Regresso (reeditado)

Jonas, o moço que com 22 anos, há exatamente um ano e meio deixou o Brasil, época em que formou em administração com louvor, por sinal de uma inteligência extrema, mas infelizmente mais um dos brasileiros que dizem detestar o Brasil, país sem perspectivas, viver aqui não dá, atraso de ideologias, de tudo em fim! Continuando os insatisfeitos: --- pra viver tem que ser em Londres, Estados Unidos, Paris, Berlim etc. etc... Jonas era um destes jovens insatisfeitos com seu país, inscreveu-se para trabalhar numa firma no estrangeiro, foi aceito e feliz da vida preparava para deixar o Brasil, seu Pai, Sr. Joaquim possuía uma pequena fazenda, intercedeu na esperança de que o filho desistisse:

--- Filho, não precisa deixar nosso país, se você não quiser ficar na fazenda, pode arranjar um emprego aqui mesmo no Brasil, alguns de seus tios são empresários na cidade, já manifestaram suas vontades de ter você trabalhando com eles, já que reconhecem seu valor!

Eu, sua mãe e seus irmãos ficaremos felizes se desistires desta aventura!

--- Aventura, meu pai!... jamais deixarei escapar uma oportunidade desta, onde eu vou é primeiro mundo! povos diferentes lá sim me sentirei bem, aqui não, detesto aqui, respondeu Jonas um pouco exaltado.

--- Jonas, Jonas não devemos cuspir no prato que comemos!... responde Sr. Joaquim já meio enfezado também, não era um pai que engolia as coisas facilmente.

No outro dia, Jonas partiu contrariado, sem despedir dos familiares, no avião estava mais tranqüilo, nos seus pensamentos desabafava entre si, serei rico, poderoso eles vão ver!

Então um ano e meio se passou, Jonas já tinha passado por muitas experiências naquele país de primeiro mundo que tinha escolhido para viver e arrumar sua vida. Experiências trágicas! Num breve momento livre escrevia uma carta para sua família aqui no Brasil, começava assim:

--- Pai, estou regressando para a minha terra querida, só agora reconheci como é querido o meu Brasil, daqui a um mês vence o meu contrato de trabalho, retornarei definitivo para nossa terra. Pai, assim que cheguei aqui neste primeiro mundo em que ansiava tanto, as decepções começaram, era tudo diferente, não via aquela espontaneidade em cada rosto, aquele carinho que dei conta que recebia em cada olhar, em cada palavra, nos gestos quando estava aí em minha terra, pra complicar ainda mais, sofri um atentado de um grupo radicalista que denominava odiar os imigrantes,principalmente negros, mestiços ou alguns tipos de estrangeiros, eu na minha característica de raça, desta mistura tão peculiar dos brasileiros, que agora me orgulho tanto, fui vítima, quase morri , fiquei muitas semanas internado, mas agora estou bem, não escrevi relatando o acontecimento na época para não preocupá-los, agora estou realmente curado, meu arrependimento é grande quando penso que saí daí contrariado e nem me despedi de vocês, fale para a mamãe que não a esqueço e nunca vou esquecer das suas mãos de fada, não só no carinho dispensado em cada filho, mas também em tudo que uma mãe primorosa deve ter, cada vez que lembro do arroz com feijão temperados de maneira espetacular também a carne, salada, doces caseiros, café da manhã com bolos variados, queijos, meu Deus! Como esquecer?

Até estes alimentos eu desprezava, fui punido porque aqui eu sentia e sinto falta imensa desses alimentos tipicamente naturais, quando estou acordado relembro extasiado dos sabores, muitas e muitas vezes sonho que estou novamente de posse dessas iguarias, exclusivamente aí do Brasil!

Pensa que não me lembro, meu Pai, das tuas palavras:

---Não devemos cuspir no prato em que comemos!

Elas me martelam continuamente na minha mente, porque é como que estivesse pisando na minha felicidade que estava à minha disposição, ah! Meu Pai, na sua sabedoria sei que sabes quantos brasileiros fazem isto, querias me alertar, quantos brasileiros precisariam passar como eu passei para que ajudem nossa pátria a ser cada vez mais maravilhosa, para mim acho que vai dar tempo, mas para outros!...

História fictícia, mas aí eu fico pensando:

Nossa! E se neste instante, em algum lugar tiver um irmão brasileiro, não podendo mas querendo regressar?!...