QUANDO O INVERNO CHEGAVA

Era uma vez um grande pomar

Era uma vez um pequeno menino

Era uma vez uma estória pra se amar

Uma estória de um tempo genuíno

Uma estória real baseada na ficção

Uma estória feliz que deixou saudade

Todos os anos e na mesma estação

O vento forte uivou sem piedade

De pijama e sem tomar café

Corria para ver as folhas no chão

Mas que bom ventinho banzé

Seu barulho era uma linda canção

A sensação provocava um encanto

Quem sabe um êxtase singelo

As vezes me causava espanto

Mas era um sitio mui belo

Um cheiro de perfume de algo formoso

Um gosto de fruta fresca caida do pé

Que arrepio e que medo gostoso

De um vento que não sei mais como é

Mas a estória de um sítio em paralelo

De um sítio bem distante daqui

O Sítio do Pica-pau-amarelo

Da Emilia, do Pedrinho e do Saci

Dona Benta, Narizinho e Tia Anastácia

Do Visconde e do Marques de Rabicó

Acordar cada manhã uma audácia

Sonho e realidade de uma vez só

Sempre que o inverno chegava

Trazia com ele a magia

E o grande pomar se transformava

No sítio do Monteiro que eu lia

Eu sempre acordava primeiro

Depois acordava a prima Patrícia

Brincávamos sem cansar o dia inteiro

Uma brincadeira sem qualquer malícia

Cuidado com a Cuca que ela te pega

Assim começava nossa brincadeira

Voce tá com medo e a mim não nega

E o vento soprava forte na laranjeira

Eu era o Pedrinho, ela era a Emília

Outros pernonagens na imaginação

Mesmo friozinho a gente sentia

O calor nas estiagens da emoção

O inverno trazia o sítio pra gente

Relembrar o Visconde e o Tio Barnabé

E o cadeirão da Cuca bem quente

Deixava nós dois de cabelo em pé

O Sítio do Pica-pau-amarelo

Pra mim não tem outra estória igual

Gosto de goiabada com marmelo

Isso sim dá um sentido real

Quando o inverno chegava

O menino aventureiro e novato

Com seu jeito fraterno gritava

Que seu herói era Monteiro Lobato

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 12/03/2018
Código do texto: T6278228
Classificação de conteúdo: seguro