ESTRANHA VOCAÇÃO - PARTE l

Pedrinho levantou-se cedo, tomou seu café e disse para sua mãe,

- Mãe, prepara uma matula para mim que vou caçar,

- Mas outra vez vai se enfiar naquele mato sozinho? Já pedi para não fazer isto, é perigoso, filho! Você ainda é pequeno, só tem treze anos!

- Mãe não vou só, Deus está sempre comigo, também vou levar o Negão e o Crioulo, eles são de confiança!

Dito isto pegou a matula, com a comida e água, chamou os dois cachorros grandes que criava desde pequenos; eram seus companheiros inseparáveis, quer no trabalho ou no lazer. Saiu pelos fundos da casa e seguiu em direção da mata que fica no pé da montanha e tinha muitas grotas, onde se criavam muitos animais como jaós, jacus, pacas, tatus, cotias, queixadas e até onças. Era o lugar que Pedrinho colocava suas arapucas e armadilhas que aprendera a fazer com Zé Bento, um preto velho que havia morado muitos anos na fazenda de seu pai, trabalhando em serviços gerais, até que morreu de velho. Como seu pai não gostava de caçar e seus irmãos eram pequenos, ia sempre só, acompanhado dos cães.

Certo dia trouxe uma fêmea de tatu galinha e seis filhotes para seus irmãos brincarem, foi uma festa para o pequenos; ficaram com eles até no dia seguinte, depois os soltaram no pomar.

Esta era a vida de Pedrinho, durante a semana escola cedo, à tarde ajudava o pai nos serviços da fazenda e nos finais de semana caçar!

Certo sábado, ao chegar do mato, falou para seu pai,

- Pai matei aquela onça que andava comendo bezerros por aqui. O pai zangado, respondeu,

- Falei para você não se arriscar, estas onças são perigosas, podem te atacar de surpresa!

- Foi o negão que pegou a batida dela, ai o Crioulo foi junto e acuaram ela, que subiu num jatobá, ai não teve jeito, tive que atirar, se tirasse os cachorros, o que seria muito difícil a onça poderia vir atrás de nós e nos atacar. Vamos tirar o couro dela?

- Vamos chamar o compadre Antonio, ela também comia bezerros dele. Dito isto arreou o cavalo e foi chamar o compadre.

Pouco tempo depois, voltaram, seu pai o compadre e seu filho, para irem tirar o couro da onça.

Lá chegando, ficaram admirados com o tamanho da parda, não era à toa que pegava os bezerros e levava para a mata.

Os anos foram passando, Pedrinho cresceu, foi convocado para servir o exército, sua mãe chorou muito, mas seu pai a consolou, seu filho estava virando homem, e seria só por um ano!

Todos os meses escrevia para seus pais, estava muito bem adaptado à vida no quartel, os oficiais e colegas gostavam muito dele, sempre alegre e bem disposto a cumprir as tarefas.

Quando estava terminando seu período, veio visitar seus pais e disse que o sargento ofereceu a ele uma vaga para seguir carreira no exército, e queria opinião deles. Seus pais ficariam tristes por ficar longe dele, mas se era a sua vontade, que assim fosse. Que seguisse seu destino.

Pedrinho foi transferido para um quartel maior, num batalhão motorizado, onde iria se especializar melhor.

Mauri Candido
Enviado por Mauri Candido em 07/11/2015
Código do texto: T5441287
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.