A Ilha da Morte - Parte III - Albert e Cassandra Arrebentando em Constança
Constança. Essa cidade fundada pelo lendário imperador Constantino, o Grande é bem agitada por seu movimentado porto e seus habitantes se orgulham muito dele considerando-o o melhor de toda a Romênia.
E não era para menos. Os navios vindos de todas as partes do mundo desembarcavam sedas da China, tapeçarias da Pérsia e pessoas e mais pessoas vindas de diversos lugares rumo aos países europeus e embarcavam com especiarias europeias rumo a Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente e também ao Império Chinês.
Não tínhamos tempo para ficar apreciando o movimento dos navios e precisávamos adquirir armas novas para essa misteriosa missão desfazendo-se das nossas armas que ficaram desgastadas depois das terríveis batalhas contra o Horror e Alexander.
Corinna e eu fomos reparar nossos escudos com um ferreiro próximo ao mercado principal e ficamos assustados com o preço absurdo dos reparos. O ferreiro fez uma oferta razoável para mim e graças a isso, tive sorte de reparar meu escudo. Já Corinna revoltou-se com o preço e com a ridícula oferta do ferreiro, mas não teve escolha senão aceitar a oferta.
Albert, por sua vez, tentou vender uma espada encontrada nos espólios da torre e teve muitas dificuldades para negociar com o vendedor, que a primeira vista parecia tão irredutível como Nathaniel.
Temíamos que Albert fizesse alguma besteira que comprometeria nossa situação, porém meu amigo manteve uma calma incomum para aquilo tudo e relutantemente aceitou a proposta do vendedor.
Já Myrymia planejou algo diferente com o dinheiro. Foi a uma loja próxima e comprou poções de cura e de recuperação de fadiga que eram importantes para nossa missão.
Afinal, essas poções podem significar a vida ou a morte para nós. Quantos guerreiros, elfos, ladinos, anões e magos não morreram em combate por falta delas?
E Cassandra teve um pouco mais de sorte com adagas. Adquiriu umas cinco bem afiadas e graças a sua lábia, arrancou uma boa pechincha do vendedor.
Se não tive muita sorte com escudos, ao menos tive com a minha antiga armadura que consegui vendê-la por um bom preço.
Ainda tínhamos dois dias de descanso antes de nosso encontro com Andrei.
Mas para Cassandra e Albert, aquilo foi tudo menos descanso.
E muito mais encrenca.
Encrenca em dobro.
E tudo por causa de dinheiro e apostas ilegais.
* * *
O clima estava agitado na cidade e o estado de alerta máximo foi dado pelo prefeito pelas notícias de um ataque iminente de demônios pelas redondezas.
Enquanto Corinna, Myrymia e eu ainda estávamos procurando por armas e equipamentos, Cassandra e Albert estavam fazendo certos “investimentos” com o dinheiro doado relutantemente por Myrymia.
Foram pra um dos cassinos mais vagabundos do local mais barra-pesada da cidade na ânsia de conseguir mais dinheiro para cobrir os custos da viagem.
Cassandra apostou duas vezes na roleta e acabou perdendo dinheiro nas duas apostas.
A ladra já estava furiosa com a atitude do dono do estabelecimento e resolveu tentar mais uma vez sendo impedida por Albert.
Ele então resolveu averiguar as roletas e descobriu que estavam viciadas com um pequeno imã que parava exatamente no número que a banca queria.
Foi aí que a confusão começou de vez.
Após uma boa briga no cassino, onde tiveram cadeiras quebradas, roletas e bacarás destruídos e três vagabundos jogados pela janela por Albert e Cassandra, os dois resolveram se esgueirar pelos becos na tentativa de fugir da fúria da facção local.
Os dois foram cercados pelos criminosos e um deles tentou atacar Cassandra pelas costas, porém o máximo que conseguiu foi levar uma bela facada no traseiro.
Outros dois tentaram atacar Albert pela frente apenas para levarem um soco na cabeça e uma pancada no estômago com o cabo de sua amada Katherine.
E o último foi derrubado por Cassandra com um chute bem no meio das pernas.
Assim que os dois conseguiram chegar a rua principal, deram de cara com dois guardas que estavam de vigia naquele local e ouviram os gritos dos ladrões.
Para não serem presos, Albert levantou a manga do gibão e mostrou seus ferimentos ao guarda da esquerda enquanto Cassandra tentava convencer o outro guarda que eram apenas inocentes turistas que se perderam na cidade e foram assaltados.
A sorte dos dois é que os guardas apenas foram alertá-los de que não fossem para aqueles lados dos becos pelo fato de ser o ponto de encontro dos criminosos mais perigosos da cidade e local de muitos latrocínios ocorridos nas últimas semanas.
Assim que nos reunimos na taberna, os dois relataram o ocorrido. Eu e Corinna ríamos pra valer com o incidente da facada no traseiro enquanto Myrymia lamentava a perda do dinheiro e se enfurecia pela irresponsabilidade dos dois que poderiam ter virado estatística.
Os dois dias haviam se passado.
Era hora de encontrarmos Andrei apesar dos protestos de Albert.
E de partir rumo ao desconhecido.
E rumo as respostas sobre o mistério de Asarteri.