BATMAN – O MORCEGO (versão de fã)
Minha cabeça dói. Não consigo pensar direito. Caminho pelas lápides do cemitério de Gotham. Vejo muitos nomes conhecidos. Bebo mais um gole do que tenho na mão. Um vento frio passa voando perto do meu pescoço, como se fosse uma faca. Um enorme morcego me observa com seus olhos negros. Procuro não olhar para ele, pois morro de medo de morcegos. Ultimamente tenho tido muitos pesadelos, onde as mortes se sucedem e lembro, como por uma bruma espessa de gritos e tiros e correrias pelos becos escuros e mal-cheirosos de Gotham. O morcego próximo a mim, sabe que estou bêbado. Ele me observa. Tenho medo que ele voe e morda o meu pescoço. Eu tenho um metro e noventa e oito, mas o morcego que me olha é maior do que eu. Ele abraça as suas asas enquanto percebe que eu estou bêbado.
Fazem cinco anos, desde o acidente, que me escondo, sem coragem de aparecer na mídia novamente. É um peso enorme ser Bruce Wayne e eu não agüento mais. Alfred, meu mordomo, que na verdade foi quem me criou e o considero como a um pai, ainda não desistiu de mim. Dia desses ele passou num carro, bem devagar, me procurando e até senti vontade de ir até ele, mas a vergonha e a dor da morte de alguém que eu amava tanto me fez votlar ao beco escuro, onde enormes e assustadores morcegos me esperavam, apenas os seus olhos me observando.
Desde que comecei a andar o morcego que estava atrás de uma árvore, me observando, começou a me seguir. Apressei o passo e ele apressou o dele também. Apertei o meu casaco outrora bonito, contra o peito. Minhas roupas estavam velhas, eu dormia por ai, em qualquer lugar. Meu peito estava ferido demais. O morcego deu um guincho e sai correndo. Ele correu atrás de mim e de repente abriu as asas e passou por mim voando, enquanto eu caia no asfalto, quebrando a ultima garrafa.
A minha cabeça rodopiou, mais uma vez. Eu pensei que ia morrer. A dor no estomago era muito forte. Me contrai de dor, enquanto os morcegos enormes me observavam do cemitério, de entre as lápides, onde muitos nomes eram conhecidos por mim. Alguns, fui eu quem causou a morte. Os morcegos me esperavam. Eles queriam a minha vida. Começou a chuviscar uma chuva muito fria de inverno e ai eu apaguei. Parecia que eu entrava na morte. Sentia o meu corpo rodopiando e girando e caindo para algum lugar.
Antes de desmaiar o primeiro morcego, aquele que mais me assustava, ficou do meu lado me olhando e estendeu a mão para o meu pescoço, com seu braço animal peludo e de garras enormes, suas unhas me furando o pescoço. O meu medo era aterrorizante, eu comecei a gritar, enquanto o monstro me puxava pelos cabelos e arrastava o meu corpo pela chuva. Enquanto ele me levava para um enorme caixão preto, ele me levantou no ar e me estendeu acima dos seus ombros, como um troféu. Os outros morcegos pulavam desvairados, felizes, porque eu era a presa vencida. Num estertor de dor, a bebida forte não me deixando pensar direito, eu me lembrei como, na noite em que meus pais morreram, mortos por um ladrãozinho pé de chinelo, eu corri, eu fugi, para a nossa casa e no nosso terreno eu cai num buraco, onde durante uma noite inteira morcegos enormes pulavam em cima de mim. Agora o morcego me colocava num caixão, num cemitério. Eu vi luzes, muito ao longe, no caixão e alguém falou o meu nome, antes que eu morresse... Batman.
...continua.
paulo Sergio Larios