O DIA QUE PEGUEI UM RUELO

Autor: José Gomes Paes

Em: 10/09/2016

Ultimamente, todos os anos, vou a Urucará na Festa do Divino Espírito Santo, são 10 dias de festas muito animada, com a participação de todas as comunidades da cidade e de cidades vizinhas, como: São Sebastião, Urucurituba, Itapiranga, Silves e Maués, todos dias tem atividades em beneficio da festa, geralmente chego nos últimos dias sexta, sábado e domingo.

Sempre arrumo um jeito de ir, sinto saudade dos amigos, parentes e da cidade, minha terra “mater”. Lembro muito, quando ainda menino, o que mais gostava era de pescar e pegava muitos peixes, a mais pura emoção que você sente na fisgada do peixe, correndo de um lado para outro, tenteando o caniço a linha para o peixe não sacar, principalmente quando se trata de um peixe médio ou grande, que você não esperava que ele viesse beliscar na pescaria de linha de pacu, por exemplo, é muita emoção.

Quando vou, ligo logo para os meus primos que moram lá, peço que preparem os caniços, as linhas, o rabeta, a canoa, para irmos pescar. Tenho 03 primos que são “expert” na pescaria do pacu e sardinha. Temos os primos Baixote, Toinho e Mauricio que comandam as pescarias quando vou por lá.

Ano passado quando fui a Festa do Divino, fomos pescar eu, Baixote e o Toinho, pescaria de pacu e de caniço, na beira do Lago Miuá (estava lá o lago imponente e belo, doces lembranças), com isca de marabá, uma frutinha bem pequeninha que na época esta caindo e os pacus comem. Fomos em duas canoas, o Toinho foi em uma canoa e eu e o Baixote em outra, o Baixote me colocou na proa para pescar dizendo:

- Passa pra proa primo, você não pesca a tempo quero vê se você é bom mesmo de pescaria como fala?

- Deixa comigo primo, não vou decepcioná-lo.

Passei pra proa e fomos abeirando as bordas do lago que ainda estava cheio e algumas arvores estavam no fundo, ficando só a guia de fora. Peguei o caniço e o Baixote iscou o marabá no anzol, sacudi em direção de um lugar limpo bem próximo a uma marabazeira cheia de frutinhas, na primeira jogada quando o anzol foi sentando, começou a beliscar e puxar a linha, fisguei, daí o peixe começou a puxar e levar a canoa, vimos que não se tratava de um pacu e sim de um peixe de maior tamanho, deduzimos se tratar de um Tambaqui de uns 50cm mais ou menos que aqui chamamos de Ruelo, pois os Tambaquis também gostam dessa frutinha. E era mesmo um Ruelo, saiu levando a canoa para o maio do lago e eu tenteando para não sacar, pois o anzol que usamos é sem gancho fabricado de forma artezanal, próprio para pegar pacu, também à linha era fina para suportar tanta força do peixe, então o jeito foi tentear para não sacar e cansar o peixe até colocar na canoa, e foi isso que aconteceu, conseguimos pegar o peixe. Uma grande emoção que eu senti.

Continuamos a pescaria e pegamos em torno de uma 40 pacus e mais o Ruelo. O Toinho também pegou em torno de 50 Pacus. Os pequeninhos soltamos para crescer. Os Pacus são peixes saborosos, principalmente assado na brasa, come-se também frito e na caldeirada, salmorado também é excelente. Já o Tambaqui é o peixe nobre do Amazonas, também pode ser saboreado da mesma forma do pacu, sempre com farinha do arini e tucupi.

Não filmei nem bati foto, pois o meu celular descarregou, mas podem perguntar aos meus primos Baixote e Toinho, que hão de confirmar essa experiência maravilhosa de ter puxado um Ruelo na linha de Pacu.

Também provar ao Baixote que ainda sou bom de pescaria.

Espero ter a sorte de pegar outro Ruelo no próximo ano na Festa do Divino em Maio.

FIM

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 10/09/2016
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