No recuo das águas, o náufrago respirava e vez por outra, uma golfada penetrava suas narinas arrancando-lhe em ondas alternadas o sopro de vida.  Lentamente, desgarrou-se do paredão, caindo estatelado sobre pedras pontiagudas. Arrastou-se, até conseguir levantar apoiando-se na muralha. Veio a aurora rasgando o véu da noite e Fernão pôde ver corpos que boiavam levados pela correnteza. A aeronave também viajava,  em partes menores, para o abismo insondável do mar.   Ele pôs-se de pé. E gemeu. E chorou. E sorriu... É doce a vida no mar.
***
Adalberto Lima, trecho de Estrada sem fim...
Imagem: Internet