MENINA CABEÇA-DE-VENTO

O derradeiro amor sucumbiu lá pelo norte dos Crachás, pelo que desde que a menina deixou de olhar rostos, as máscaras que outrora os envolviam, despiram-se em sorrisos. Ela viu as almas daqueles andantes, e viu a cor que cada uma delas tinha.

A menina cabeça-de-vento aprendera a ser mais maleável, a sonhar em demasia, mas jamais abandonar suas realidades. Aprendera a brincar com o vento, olhar os céus, contemplar as estrelas e se sentir a pessoa mais feliz por aquele privilégio.

Sentiu o cheiro da simplicidade e se apaixonou... Ensaiou passos em danças, torceu algumas vezes o tornozelo, mas logo depois levantava-se e jogava seus cabelos por entre aquelas canções que a divertia.

Percebi seus olhos de fada, notei uma mudança extrema naquele olhar outrora assustados com o mundo que a concebeu.

Ela é amante das aventuras, apreciadora das doçuras que poucos se atrevem experienciar.

Dona do mundo inteiro, se pudesse abraçá-lo num bocado só, com certeza o faria.

Uns a chamam de simplória, outros de metafórica demais, porém eu a chamo-na de menina cabeça-de-vento. A moça que me ensinou a sorrir das loucuras e a não reprimir seus próprios sentidos. Ela é amiga do vento, das brisas, da graça de viver. Me ensinou e me ensina a receber de bom grado tudo o que a vida quer nos presentear, seja bom ou nem tanto assim.