A BORBOLETA BRANCA

Hoje vinte e cinco de março do ano de nosso Senhor Jesus Cristo e mais dois mil às nove horas e quarenta e cinco minutos eu peguei da maquina para escrever, antes, porem eu quis tomar um cafezinho. Então eu peguei a garrafa e vi uma borboleta branca assentada como que estivesse se alimentando de alguma delicia na íngreme e acentuada superfície da garrafa de café. Então, eu falei com ela de um modo até por demasiado grosseiro já que borboletas não têm entendimento de gente, mas, eu falei com ela assim: sai daí borboleta aqui não te pertence, eu vou tomar o meu café agora não quero ninguém por perto me importunando. Eu passei a mão na beirada da garrafa ela saiu voando e assentou-se na superfície da prateleira onde eu sempre guardava a garrafa. Então eu peguei dos materiais e comecei a escrever, mas como marinheiro de primeira viagem “das primeiras viagens” para o meu caso, porque já faz uma semana que eu tenho essa máquina; mas infelizmente como que naufragando ainda cometendo muitos erros de grafia, e até o horário que eu descrevi não está correto, pois na verdade são horas da noite.

Hoje vinte e seis de março de dois mil já são oito horas e quatorze minutos da noite, agora sem a presença da borboleta, mas com a garrafa de café por perto eu recomeço minhas atividades estudantis. Cuja matéria tem como tema a nossa amiga borboleta. Não sei muito sobre as borboletas através da ciência, mas, sei que elas gostam do ar livre para veranear e sair em busca de seu alimento. Pousando de flor em flor e com sua longa tromba ela coleta o doce mel. E com esta dádiva da mãe natureza “naturaleza” como dizem os espanhóis, ela sacia a sua fome e põe seus ovos enquanto passa o verão. Sua prole não nasce borboletas, mas sim lagartas que saem ainda mais famintas cortando mil e uma folhas enquanto cresce e se transforma indo parar dentro de um casulo. Agora no eclodir da crisálida o céu se enfeita de borboletas das mais variadas cores agitando suas belas asas dando um gracioso espetáculo. Mas não é só de elogios que vivem as borboletas, assim como os humanos os insetos também tem seu lado ruim; imaginem se as lagartas baixarem suas tesouras numa lavoura de soja que prejuízo enorme terá o agricultor?São nove horas e oito minutos da noite eu ainda tenho muito que falar das borboletas e muito tenho também a aprender no ofício de datilógrafo. Ficam aqui minhas considerações finais que se o inocente inseto é alvo de tão severas críticas que julgamento não terá o homem que faz mal ao seu próximo?

Hoje dia primeiro de abril de dois mil são vinte e duas horas e vinte e dois minutos, pego de novo dos materiais para dar continuidade na minha particular tarefa de aprender datilografia, aprendizado este autodidata, mas vou dar uma paradinha agora para comer um feijão com arroz e voltarei daqui a pouco com toda gama e entusiasmo e tratarei do tema em pauta como eu dizia que muito tinha que dizer das borboletas. Lembro-me agora do tempo da infância quando a gente brincava com borboletas, às vezes a gente pegava uma peneira e saía à caça das inocentinhas lepidópteras, a gente jogava a peneira em cima delas sem ao menos imaginar que poderia estar sacrificando as coitadinhas. Enquanto elas se esquivavam para se livrarem do cruel castigo que mais parecia um verdadeiro holocausto o algoz moleque se divertia jubiloso por tal façanha. Lembro-me também da memorável borboleta 88, assim chamada por ter em suas cores um desenho que imitava este numero.

Houve também uma crendice entre o povo daquela época inspirada na figura desta borboleta. Alguém divagava de uma maneira, outros tinham outras superstições, porem alguns até mesmo vaticinavam alguma novidade para o então longínquo ano de mil novecentos e oitenta e oito. Assim como o povo era passivo da influencia ambiental eu aqui agora nesta minha ocupação voluntaria faço um balanço do meu trabalho, pois, se estou a fim de progredir nos meus labores devo eu também deixar me afetar pelos produtos dos esforços já empregados. Se eu errava mesmo que inconscientemente em agredir a natureza quando criança, reconheço também os muitos erros ainda presentes no meu trabalho como aprendiz de datilografo.