A Caverna do Horror - Parte III - O Horror Encarnado (Continuação)

* * *

Inicialmente, decidimos não atacar os cadáveres para podermos planejar melhor nossa estratégia contra os zumbis com Albert e eu atacando os zumbis de frente e Myrymia bombardeá-los com suas bolas de fogo. A princípio, o plano correu bem com nós dois atacando os zumbis e ao mesmo tempo esquivando-se de suas mordidas. Graças ao plano bem montado de Myrymia, os zumbis estavam recuando, mas por quanto tempo mais aguentaríamos até Cassandra conseguir destrancar aquela maldita porta?

Então tomei uma decisão difícil e arriscada. Fui ajudar Cassandra a abrir a famigerada porta enquanto Myrymia e Albert resistiam bravamente as investidas dos zumbis.

Com a ajuda de Elderath, a porta se abriu e resolvi proteger Corinna e Elana passando pela porta aberta.

Foi uma decisão das mais estúpidas que cometi porque acabei deixando Myrymia e Albert sozinhos contra sete zumbis.

Mas como que por milagre, eles sobreviveram ao ataque maciço dos zumbis a base de golpes de espada e bolas de fogo.

Assim que passaram pela porta, Albert, frustrado por não ganhar nada de valor, quis bater em Elana culpando-a por toda essa situação só não levando a cabo o intento devido a ação enérgica de Corinna.

Quanto a mim, senti-me envergonhado pela minha atitude covarde e Myrymia me repreendeu pela falta de combatividade contra os zumbis.

Ela tinha razão. Foi uma decisão imbecil de minha parte que poderia ter levado ela e Albert a uma morte certa.

Que Alá me perdoe por essas atitudes e se eu estivesse no exército, levaria no mínimo algumas chibatadas por minha covardia.

Depois de tudo isso, seguimos em frente com a esperança de encontrarmos a saída deste local macabro e deparamos com uma ponte de pedra que provavelmente nos conduziria a um grande perigo.

Um mal terrível com seres profanos.

Durante o trajeto, a ponte se desprendeu e todos nós corremos como loucos na tentativa de sobreviver a essa armadilha. Albert vinha em uma desabalada corrida e tropeça em uma das pedras só não sendo jogado dentro da lava ardente por que agarrou uma das cordas da ponte na ponta dos dedos.

Quando pedimos a ajuda de Elderath, ele não estava mais entre nós.

Acabou sendo capturado e devorado por um morcego gigante.

Não tendo tempo para lamentarmos a morte do velho líder do vilarejo, seguimos na nossa rota para a liberdade e encontramos um pórtico onde horrendas criaturas aproximavam-se de nós.

A saída estava perto, mas a montanha era íngreme demais para escalar e havia ainda um platô no meio do caminho.

De repente, para nossa surpresa, Elana estava chorando de alegria por ter finalmente encontrado sua mãe Eleanor.

Sem perda de tempo, Elana abraçou sua mãe sem que soubesse que na verdade, ela seria apenas uma oferenda para o monstro.

O rosto de Eleanor era inexpressivo demais para um encontro tão emocionante até absorver a criança por completo. Daí o semblante inexpressivo transformou-se em um semblante cruel e macabro com ela rindo maleficamente.

Era o horror encarnado. A maldade pura.

E nada podíamos fazer para detê-la e libertar Elana.

Só tínhamos duas opções naquele momento: fugir em segurança e deixar Elana morrer com o monstro seguindo seus planos nefastos ou lutar até o fim para salvá-la mesmo sabendo que morreríamos nas mãos desse monstro.

Bem que Cassandra tentou traçar uma rota de fuga, mas quase caiu de uma altura de 10 metros e fomos forçados a recuar para poder salvá-la.

Não tínhamos escolha a não ser lutar. Era a opção mais sensata a se fazer.

E que os deuses nos protejam de todo esse horror.

* * *

A luta foi terrível. Imagine vocês que enfrentamos o mal encarnado com poucas armas e recursos e tendo ainda Myrymia sem condições totais de lançar bolas de fogo ou qualquer outra magia.

Seria certamente um massacre. Então Albert e eu fomos enfrentar o monstro com ele entrando em seu modo sanguinolento e eu usando o escudo para tentar afastar Elana o mais longe possível do monstro.

Eu já conhecia o estilo de lutar de Albert desde os tempos de mercenário. Entre os mercenários ele era conhecido como “Albert, o Sanguinário” devido as suas qualidades.

Ele atacou o monstro que contra-atacou com a pernada com a força de um coice de um cavalo, mas Albert conseguiu esquivar-se no último instante.

Foi então que Corinna resolveu intervir na luta contra o monstro atacando-o com as bênçãos de Meliteli, mas o monstro foi mais rápido do que a sacerdotisa e conseguiu esquivar-se do golpe.

A luta seguia num impasse. Qualquer erro tático de nossa parte seria o fim para nosso grupo. E o monstro estava se aproximando pra me atacar na tentativa de absorver novamente Elana.

No entanto, não teve tempo de conseguir seu intento.

Um urro foi ouvido e o monstro jogou-se para trás pela força estrondosa de um golpe de espada.

Eu conhecia este golpe como ninguém. Era o golpe decapitador que Albert havia desferido nele com toda força possível.

O monstro havia sido derrotado contra todos os prognósticos.

Albert havia salvado o dia e decidido a luta a nosso favor.

Nada mal para uma pessoa considerada a mais azarada do mundo.

Nada mal mesmo.

* * *

Chegamos enfim ao platô e saímos daquela caverna com o sol ainda a pino e eu ainda com Elana inconsciente nos braços.

Ficamos apenas duas horas naquela caverna mas a impressão que tínhamos era como se ficássemos dias naquele lugar.

Voltamos ao vilarejo e demos a triste notícia da morte de Elderath a sua esposa que lamentou sua perda e ao mesmo tempo ficou feliz por Elana estar sã e salva.

Ela foi hospitaleira conosco e nos recompensou com algumas moedas de ouro apesar dos protestos de Albert por não ter conseguido adquirir um cavalo do curral só para colocar algumas ferraduras que tinha obtido da caverna.

Fiz minhas orações a Alá e fui dormir depois de uma aventura tensa, mas vitoriosa.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 23/12/2017
Código do texto: T6206554
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