Um Dia a Mais no Front
Já era tarde quando acordara de um sono desperto, Alexei apenas olhou pela janela viu o clarão do dia e virou-se para outro lado. Havia duas semanas que estava na cama enquanto a cidade em que morava Leningrado ardia em chamas, vindo de tanques alemães que invadia a cidade. Alexei era apenas um civil que tinha perdido a família inteira e recusava-se a sair da cidade onde morava. Sua família fora atingida por um disparo de morteiro enquanto era servido o jantar, Alexei o único sobrevivente escapara por que participava do esquadrão especial para retirar a neve da cidade. Depois daquele dia nunca mais fora o mesmo, não queria mais passar um dia vivo, permaneceu no mesmo apartamento isolado e taciturno. A cidade estava em pânico e todos iam embora ou refugiava-se em estações de metrôs ou em bunkers,mas não Alexei ele ficou na cidade permanecendo no velho apartamento que era da família Bonikov. Dias de bombardeios se passaram e nenhuma bala sequer o atingia, por algum milagre ele ainda estava vivo em meio ao cenário de guerra.
Todos os dias Alexei ouvia os tiroteios da janela do terceiro andar de seu apartamento, ele só estava sobrevivendo enquanto esperava a morte chegar, passou dias deitado na cama sem coragem para nada aguardando o seu fim, Alexei não via mais sentido em viver com a ausência da sua família, apesar de tudo gostava ainda de viver, gostava de lembrar de seus parentes mortos e era muito covarde de tirar a sua vida com as próprias mãos. Decidiu então provar o milagre que estava vivo e fazer alguma coisa de útil em sua vida miserável. Optou por lutar estaria fazendo um favor para ele mesmo por deixar esse mundo e um bem para sua nação. Levantou-se de sua velha cama colocou o uniforme que havia sido do seu tio Semion Bonikov e foi para o campo de batalha. Alistou-se na primeira lista de recrutamento que havia 226ª companhia de infantaria a que ficaria responsável por impedir o avanço dos blindados ao front.
Alexei estava eufórico e ao mesmo tempo decepcionado, estava animado que aos 19 anos estaria na frente de batalha, no entanto estava determinado a perder a sua vida, pois não via mais sentido em está vivo. No dia 24 de julho de 1943, Alexei chega ao campo de batalha. Quando dar o primeiro passo no campo sente a sua garganta secar, suas pernas fraquejam e seus nervos fervem a mil por hora, pela primeira vez Alexei sente que aquela não era a sua hora de morrer. Corre desesperado pelo campo sem armamento, pois o único rifle era dividido com outro soldado, lhe restando apenas munição. Seus equipamentos havia sido de um soldado morto, incluindo calçados e vestimentas, tudo que havia sido dado a ele estava em condições deplorável.
Depois de correr quase a dois quilômetros e ter escapado do exercito inimigo, Alexei esconde-se na mata entre as árvores, passa a noite na floresta tentando se aquecer como pode do frio impetuoso que atingia toda a União Soviética. Alexei lutava bravamente, não contra seus inimigos, mas para sobreviver mais um dia naquele inferno. Dentro de sua mente percorria as lembranças de seus amigos e familiares e a vontade de viver um outro dia, de conhecer o que não conhecia o mantinha vivo. Alexei conseguiu viver até o outro dia, caminhou pela floresta vazia e temerosa sem nenhum sinal nem do seu batalhão e nem do exercito nazista. Quando acidentalmente Alexei pisa em uma mina, cortando e dilacerando as suas duas pernas. Ele perdera as suas duas pernas e sozinho tentava sobreviver naquela floresta inóspita. Alexei desmaiou quando sentiu a explosão, quando acordara e não viu suas pernas entrou em desespero, conseguiu estancar o sangue, esquentando uma faca para conter o sangramento. Ele ficou três dias perdidos na floresta, sobrevivendo, comendo frutos e raízes do chão até que alguém o encontrou e o enviou ao oficial.
Quando Alexei chegou foi mandado de imediato ao hospital da cidade de Leningrado e lá internato, lutando noite e dia para viver, teimando em morrer ele continuou vivo. Depois de ser removido para Moscou, ele recebeu um tratamento melhor até que o risco de morte acabasse. Alexei sobreviveu apenas por acreditar que a vida pode se tornar melhor do que é e por temer tanto a sua morte.