878-UMA CAVERNA MISTERIOSA - Aventura - SMP- 5º

O SEGREDO DA MINA DE PRATA

cAP. 5 - Uma caverna Misteriosa

Chegamos ao pé de uma frondosa candiroba, onde o cavalo parou.

— Entre por aqui. — Ordenou vovô, indicando um caminho rústico que adentrava pela mata.

— A charrete não passa — eu disse. —É melhor a gente ir a pé.

— Passa sim. Logo mais, depois daquelas moitas de capim, tem uma picada larga.

Vencidos os quarenta ou cinqüenta metros entre árvores cujos galhos baixos dificultavam a passagem, apareceu uma picada larga, de fácil trânsito para a charrete. Quando chegamos ao pé do morro, vovô determinou, mostrando conhecimento do local:

— Desatrele o Campeão, deixa pastando por aí — E indicou um lugar para encostar a charrete.

Descemos. Era uma clareira no mato, que cercava completamente a área, por todos os lados. Um lugar totalmente escondido.

—O que você vai ver, ninguém viu, além de mim. — ele disse. — Vai conhecer a parte mais importante da fazenda.

Notei que falava com orgulho, como se ali, no meio do mato, tivesse um palácio ou um algo de fantástico, que nem se podia imaginar.

Olhei ao redor e para o morro. Vovô deve estar caducando, pensei. Só tem capim barba de bode e o morro é pelado. Não vejo nada de diferente.

Segui o velho, que se dirigiu com determinação para a borda da clareira, sombreada por altas árvores, cobertas por cipós e trepadeiras. Tudo muito selvagem. Eu apostaria que ninguém jamais teria estado no local. O caminho que ele fazia só era conhecido dele, pois nada havia que sinalizasse passagem de gente, de gado ou de bicho. Os galhos arranhavam meu corpo e meus braços que ergui à altura do rosto, para me proteger.

Por uns duzentos metros, andamos naquele emaranhado de galhos, lianas e arbustos. Quando ele parou, cheguei ao seu lado. Vovô apontava para uma parte escura na mata cerrada.

—É aqui! — disse.

O que parecia ser um lugar sombrio era a boca de uma gruta. Adentramos alguns metros e o cheiro característico de umidade chegou-me às narinas. Entendi que era uma caverna bem profunda.

Vovô, sempre com passos largos, pegou algo no chão. Era um pau na ponta do qual estavam enrolados panos e material inflamável. Sacou de seu isqueiro no bolsinho da calça e ateou fogo. A tocha cresceu em luz e foi até onde era possível.

—Deixo essa tocha prá não trazer uma nova toda vez que venho aqui.

Como eu titubeasse, ele me animou, dizendo:

—Não tenha medo, a caverna é plana e larga. Só que pinga um pouco d’água pelas paredes.

Caminhando na frente, portando a tocha, vovô foi entrando. Contei as passadas, por mania profissional, a fim de calcular a distância. Duzentos passos em frente, uma virada de leve para a esquerda, mais trezentos passos, e desembocamos numa área maior, da qual saiam três outros túneis.

— Isto não é uma caverna natural. São túneis construídos por gente! — exclamei.

— Sim. Estas escavações são de há muito tempo. Estavam aqui quando comecei a desmatar partes da fazenda. Nunca ouvi ninguém falar desta caverna. E eu mesmo nunca falei pra ninguém. Além de mim, você é a única pessoa que entrou aqui, depois que descobri esta escavação.

—Mas... o que tem aí dentro? — perguntei

— Você vai ver. Vamos.

Seguiu com determinação pelo túnel da esquerda. Era mais estreito, com altura de pouco mais de metro e oitenta, dando apenas para uma passar uma pessoa de porte médio. Tive de me abaixar para não bater a cabeça na parte superior. A tocha era levada à frente, para não bater na parte superior do corredor.

Vi alguns brilhos nas paredes, acima da cabeça de vovô.

—Tem metal aqui. — eu disse.

—Sim. E da melhor qualidade. — Vovô respondeu, a voz ecoando pelas profundezas da caverna.

De repente, vovô parou. Novamente, estávamos numa área maior do que o estreito corredor. Vovô levantou a tocha e passou-a rente à parte superior. Faíscas brilharam por toda a extensão iluminada.

— Pare um pouco a tocha. Quero ver que metal é este.

— Não precisa, já lhe digo: é prata.

ANTONIO ROQUE GOBBO - argobbo@yahoo.com.br

Belo Horizonte, 16 de dezembro de 2014.

Conto $ 878 da SÉRIE 1.OOO HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 18/09/2015
Reeditado em 23/09/2015
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