Cavalos selvagens
Em maio de 1985, ingressei no Fisco de Goiás, através de Concurso Público, no cargo de Agente Arrecadador e fiquei em exercício na cidade de Conceição do Norte, hoje no Estado do Tocantins.
Eu era Coletor de Impostos (Agente Arrecadador) e trabalhava com dois Auxiliares Administrativos, em uma sala, ao lado de um Açougue.
A Cidade, era pequena, com aproximadamente 2.000 habitantes. Não havia luz elétrica, só tinha um gerador a diesel, com iluminação até as 22 horas.
Os homens, mulheres, crianças, ficavam circulando a cidade, nos bares, vizinhança, enquanto havia luz; mas quando desligavam o Gerador, era aquela correria, com ou sem lanternas. Eu sempre carregava uma lanterna a pilha, por segurança. Certo dia, tava tão escuro e minha lanterna fraca, que tropecei numa pedra e cai feio, na rua de poeira.
A cidade não tinha muita opção de diversão, para jovens, que frequentavam apenas bares, durante a noite.
Eu morava em um pequeno Hotel, de propriedade do senhor Quinô, o único da Cidade. Os únicos automóveis, que circulavam, eram da Prefeitura e de alguns Fazendeiros. Além de andar a pé, os únicos meios de transportes do povo, eram bicicletas, motos e cavalos. As ruas eram de terra, com meio fio. Não havia telefone nas casas. Só existia um Posto Telefônico, para ligações interurbanas. O Correio, era nosso maior meio de comunicação.
Nessa época, a gente tinha o hábito de escrever muitas cartas, principalmente para nossos pais. Os meus, moravam em Pires do Rio, Goiás.
Em relação ao meu trabalho alí no município, como Fiscal de Tributos, não era muito fácil, pois alguns políticos eram meio resistentes à presença de uma Autoridade Fiscal, naquela região, mas logo foram se acostumando.
No quarto do Hotel, onde eu morava, as paredes eram feitas de adobe. Então, como havia muito inseto barbeiro na região, eu não encostava minha cama na parede, por medo de ser picado. Inclusive, o Pedro cineasta, nosso colega, fez até um curta metragem, na região de Lizarda, Jalapão, hoje Tocantins, sobre a existência do inseto, o Filme se chama: 'Os ventos de Lizarda". Eu participei da dublagem do Filme, que concorreu em Festival de cinema em Goiânia e outras cidades.
No município, havia muitos Latifùndios. Mas, uma grande parte de terras da Região, eram de posse, ou seja, sem Escritura. A Titulação das Terras era feita pelo INCRA e IDAGO, daí havia muito conflito entre posseiros e grileiros. O método usado pelos grileiros de terra, pra tomar a terra de pequenos posseiros, era incendiar os Ranchos deles. Matavam o chefe da família, aí as esposas e os filhos pequenos iam para a cidade, por medo. O conhecido Êxodo rural.
Eu cheguei a ver, ranchos de palhas, serem incendiados, nos municípios de Conceição do Norte e Almas.
Alguns finais de semana, eu e o colega, Eládio, saíamos em sua Caminhonete D-10, para a zona rural, em estradas de chão, pontes de madeiras, na imensidão do cerrado, no nordeste goiano e víamos coisas inusitadas, como:
Cavalos Selvagens, com crinas quase se arrastando ao chão. Veados campeiros e outros bichos.
O povo alí da região, comia muita carne silvestre. Meu prato preferido era bife de pernil de Veado. A carne era bem avermelhada.
Frutas!! era uma raridade.
A gente andava quilômetros, atrás de um pé de laranja.
Um dia, fomos pescar num Rio da região e no caminho próximo, uma cena inusitada pra mim, que pra eles, isso era normal.
Chegamos num casebre, de pau a pique, telhado de folhas de buriti e na porta, uma menina e um menino, de aproximadamente cinco anos de idade, nus! pode! A mãe deles, veio nos receber na porta e empurrou a menina pra dentro de casa, só deixando o menino, à nossa vista. O pai das crianças, estava trabalhando no mato. As crianças, parece que estavam famintas, então resolvi alegra-las com balinhas de doce.
