para casa, disse Vitor. Laura havia trazido no bolso do seu casaco a esmeralda mais linda que viu, colocou-a sobre sua mão, beijou-a dizendo: ─ És a joia mais linda que vi em toda minha vida. Naquele instante a esmeralda transformou-se numa belíssima sereia; a imagem mais bela que Laura havia visto nessa existência. Novamente, beijou-a e, carinhosamente, exclamou!

 
 
Em ti, esmeralda sereia,
Fermenta e fecunda o amor,
No silêncio da criação
Da tua esplendorosa riqueza
És bela como a pureza, o amor
Tal a lua prateando o mar
A espuma d’água pura que gera
O arco-íris nas cores do céu brilhante
Teu lugar é nos encantos do mar,
No santuário de uma dimensão
Pura e sublime, criada pela natureza,
Teu lugar, bela esmeralda sereia,
É no misterioso mar sem fim
 
A tripulação do Veleiro Caranguejo vivenciou a maior experiência de suas vidas. ─ Ei Vitor! Estamos na Baía de Guanabara! Cidade maravilhosa!! Brasil. A alegria e felicidade contagiou a todos.

 
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 12/09/2018
Reeditado em 15/09/2018
Código do texto: T6447063
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