MANHÃ EM PRAIA
Amanhecia numa sexta-feira do mês de outubro. O sol forte madrugueiro que desperta mesmo os mais dorminhocos entranhava pelas frestas da cortina do quarto. Querendo e não querendo, espreguiçando e forçando mais um pouco a dormida, ficava Belinha na cama de travesseiro no rosto resistindo para de fato não acordar.
A cama foi esquentando, a consciência pesando, decidiu levantar.
Abriu a janela e o sol avançou dentro do quarto trazendo o vento fresco da praia que já estava há muito tempo no seu trabalho diário.
Arrumou-se, tomou um cafezinho e se enfeitou para uma caminhada batizada pela o dia que sem pedir licença já avançou casa adentro.
Chinelo no pé chegou à praia. Muitas pessoas já se encontravam nos seus exercícios matutinos.
Andando, alcançou a areia da praia. Na sua caminhada sentia o mar lambendo seus pés. Em cada passo desenhado vinha a onda que lambia desfazendo o desenho marcado.
Outro passo, outro desenho, outra lambida, outro desenho. A maré estava alta.
Alcançou um toco que foi de uma árvore que foi cortada e dava bem para sentar. Ali se acomodou e ficou a admirar o sol que proporcionava brilhos de pedras de diamante em cima do mar.
Avistou vários barcos de pescas balançando em repouso após pescaria noturna.
Um avião cortou o céu e com seu barulho foi sumindo até desaparecer.
A cidade em volta espreguiçava junto com seus moradores.
O encontro da areia com o mar, do mar com o céu, da areia com a terra, da terra com a calçada, do homem com a poluição.
Não era preciso pensar em mais nada. Só admirar e agradecer.
Não entrou para o banho de mar nesse dia, aproveitou o momento, consciência tranquila, retornou.