A laranja era linda e muito apetitosa. Parecia uma bola de ouro pendurada num galho, semelhante a um tesouro que prometia indizíveis prazeres a quem o conquistasse. O menino não fez por menos. Começou a escalar a laranjeira em busca do seu tesouro. Mas ela estava num galho muito alto e num lugar bastante perigoso. Todavia, ele não teve medo. Ao galgar o quinto galho, sua mão foi ferida por um espinho. A mão sangrou, a dor foi muito forte. A laranja ainda estava muito longe. Vendo o sangue que corria da sua mão e sentindo a dor que o espinho lhe provocou ,pensou se não seria melhor desistir. Parecia impossível alcançar a fruta. Ela estava num lugar quase inacessível. Mas ela brilhava como um sol, como algo que precisava ser alcançado a preço da própria vida. Cintilava no espaço como um pomo de ouro. Ele então olhou para baixo e viu o quanto já havia subido. Era mais do que ainda faltava para alacançar a fruta. O que significava um pequeno ferimento, depois de já ter subido tão alto, e diante da expectativa de realizar o seu desejo? E ele então continuou a subir, a despeito dos espinhos, da altura, do medo e de todos os percalços. Foi ferido por outros espinhos e sentiu novas dores. Mas nada disso importava mais. Seu coração estava na sua meta. E quando jogamos nosso coração na nossa meta o corpo todo vai atrás. O menino viu então que nada poderia impedi-lo. E quando, finalmente, colheu a laranja, ele a ergueu como se fosse uma taça nobremente conquistada, porque ele era, de fato, um vencedor.