Banho de prima
Sem ser autor ou protagonista da história, delicio-me, nada obstante, em rememorá-la. Foi um César o autor da façanha. Pivete ainda, imaginando fantasia tão linda, escondeu-se debaixo da cama pra espiar o banho de bacia da prima Luzia.
O ângulo não era dos mais favoráveis, mas qualquer nesga de cenário, valia como vitória sobre o calvário. E, mal a prima entrou no quarto, seu coração disparou. Infarto? Por pouco não o levou. E do doce pecado do olhar, pouco ou nada provou. Boca seca amargou, que quase se denunciou. Mas, mais por medo duma veemente represália, o sacrifício agüentou. Enquanto a suprema delícia diante de si, impunemente, desfilou.
Décadas depois, confuso, arrependido pela violação de intimidade, César, com muito custo, soltou a língua. Queria mesmo era ver soltas as pernas inertes presas à cadeira-de-rodas...para estar longe da forçada confrontação.
Hesitante e magoada, a prima concedeu o perdão - quiçá, mais em virtude de sua condição. Homem, nem hímen, prestam não...Vivem gerando - e errando - confusão. Pior ainda, confissão...
Ou seria, quiçá, um sinal de reprovação amarga da perda irremediável da oportunidade de teste à sua fogosa castidade…?