Noites de ócio
Finalmente chegara o final de semana, os únicos dias em que eu poderia realmente viver. Aqueles cinco dias não tinham sido fáceis, tentava me distrair com música e bebidas, só que de nada adiantava; naquele mesmo local todos esses dias, já fazia parte da mobília, exceto quando estava naquela droga de empresa. O inverno tinha me prendido em casa, estava congelante lá fora, mas era muito melhor que ficar preso no trabalho, lá, minha única liberdade eram viagens sem sair do lugar, planos mentais e divagações, meio que uma fuga da realidade, ou apenas sonhando acordado, como um homem que pensa na sua amada. Adorava todas as formas de ócio, sim, todas as formas, porque o ócio físico e mental são diferentes, é possível estar com o corpo ocupado e a mente vaga, ou o contrário; diriam os orientais que esse ócio mental é o estado búdico de vazio, mas até então não tinha funcionado para mim, acredito que ainda não tivesse virado buda, pois experimentava todos os sofrimentos.