Depois de um ano, alí na região, fui transferido para a Agenfa de Almas, em substituição a um colega (ver crônica "O Professor")
Em maio de 1985, ingressei no Fisco de Goiás, através de Concurso Público, no cargo de Agente Arrecadador e fiquei em exercício na cidade de Conceição do Norte, hoje no Estado do Tocantins.
Eu era Coletor de Impostos (Agente Arrecadador) e trabalhava com dois Auxiliares Administrativos, em uma sala, ao lado de um Açougue.
A Cidade, era pequena, com aproximadamente 2.000 habitantes. Não havia luz elétrica, só tinha um gerador a diesel, com iluminação até as 22 horas.
Os homens, mulheres, crianças, ficavam circulando a cidade, nos bares, vizinhança, enquanto havia luz; mas quando desligavam o Gerador, era aquela correria, com ou sem lanternas. Eu sempre carregava uma lanterna a pilha, por segurança. Certo dia, tava tão escuro e minha lanterna fraca, que tropecei numa pedra e cai feio, na rua de poeira.
A cidade não tinha muita opção de diversão, para jovens, que frequentavam apenas bares, durante a noite.
Eu morava em um pequeno Hotel, de propriedade do senhor Quinô, o único da Cidade. Os únicos automóveis, que circulavam, eram da Prefeitura e de alguns Fazendeiros. Além de andar a pé, os únicos meios de transportes do povo, eram bicicletas, motos e cavalos. As ruas eram de terra, com meio fio. Não havia telefone nas casas. Só existia um Posto Telefônico, para ligações interurbanas. O Correio, era nosso maior meio de comunicação.
Nessa época, a gente tinha o hábito de escrever muitas cartas, principalmente para nossos pais. Os meus, moravam em Pires do Rio, Goiás.
Em relação ao meu trabalho alí no município, como Fiscal de Tributos, não era muito fácil, pois alguns políticos eram meio resistentes à presença de uma Autoridade Fiscal, naquela região, mas logo foram se acostumando.
No quarto do Hotel, onde eu morava, as paredes eram feitas de adobe. Então, como havia muito inseto barbeiro na região, eu não encostava minha cama na parede, por medo de ser picado. Inclusive, o Pedro cineasta, nosso colega, fez até um curta metragem, na região de Lizarda, Jalapão, hoje Tocantins, sobre a existência do inseto, o Filme se chama: 'Os ventos de Lizarda". Eu participei da dublagem do Filme, que concorreu em Festival de cinema em Goiânia e outras cidades.
No município, havia muitos Latifùndios. Mas, uma grande parte de terras da Região, eram de posse, ou seja, sem Escritura. A Titulação das Terras era feita pelo INCRA e IDAGO, daí havia muito conflito entre posseiros e grileiros. O método usado pelos grileiros de terra, pra tomar a terra de pequenos posseiros, era incendiar os Ranchos deles. Matavam o chefe da família, aí as esposas e os filhos pequenos iam para a cidade, por medo. O conhecido Êxodo rural.
Eu cheguei a ver, ranchos de palhas, serem incendiados, nos municípios de Conceição do Norte e Almas.
Alguns finais de semana, eu e o colega, Eládio, saíamos em sua Caminhonete D-10, para a zona rural, em estradas de chão, pontes de madeiras, na imensidão do cerrado, no nordeste goiano e víamos coisas inusitadas, como:
Cavalos Selvagens, com crinas quase se arrastando ao chão. Veados campeiros e outros bichos.
O povo alí da região, comia muita carne silvestre. Meu prato preferido era bife de pernil de Veado. A carne era bem avermelhada.
Frutas!! era uma raridade.
A gente andava quilômetros, atrás de um pé de laranja.
Um dia, fomos pescar num Rio da região e no caminho próximo, uma cena inusitada pra mim, que pra eles, isso era normal.
Chegamos num casebre, de pau a pique, telhado de folhas de buriti e na porta, uma menina e um menino, de aproximadamente cinco anos de idade, nus! pode! A mãe deles, veio nos receber na porta e empurrou a menina pra dentro de casa, só deixando o menino, à nossa vista. O pai das crianças, estava trabalhando no mato. As crianças, parece que estavam famintas, então resolvi alegra-las com balinhas de doce.
Depois de um ano, alí na região, fui transferido para a Agenfa de Almas, em substituição a um colega (ver crônica "O Professor")