CAP.6 - NA ROTA TRIANGULAR DE TEBAS
PARTE 5 - A LUA DO MEU SILÊNCIO...

   Do Aeroporto de Luxor, o Avião Particular de
minha Patroa levantou um suave vôo, sob um
belo céu azul do Egito, ao Comando firme da-
quela Jovem Oficial da Força Aérea do Egito;
- Quem diria..?  pensei comigo.

- E lá vamos nós...gritou a Jovem Diretora do
Museu Tebano, com aquele sorriso quase infan-
til,parecendo brincar em sua Cadeira de Coman-
do - Segure firme, meu Co-piloto...a Turquia nos
espera..!...

 De repente, senti a falta de sua Secretária Parti-
cular;
- Cadê a sua Secretária ?

- Não pôde vir..assuntos internos da nossa Enti-
dade..coisas burocráticas...farei o Trabalho dela,
se não importa, meu Caro Assistente Dionísio....
- Claro que não..tudo bem...e que os Deuses nos
proteja....

 A viagem transcorria normalmente..de vez em -
quando Ela me passava algumas instruções e
parecia brincar em sua Cadeira de Comando...

 Uma breve parada na Capital Turca, e já se po-
dia notar a intensa movimentação das Tropas
de ambos os lados, prontas para a Guerra..!.

 Enquanto isso, conversávamos  à respeito do
nosso destino; o Monte Ararat...
- Não se preocupe Dionísio..lá tenho uns bons
amigos...os Padres do Mosteiro Armênio,  eu
os conheço bem...

-Então, qual será o nosso primeiro passo..e por
onde começaremos..?

- Além de sua Rota decodificada...meu PAI já es-
teve por lá, e defendia a Tese, baseada nos anti-
gos moradores, sobre a Lenda da existência de
uma Caverna, com o nome de um dos filhos de
Noé..e meu Pai me dizia que a Arca de Noé é ape-
nas um Mito, como existe vários mitos do Grande
Dilúvio ocorrido em 12.500 AC, em várias partes
do mundo....A Civilização anterior mapeou cer-
tos lugares, para um novo recomeço e fez um
Mapa Secreto, um  Roteiro para os Sobreviven-
tes..que ficou conhecido como o Livro dos Por-
tais..e este Mapa serviu de base para o Mapa do
Almirante Turco Otomano Piri-Reis..reencontra-
do em 1929, e hoje, se encontra no Palácio de
Topkapi, em Istambul, Turquia..deve existir esta
Caverna..onde há fumaça ..há fogo...

- Espero que não seja mais uma Pista.. viemos
de tão longe, para não encntrarmos nada..!!
- Aqui começa um novo recomeço..a nossa pri-
meira Missão não será em vão....e mudando de
assunto;...eu já li vários  poemas seus por onde
passaste....Ainda está escrevendo?


- Um pouco...o tempo está curto...

- Você já fez algum Poema em homenagem ao
meu País....?

- Sim...rabisquei alguns versos..numa noite des-
sas..depois de passar a limpo..te mostrarei...
- Quero ler sim...eu amo a POESIA...!

 E assim chegamos naquele Belo Mosteiro Ar-
mênio, que fica na fronteira entre a Turquia e a
Armenia, ao sopé do Monte Ararat..eternamente
esbranquiçado pela neve...

 E lá fomos bem recebidos...e depois de um de-
licioso Jantar à luz de Velas, e sob um belo luar
que refletia por inteiro, aquela montanha desa-
fiadora... ficamos na varanda do Mosteiro, estu-
dando o nosso desafio....

 Ela me pediu o Poema, estendendo a sua mão em
minha direção..
-Posso lê-lo em voz alta..?

- Fique à vontade...

     A LUA DO MEU SILÊNCIO

 Sob o silêncio da noite vem o silêncio da lua
                  / e assim te vejo pálida e nua..
no semblante da brisa que veleja nas águas
                /azuis e suave  do Rio Nilo...
ó Noites de meus sonhos loucos e imortais!
não deixe que o vento leve de mim jamais
este desejo que faz tremer minha pobre alma
onde navega dentro de mim,feito uma lança...
e alimenta meu coração de suave esperança
quando o vento faz tremer as belas estrelas
     e os pequenos barcos de alvas velas!
    na leveza das águas azuis do Rio Nilo..

ó noites de meus sonhos loucos e imortais!
não deixe que o vento leve de mim jamais...
    o suave perfume de minha amada flor..
que respinga em mim lágrimas de pura dor...
deixe que minha alma beije os teus lábios...
assim como a lua reflete a sua terna luz
na leveza das águas azuis do Rio Nilo....

    Ao acaba-lo de recita-lo..sempre olhando
para o belo luar lá fora...caminhou em direção
à murada da varanda..e ficou olhando em si-
lêncio aquela Montanha iluminada pela lua...

 E vi lágrimas em seus olhos..

- O que foi.?..fiz algo que não lhe agradou..?

- Sua Noiva..!!  pensou nela..ainda está pensan-
do nela..?  Boa Noite...amanhã temos um duro
trabalho..! tome seu Poema....

- E a nota..?   brinquei, para dissipar aquele es-
tranho mal estar...

 Ela virou para mim, e me olhou profundamente
dentro de meus olhos e disse;

- Ja não lhe bastou as minhas lágrimas...

 E eu fiquei ali...olhando aquela bela Montanha
desafiadora, sem saber o que fazer...a não ser
pensar em Noé e sua familia que ali , junto aos
animais dois a dois, fizeram um novo Recomeço..
mas o que fez Noé ?  plantou uma vinha e tomou
um porre.!..e farei o mesmo...somente o vinho po-
de suavizar os meus tormentos..e assim, reco -
meçar de mim mesmo, um novo recomeço...

- Evoé Dionísio!..Evoé Dionísio.!  A lua lá fora
é o teu silêncio....
E ali, adormeci...entre o silêncio do luar e aquela
Montanha desafiadora....

09/04/1941   00;24 hs





 
Marco de Nilo
Enviado por Marco de Nilo em 06/04/2017
Reeditado em 06/04/2017
Código do texto: T5962746
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