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A quem ler, os outros capítulos serão bem menores do que este, quem quiser acompanhar vai conhecer um pouquinho deste nosso amigo tão poeta e tão discreto... Claro, no jeitão mineiro de contar do Trovador.
O POETA DÍLSON E EU.
CONTO AO VIVO.
Já tinha estado no Rio Grande do Norte, mas era muito jovem e não me lembrava de como é. Tenho um amigo, grande poeta Dílson Ferreira, que mora lá e me convidou uma vez para passar uns dias na sua casa e colocarmos as violas e o papo em dia.
Na época não estava com muito tempo e declinei do convite, ultimamente sempre pensava em ir, mas sem tomar coragem, já que, não ando lá muito bom das pernas. Mesmo assim resolvi lhe escrever e perguntar se o convite ainda estava de pé, a resposta veio imediata e Dílson ainda se zangou por eu perguntar dizendo que sua casa sempre estava aberta para os amigos.
Perguntei-lhe se lá tem lugar para pescar e ele respondeu que tem muitos lugares, mas me levaria a um lugar especial. Nem pensei mais, comprei um pacote de viagem e peguei minha mala e a viola e viajei.
Estou chegando agora ao Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves. Desembaracei as malas e através do vidro, vi meu amigo à minha espera, quando eu o olhei ele me acenou e sorriu, achei a acolhida simpática e trocamos um abraço amigável, sem apertar muito, ele e eu somos modelos antigos, guardamos nossos abraços mais apertados para as damas prazerosas.
O calor estava de arrebentar mamona e ele adivinhando meu aperreio, já se encaminhou, "comigo o seguindo", para o bar do aeroporto onde ele já era conhecido e foi recebido com muita alegria por todos. Pediu dois chopes e me apresentou aos que lá estavam dizendo que eu era um poeta mineiro e iria passar uns dias com ele para aprender sobre os costumes e o povo do seu estado, desta vez a coisa estava boa para mim, todo mundo achou natural eu e minha viola. Gostei do pessoal.
Terminamos o chope, nos despedimos do povo e entramos no seu carro. Gente o quê é isto, Um Maverick V8 Vermelho com estofamentos brancos de couro rodas, para choques e às vistas, todas elas cromadas, fiquei sem palavras, ele perguntou: - Gostou da máquina? Eu respondi atarantado: - claro, Dílson, mas esta joia deve valer uma fortuna! Ele riu e disse: - enjeitei quatrocentos mil esta semana, como tenho dois disse ao interessado que lhe venderia por seiscentos mil, ele ficou de pensar no assunto.
- Caramba tem bom gosto poeta, ele comentou como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo: - eu coleciono carros antigos, tenho Ford 29, Carmanguia, Gordiny, Impala, Galax, e outros, depois você vai ver tudo.
Acelerou o bichão e saiu sem muita pressa, parece que já sabia que todo mundo olhava aquela maravilha. Afastamos-nos do centro da cidade e ele parou numa casa grande com grades que se estendia por um quarteirão inteiro e um portão onde se via um guarda uniformizado com um escudo estampado na camisa lembrando os brasões ingleses.
O portão se abriu e ele parou o veículo perto da escadaria toda em mármore Carrara e um rapaz louro magrelo e ostentando o mesmo uniforme já nos cumprimentou e foi guardar o veículo. Dílson explicou que ele era o engenheiro mecânico que cuidava da sua frota de carros antigos.
Subimos a escadaria da imponente mansão que ocupava um terreno de pelo menos 5 equitares todo ajardinado e com lindos coqueiros um pomar de várias frutas formando sombras convidativas. A porta se abriu e uma linda mulher ainda jovem veio nos receber beijando o poeta ligeiramente nos lábios e depois me cumprimentou com alegria e demonstrando que eu era esperado e muito bem vindo.
Entramos na casa e fiquei de novo embabascado, um quadro de Renoir enorme mostrando um barco a velas enfeitava o salão da entrada e mais outros quadros de artistas expressivos e brasileiros que me deixaram feliz por ver que meu amigo valoriza a arte e as coisas da pátria.
Continua Dentro de dois dias. Galera.