O Escorpião Dourado. Parte 4

_Corre turma! Vamos embora daqui!

Por toda a parte andavam escorpiões amarelos. Com as puãs armadas como se fossem nos picar a qualquer instante. Saímos correndo dali e dando safanões fomos deixando os escorpiões pra trás. Cada um se livrou do escorpião como pode e por incrível que possa parecer eles não nos picaram. Chegamos a conclusão de que eles eram mansos afinal ninguém foi picado.

_Eles foram colocados ali pra espantar qualquer um que queira roubar aquele escorpião. Esta seita é doida. Eles são capazes de tudo. - Falou o Tadeu.

_E eu que enfrentei eles sozinha. Que perigo! E se eles me pegam ali espionando? - Falei.

_Esteja certa de que não iam te dar mole. - Disse a Catarina.

_Gente, vejam isto. - Disse o nanico do Maneco e nos mostrou uma porta feita recentemente de madeira , dentro da caverna.

_Que legal! Isto não estava aqui quando a gente tava preso daquela vez! Disse a Lucinha.

_Claro que não! Foi feita recentemente. Como será que abre esta porta? - Perguntou a Diva

_Será que tem controle pra ela também? Perguntou o Pedrinho.

_Não tá vendo a fechadura seu tapado? Eles devem ter as chaves. - Falou a Catarina

_Tapado é Você. Sua idiota.

_Calma gente! Não vamos brigar agora né? - Falou sabiamente o Tadeu.

Eu fiquei quieta uns instantes pensando e só então olhando pro lugar onde estava o controle antes, vi uma coisa brilhar. E exclamei:

_Olha, lá em cima _ e apontei – Alguma coisa brilhando lá em cima. Deve ser a chave.

_É mesmo. Vamos tentar pegá-la. - Disse o Pedrinho.

E outra vez o Maneco subiu nas costas do Tadeu e pegou o objeto. Era um chaveiro em forma de uma miniatura de escorpião dourado. A chave era comum. Abrimos a porta e nos deparamos com livros. Muitos livros. Todos deviam falar da seita religiosa. Isto nõs sabíamos porque tinha escorpiões desenhados nas capas. Mas não poderíamos ler porque estavam escritos em uma linguagem estranha. Acho que era Chinês. Só havia um caderno que tinha uma lista de nomes em português cada nome era ladeado por palavras na mesma língua também. O primeiro nome da lista nos surpreendeu. Estava riscado e era o nome do professor de inglês: Eleotério Viéis. Ele não estivera ali na reunião. Se estivesse eu teria reconhecido ele. Os outros nomes também não significavam nada pra nós. Colocamos tudo de volta no lugar e voltamos pra casa. Tínhamos tarefas de casa pra cumprir. Amanhã voltaríamos e quem sabe descobriríamos mais alguma coisa.

Catarina escorregou em alguma coisa ao descermos a montanha da luz. Era um paelzinho de chicletes importados. Ninguém costuma ir a montanha da luz entre os jovens da cidade. Ela é por demais perigosa por favorecer deslisamentos, e por isso achamos estranho aquele papel ali.

A terça feira amanheceu chuvosa. As primeiras aulas foram de química. O Bóris pediu emprestada a aula de Religião pra dar a matéria que não deu ontem e juntou as duas aulas logo na entrada. Alguma coisa no Bóris me chamou a atenção. Eu não sabia o que era. Quanto mais eu olhava pra ele mais me parecia que ele era uma pista ambulante. Cochichei pro Tadeu do meu lado e ele me disse que era a minha imaginação. O Bóris continuava o mesmo de sempre.

Depois, no recreio, a Bolota mastigava sem parar aquele chiclete de sempre que eu não suporto o cheiro. E o pior é que a menina estava me seguindo. Nos juntamos e começamos a falar em código pra ela não entender.

_Com boi na linha é mais difícil – Disse o Pedrinho

_Mas dá pra passa a senha. - disse o Tadeu

_Tá. Então vamos lá. O ninho esta esperando com a ninhada. - disse Catarina

_Ah! Entendi. Como passar pelos frangos?

_Passando, eles não bicam mesmo! Disse Catarina

_E se a galinha chegar? Perguntou o Maneco.

_Sei lá ai fica difícil a raiz quadrado do sistema é a seguinte: 6 – 13 = 7 então o resultado é menos 7

_Ai é sujeira. Podia ser 0 - disse a Diva

_Se a gente eliminar os sete fica mano a mano. - Sugeriu a Lucinha

_Mas como? A matéria é difícil pra caramba. O professor não vai facilitar. Disse Maneco

_É ele vai pegar a gente e ai será nota zero. E pluft Adeus farra dos amigos. Respondeu Lucinha.

