A gasosa
Depois do almoço, entramos numa farmácia e pedimos duas gasosas. Francis pediu sabor gengibre, e eu limão. O atendente encheu os copos e nos entregou. Ficamos por ali, encostados no balcão, bebericando.
- Nada melhor do que uma gasosa para ajudar na digestão - comentei.
Francis ficou girando o copo entre os dedos.
- Sim, são muito boas... mas isso de ter que procurar uma farmácia é que é o problema. Deveríamos achar um modo de engarrafar gasosas. Assim, as pessoas poderiam levá-las para casa e beber na hora que quisessem...
Dei de ombros.
- Quem conseguir patentear um método para isso, ficará rico. Todas as tentativas feitas até agora não impedem o gás de escapar num espaço de tempo reduzido.
- E poderíamos também imaginar novos sabores... nem todo mundo gosta de gengibre ou limão.
Olhei para Francis. Podia imaginar as engrenagens girando em seu cérebro.
- Novos sabores? - Incentivei-o. Algumas ideias do meu amigo eram bem divertidas, embora às vezes um tanto visionárias demais.
- Por exemplo, baunilha - sugeriu ele. - Não deve ser nada tão complicado assim. E eu também penso em adicionar outros produtos medicinais à gasosa... lembra quando viajei ao Peru?
- Naturalmente. Para vender armas durante a Guerra da Confederação, se bem me recordo.
- Exatamente. Pois, os nativos dos Andes consomem um chá de ervas, uma tisana local, que ajuda a suportar os efeitos da altitude. Eu o tomei e realmente funciona. Dá mais vigor, mais disposição...
Virei-me para o atendente da farmácia e pedi mais duas gasosas, pois o copo de Francis também já estava vazio.
- Então pensa em importar as tais ervas do Peru, misturar na gasosa... e vender isso em garrafas?
- Creio que ninguém teve essa ideia ainda... pelo menos, não aqui em Nova Iorque. E se der certo?
Pensei lá comigo que tinha tudo para dar errado, a começar pela distância. Mas o que falei na verdade, foi:
- Se não for segredo, qual o nome da tal beberagem?
Ele tomou uma golada da gasosa de gengibre, antes de responder:
- Chá de coca.
- [15-07-2017]