Percalços para o Paraíso

No Ponto a espera do ônibus, aquele martírio, mais de cinquenta minutos nada do ônibus, os dois que passaram não pararam no ponto, passaram pela outra via retado.

- Boa tarde, moça – Digo educadamente, ás vezes parece ofensivo, queria pedir uma informação.

- Boa tarde – Ela responde gentilmente, ainda existem pessoas assim.

- Passa ônibus aqui para se chegar ao Paraíso – Perguntei

- È melhor você pegar outro ônibus e saltar bem lá na frete, o ônibus do Paraíso não gosta de parar aqui.

Ela foi até legal, dando umas dicas de como chegar mais rápido.

- olhe! este aí serve ela apontou, agradeci e pequei o tal ônibus. Pensei: que merda a “moça” se enganou, este ônibus é do Inferno, cheio pra porra, o troco me deram tudo em moedas e algumas caíram da minha mão, uma dificuldade do cacete para catar do chão deixei umas duas pra lá, uma mulher enorme e pesada carregava uma sacola idêntica a ela, querendo passar por mim, se pisa em meu pé no mínimo fraturava meu dedo mindinho.

No fundo do Bus-infernal uns “jovens Diabinhos” faziam uma bagunça desgraçada, cantavam alto, batiam palmas, xingavam, riam das pessoas, gritavam...alias falando em gritos, tinha uma “moça” que parecia que não estava em um ônibus e sim em um motel pelo tanto que gritava aquela criatura, se você fechasse os olhos se sentia em um, sem faltar o pessoal do celular falando alto: não estou te ouvindo, a ligação esta ruim, fale alto merda.... Ah! Não posso esquecer, tinha um negão (sem racismo viu?) no corredor do ônibus sem camisa mostrando seus dotes físico avantajado de bermuda AMARELA (tô aqui), com aquelas caixinhas USB ligada, o “cantor” dizia: Vou empurrar, vou empurrar, vou empurrar, melodia digna dos aplausos de Caetano Veloso e Chico Buarque (Meu rei esta musica me tocou profundamente, sei lá, não sei).

Um rapaz franzino se comparado ao corpo do negão, levantou para descer com a namorada, uma morena bem feita de corpo com um short AMARELO curtinho, o negão deu umas olhada e deve ter pensado: Minha cor. E a musiquinha continuava a tocar – Vou empurrar, vou empurrar...ele ensaiou até uma dancinha, o rapaz escondeu a namorada como pôde ao passar pelo dançarino viajante, se arriscando a ser encostado por ele e por aquilo. E eu desci no outro ponto para pegar outro ônibus. Ufa graças a DEUS.

Pensei, peguei outro ônibus, este está bem melhor, menos cheio, conseguir até ir sentado...carracas, me enganei: O ônibus ia rápido demais subindo nos quebra-molas e descendo nos buracos, tirando as pessoas dos assento e as que estavam em pé também só faltou aquela refrão: Sai do chão, sai do chão...pois cada lombada era uma nova emoção, Huuurrrrruuuu!

Um homem ao meu lado comentou olhando para mim, vendo o meu desespero a cada lombada:

- Pra quem sofre de hemorroidas, hem? - Ele disse

- É verdade – eu concordo com ele, sorrir timidamente, mais eu não tenho para ficar bem claro isso.

- E se tiver diarreia então, se caga todo – Ele fala, nós rimos e todos ao lado também. Para finalizar estou ouvindo: Fiuuuu, fiu, fiuuuu, fio to fio, fiuuuuu toda hora, olhei para os lados, quem é que tanto assobiava? Procurei, não era a porra do zap zap no celular do rapaz que acabou de sentar ao meu lado, que coisa mais chata, fiu, fiu fiuuuu de novo, não sei como ela conseguia escrever no celular com aquele sobe e desce miserável do ônibus, estou ficando velho viu. pensei irritado.

Miau, miau aiiiisssszzzz! - Um gato miava no meu bolso, era o toque sacana do meu celular, quem colocou este toque. Deixa pra lá.

Alguém me dizia que estava tudo certo para chegar ao Paraíso.

Enfim embarquei rumo ao Paraíso.

R. Ornelas

Roberto Ornelas
Enviado por Roberto Ornelas em 26/03/2015
Código do texto: T5183659
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