946-FISHERMAN'S WHARF E GRANADA HOTEL - Viagem

FISHERMAN’S WHARF

18.07.1981 - SÁBADO

Saímos cedo do hotel, à procura de aventuras. Como se San Francisco fosse uma selva desconhecida. Desconhecida, sim, mas uma bela cidade, na opinião de alguns viajantes, uma das mais bonitas do mundo. Haviam recomendado um passeio ao velho cais , de frente para a baia.

Tomamos o breakfast numa lanchonete próxima ao hotel. E em seguida, tomamos o bondinho e fomos até Fisherman’s Wharf, local turístico mais freqüentado da cidade. A viagem de bondinho já é por si só uma aventura. O sobre e desce pelas ruas íngremes de San Francisco (algumas tem até cremalheira, que é um sistema de roda dentada no centro do bonde, acoplado a uma cremalheira instalada entre os trilhos. O condutor (motorneiro, no Brasil) faz um monólogo durante todo o percurso, contando piadas e curiosidades sobre o bonde e o percurso. É muito divertido.

O Firsherman’s Wharf é o antigo cais na Baia de San Francisco, desativado e transformado numa espécie de museu de barcos antigos. A manhã estava fresca, clara e o sol brilhava intensamente. Visitamos diversos barcos, os mais antigos, alguns com lendas ou história. Muito amplo, a área para caminhar é larga e sem árvores ou qualquer sombra; daí, sem a gente perceber,o sol queima implacavelmente e no final da tarde, tanto eu, que tenho a pele muito clara, quanto Enny, que é morena, ficamos queimados no rostos, braços e mãos. E nas orelhas, que arderam tremendamente à noite.

Encontramos diversos brasileiros, colegas de estudo no curso que freqüentaremos a partir do dia seguinte. E outros, residentes e turistas em S. Francisco. Almoçamos (muitos restaurantes e lanchonetes ao longo do cais) num pitoresco local à sombra. Voltamos ao entardecer, aproveitando o máximo o passeio.

THE GRANADA HOTEL

20.07.1981 2ª. feira

1ª. aula no ELS Curse – The Granada Hotel

Manhã clara, vento frio, mais propício a um passeio turístico do que a uma aula e inglês. Pontualmente às nove horas, lá estávamos, os alunos, e o professor Kevin Smith. Simpático e cordial, colocou-nos à vontade e, num inglês correto, perguntou-nos de nossas pretensões, de nossa origem, coisas assim.

Somos onze estudantes na classe mais adiantada do curso. Havíamos sido submetidos a um pequeno teste classificatório na 6ª. feira, e resultou que fui classificado na classe mais avançada (Enny ficou na 2ª. classe), cuja conclusão fornece um certificado de proeficiência em inglês, que possibilita o aluno ingressar nas universidades americanas. Muito importante.

Sou o aluno mais idoso da classe, entre jovens vindos de todas as partes do mundo: França (2), Espanha, Tailândia, Índia, Japão, Brasil (eu) e outros países orientais. A maioria é oriental.

Entramos firmes no estudo avançado tanto de gramática como na prática de conversação. Sou bom em vocabulário e gramática; minha pronunciação deixa a desejar e meu nível de compreensão oral (ouvir) é baixo.

Ao meio dia,após a aula, o prof. Kevin nos levou (eu e Enny) a ver o hotel para estudante em que seriamos alojados, de acordo com a compra do pacote que havíamos feito no Brasil.

Situado bem próximo do Cogswell College, é modesto, simples. Os quartos estavam ainda sendo arrumados, e parecia que tudo estava de perna pro ar. Vimos e não gostamos. Além do que deveríamos esperar até ás 15 horas, quando o quartos estariam em condições de serem usados. E teríamos de pagar uma nova diária no hotel em que estávamos hospedados pelo fim de semana.

Manifestamos nosso desagrado ao prof.. Kevin e então ele nos propôs visitarmos um hotel situado há duas quadras Dalí, que provavelmente deveria ter vagas.

Fomos ao Granada Hotel, bem situado numa esquina, de 12 andares, com impressionante (para nós, tudo era impressionante”) saguão de entrada. Havia uma vaga para casal, no 12º.andar. Bom apartamento, com amplas janelas para as duas ruas da esquina. Gostamos e resolvemos ficar.

Havia, entretanto, o problema do pagamento, pois o dinheiro para o hotel fora entregue ao escritório em Belo Horizonte, e eu não tinha o suficiente para pagar a primeira semana, antecipadamente, como era de praxe.

O gerente, muito cordialmente, concordou em esperar o pagamento, após a explicação minuciosa do prof. Kevin, que nos acompanhava. Perguntei se havia taxas extras pela espera e fui informado que não; o preço da diária era um pouco mais do que havia pago em BH. Nada que impossibilitasse nossa estadia. Havia a compensação de serem fornecidas três refeições ao dia, o que era muito conveniente para nós, que poderíamos almoçar tranquilamente e ainda descansar um pouquinho após o almoço, antes de voltarmos ao ELS.

O que só ficamos sabendo depois é que o Granada Hotel é um hotel para idosos. O que seria vantagem ou desvantagem? Vamos ver.

(Ver conto # 065-Os velhinhos do Hotel Granada – de 04.01.2001)

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 28 de Abril de 2016.

CONTO # 946 DA Série 1.OOO HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 23/01/2017
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