Eu era criança

Eu era criança!

Nair começou a contar uma história com tanto encanto que os meus olhos brilharam.

Ela pegou a minha mão e falou: - Vem comigo! Eu vou te mostrar o meu mundo de criança. E foi assim que nós rolamos no tempo e voltamos a ser crianças novamente.

Olhamos um quadro lindo na parede do tempo, onde tinha uma casa de madeira com uma chaminé soltando fumaça e ela gritou: - Minha avó está lá! Entramos correndo pelo quintal da casa. Ela segurava a minha mão e falava: - Vem comigo! Eu quero que você conheça a minha avó.

Entramos correndo pela porta e logo avistei uma senhora cozinhando no fogão a lenha. Nair se aproximou dela e falou: Vo vo vo vó! Nair segurava no vestido dela e falava como se fosse gaga. – Vo vo vo vó Rosenda!

- Nair! Você trouxe um amiguinho de longe para me conhecer! A vovó estava com saudades de você! Em seguida a vovó pegou Nair no colo e elas se abraçaram com amor.

- Agora desce do colo da vovó e vai buscar um pouco de lenha! Leva o seu amiguinho para te ajudar!

Nair chamou a irmã Antonieta e entramos no mato para pegar lenha, enquanto juntávamos as lenhas, Nair e a irmã se encantavam com a beleza e o canto lindo dos pássaros, elas os protegiam para que fossem sempre livres, assim poderiam voar nas árvores, cantar e encantar a vida.

Trouxemos a lenha da mata arrastando pelo quintal da casa da vovó rosenda, passamos pelo meio das galinhas e paramos para puxar água do poço porque estávamos com sede. O balde subiu balançando e vazando gotas de água que faziam um barulho inesquecível no momento em que caiam e batiam no fundo do poço. Pluf! Plof! Plofff! Aquele barulho gostoso de gotas caindo deixavam a água do poço muito mais saborosa.

-Hummmmmmmmm! Água geladinha direto do poço é muito gostosa!

Ouvimos a Vovó Rosenda chamar: - Crianças! Veem comer que a comida está quentinha!

Corremos para a mesa e comemos até não aguentar mais. A comida da vovó estava saborosa, tinha nela algum tempero especial que a deixava muito mais gostosa, então Nair perguntou: - Vovó! A gente pode lamber o prato?

- Lógico que pode menina!

Lambi o prato e descobri o segredo delicioso da comida da Vovó. Ela temperava a comida com carinho e muito, muito, muito, muito amor.

Cansados e alimentados ficamos com sono.

A Vovó varria o chão de terra da casa levantando poeira e falou uma frase que eu nunca mais esqueci: “A gente precisa entender as coisas”

Deitamos no colchão de palha feito pela mãe da Nair e ouvindo o barulhinho das palhas estalando fomos levados para longe num sonho.

O tempo correu feito um louco, mas não conseguiu tirar aquele quadro lindo da parede da nossa memória. Quando sinto saudades olho no quadro e vejo a casa da Vovó, a chaminé soltando fumaça e o quintal cheio de animais. Lembrar-me dessa história é tão doce quanto chupar uma bala de mel.

Nair era uma criança esperta! Um dia ela viu um rato na casa e tentou acertar ele com uma vara, mas o rato esperto fugiu. Então ela arrumou um gato, mas o gato tinha medo do rato e fugiu para o mato. O cachorro correu atrás do gato que subiu em uma árvore, então ela subiu para pegar o gato e salvar ele do cachorro.

O tempo passou e nada mudou, mesmo estando hoje com 83 anos Nair ainda continua sendo uma menina muito feliz.

Paulo Ribeiro de Alvarenga

Criador de vaga-lumes

Iluminando Pensamentos

VruuummmmZuuummmm...

Criador de vaga lumes
Enviado por Criador de vaga lumes em 20/07/2015
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