Instinto de sobrevivência (Aventura na zona rural)

Quando eu tinha uns 12 anos, passei por um pesadelo em pleno estado de vigília. Fui, junto com a família, passar um fim de semana na fazenda do padrinho de uma das minhas irmãs.

Como é bastante sabido, na zona rural as pessoas acordam cedo. Apesar de não passar de uma criança, eu também segui esse costume. Era manhã de sábado, pois havíamos chegado lá na sexta.

Vi uma turma entrando pelo curral e fui junto, para saber para onde estavam indo. Eles andaram rápido. Fiquei para trás. Naquele momento a casa dos bovinos estava desocupada, pois um peão havia levado o gado para pastar.

Porém, antes de alcançar o pessoal, vi diante de mim três touros enfurecidos, numa posição que parecia estratégica (se é que os touros são capazes disso): Um ao meio, na mesma direção em que eu estava; outro à esquerda, formando um ângulo de mais ou menos 45 graus; e o terceiro, à direita, em ângulo semelhante ao da esquerda.

Senti-me perdido. Não lembro se pedi a Deus que me salvasse daquele perigoso ataque. Mas, como se a adrenalina fosse um milagroso hormônio, eu me voltei para o lado de onde viera: a porta do curral. Eu, uma criança, numa situação que seria desafiadora para qualquer adulto.

O meu trabalho, para sobreviver, consistia em alcançar a cancela, passar por ela e fechá-la antes que os enormes touros passassem.

Nem preciso dizer que consegui, a menos que fosse um psicógrafo que estivesse escrevendo estas palavras (rsrsrsrsrs).

Por essa e outras, acredito nas palavras do Papa Francisco, quando diz que só morremos quando chega o dia. Digo isso porque aconteceram mais duas aventuras em que fui salvo como que por milagre¹. Mas isso já é assunto para outros textos.

(¹) Milagre (do latim miracvlvm) é algo a ser mirado, admirado. Bem diferente do grego Dynamos, algo portentoso, que exige muita força para ser realizado (uma força além da capacidade humana).