O Candogueiro
Foi numa tarde de Verão (ou calor para muitos), num dia qualquer, que o meu vizinho, aquele mesmo da rua de frente o chamado João das Canecas. Que muitos diziam não fazer nada na vida, bem... Nada!? Não é bem assim... Passava a vida a encher a cara, quero é mesmo dizer que passava a vida a embriagar-se. João das Canecas, famoso pelo nada que fazia, tanto que sua esposa o abandonara. Pois bem! Vamos ao assunto que nos interessa, é que nesta tarde verão de um dia qualquer, como já vos tivera dito, João decide por fim a vida de desempregado (de cunanga), mas também como chamar desemprego a alguém que nunca trabalhou na vida, que nunca fez nada de produtivo profissionalmente!?
Seu curriculum repleto de falsas experiências de trabalho, até para o Presidente da República ele disse que já tivera trabalhado, e olha que dos 40 anos já tinha avançado. Vizinho Mateus o então compadre, padrinho de uma de suas filhas, preocupado com a situação do amigo, embora já lhe tivera feito várias propostas de trabalho mas sem sucesso, desta vez acertou na mosca como se diz na gíria. É que o candongueiro encaixava - se perfeitamente ao tipo de trabalho que João das Canecas gostava, sem patrão, entra e sai à hora que quiser e para completar algumas canecas enquanto trabalhara.
Hora bem! Agora irei contar o que realmente aconteceu naquela tarde de verão de um dia qualquer, tive eu o azar de subir no seu candongueiro para uma viagem tão pouco longa, na verdade com a pressa já nem reparei que o motorista (o condutor) era o famoso João das Canecas, o meu vizinho aquele da rua de frente, a quem diziam nada fazer, hora essa! Desta vez fez e fez até demais... Juro mesmo, se o tivesse visto preferiria ir a pé ou adiar meu encontro com aquele damo. Até hoje, daquele dia não me esqueço, me arrependo com tudo em mim, mais ainda, é o vizinho Mateus que de tanto insistir, o compadre a trabalhar acabou tendo o maior dos prejuízos, seu candongueiro igual uma lata amassada ficou. O bafômetro este queimou de tanto álcool que exalou da baforada de das Canecas.
João das Canecas o velho maluco, quase me matou. As cartas de condução de mil novecentos e wawe... Nunca foi a escola até isso falsificou, era um risco aquele candongueiro nas vias e nem irei falar da linguagem de sinais, pois isso era impossível saber, para alguém que sua profissão era nada fazer, começar a fazer alguma coisa de repente com certeza não sairia bem. Pena ele ter escolhido justo o candongueiro do compadre Mateus para provar seu profissionalismo em não saber fazer nada. Hã... Falta uma coisa que não contei, foi por causa daquele damo que ele quase me matou.