A Bolota pareceu fundir a cuca depois que o Tadeu perguntou pra ela se ela sabia a resposta do teorema em questão. A menina saiu correndo dali e não voltou mais. A gente riu bastante mas continuamos a falar em código por via das dúvidas.

_A reunião fica estipulada pras 14 horas no ninho do nanico. Entenderam? - Perguntou o Pedrinho.

_Sim – Respondemos em coro. E fomos cada um pra sua sala. No final da aula voltamos pra casa e aguardamos a hora da reunião.

As 14 horas estávamos em frente a casa do Maneco e assim que chegaram todos, entramos. A mãe dele nos serviu suco geladinho e a gente rumou pro quarto dele. Demos a desculpa que viemos fazer um trabalho. Lá pudemos falar sem receio. Eu falei primeiro

_ Gente, a coisa tá ficando séria. Essa gente não é brincadeira não. É melhor a gente esquecer tudo isto.

_De jeito nenhum, sua covardona. A gente vai nessa até o fim. Saí de casa disposta a resolver esta história e vai ser assim. Se alguém quiser me acompanhar diga agora.

Todos levantaram o dedo e então a Catarina continuou;

Bom já que estão todos dispostos a seguir adiante, vamos lá. O Bóris saiu da escola por volta das 9:20 e não foi mais visto. Pode estar no covil do escorpião. É melhor a gente não ir pra lá hoje. Vamos combinar esperar na frente da escola? Eu acho que eles vão entrar por lá hoje.

_Combinado _ disse o Tadeu – E todos balançaram a cabeça em corcordância.

_Vamos nos prevenir. Levar um lanchinho pro caso de ter que esperar. _ Continuou o Tadeu.

De repente eu dei um grito estranho e sentei dizendo: É isso, o chiclete. O Bóris estava mascando chicletes. Ele não está meio crescidinho pra mascar chicletes?

_E daí? O que é que tem isso Debby? - Perguntou o Maneco, que nunca entende nada de primeira.

_ E daí também quiseram saber os outros.

Eu Expliquei:

_O Bóris estava mascando chiclete na aula. Ele vive mascando os chicletes. Mas a Bolota também estava mascando o mesmo chiclete no recreio. Não é o mesmo chiclete importado que eu odeio? O daquele papelzinho que quase fez a Catarina se esborrachar lá na montanha da Luz?

_Sei, mas se o chiclete é importado não tem por aqui. Só o Bóris consegue dele. Disse o Tadeu.

_ É isso ai gente. O que tem naquele chiclete? Sim porque pra fazer um homem sério e conservador feito o Bóris mascar chicletes é preciso ter alguma diferença. Afirmei.

_Será? _ Alguns indagaram

_Eu aposto que esse chiclete tem um efeito especial. Vamos perguntar pra Bolota?

_Melhor não – Disse a Catarina. _ E se ela der com a língua nos dentes outra vez.

_Credo morro de medo. Agora eu acho que eles vão nos jogariam dentro do ninho dos escorpiões. Não quero ficar trancada lá. Bastou uns minutos pra eles virem pra cima da gente. Falei.

_ Por que será que eles não atacam os homens. Tadeu divagou.

_ É. Estranho mesmo. Alguma coisa eles fazem.

_Já sei! Debby, voce reparou se algum daqueles homens na caverna estava mascando chicletes? - Perguntou a Lucinha.

_Não reparei. Tava com tanto medo.

_Vamos reparar de agora em diante se a gente vê mais alguém chupando chicletes. Disse a Lucinha

_Vou tentar conseguir um deles pra gente saber o sabor. - Disse o Maneco

_ O que me preocupa não é o sabor do chiclete mas sim o que ele faz com a gente. Falou o Tadeu.

Era muita informação pra minha cabeça e eu eu fiquei pensativa durante alguns minutos. Queria saber como os escorpiões não atacavam eles? Porque a explosão? Onde estava o Professor de inglês? O que aqueles homens queriam em conjunto? Porque o Prof. Pardal deu a Bolota aqueles chicletes. Será que ele deu mesmo? Aquele escorpião caríssimo viera de onde? Quem pagou pra fazer aquilo?

Continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 06/03/2015
Reeditado em 10/03/2015
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