O Escorpião Dourado. Parte 3
Num sei não. Tava escuro. - disse o Maneco.
_ Mas era ele mesmo e até as roupas são as mesmas. Disse a Catarina.
Diva que está sempre calada desta vez disse em tom sério:
_ Gente, esse homem mora em frente a minha casa. Ontem havia um movimento estranho lá. Entrou alguém lá e eu podia jurar que era o Bóris. Mas lá de casa não dá pra ver direito.
_Mas tá cheirando a Bóris.- Disse a Lucinha.
_Concordo com a Lucinha – Falei.
O jornal tava recheado de coisas sanguinolentas e eu já ia jogá-lo fora quando a Catarina falou:
_O que é isso ai atrás?
Era um anúncio que dizia assim: "Procura-se sócio para pesquisa científica graduada sobre Viagem no tempo"
_Não é nada, gente. É uma bobagem. Disse o Maneco
_Nada disso. Bobagen coisa nenhuma. Onde já se viu um anúncio aqui nesta cidade dizendo uma coisa dessas? Quem colocaria uma anúncio assim? - Perguntou o Tadeu
_Esquisito é. Mas não relevante pra nós agora. O importante é saber o que nós vamos fazer agora.
Mas o Tadeu continuou achando que aquele anúncio significava alguma coisa.
Diva levou a gente até a casa dela e de lá pudemos ver a casa do tal professor de inglês. A mulher dele estava em casa mas não aparecia na janela. Então resolvemos procurá-la pra ver o que ela sabia. Sem levantar suspeitas, resolvemos sondar a mulher devagar e sem alarde. Jogamos a bola no quintal dela.
_(palmas) Oh de casa!
_Sim – A mulher abriu a janela. - O que desejam?
_Nossa bola caiu no seu quintal. Podemos pegá-la? Disse o Tadeu
_Claro crianças! Entrem, não querem um pouco de água ou suco? Eu estava indo fazer um lanche. - E abriu a porta para nós.
Entramos e ela nos serviu suco de frutas geladinho com bolo de cenoura. A Catarina teve que ser freada pois é a mais gulosa. O Pedrinho deu um futucão nela que já ia para o terceiro pedaço.
_A senhora mora aqui a muito tempo?
_Não meu filho, viemos pra cá na semana passada. Meu marido veio pra dar aulas na escola e desapareceu. - E começou a chorar.
_Não fique triste. Ele vai aparecer. A senhora vai ver. - Falou Catarina.
_É, ele vai aparecer. A senhora tem um coração muito bom. Deus vai ajudar. A senhora não tem nenhuma pista de onde ele possa ter ido? Perguntou o Tadeu.
_ Não. Ele saiu ontem a noite com o professor da escola e depois sumiu. O professor falou pra polícia que não sabe dele. Ele tinha tantos sonhos. Pensava em fazer pesquisa científica, sabem? Sniff!!! Ele é tão inteligente! Tinha um dinheiro guardado e ia investir na pesquisa.
_A senhora sabe quem ia fazer a pesquisa com ele?
_Achava que era o tal professor que saiu com ele ontem, mas ele negou. Disse que não sabia nada disso.
_Como a senhora se chama?
_ Eliana. Para servi-los. Apareçam outro dia pra me visitar. Hoje eu estou muito triste e é hora de irem pra casa.
Pegamos a bola e saimos de lá com a certeza de que foi o Bóris quem sumiu com o Eleotério. A gente estava "Fuçando" demais e o Bóris ia saber. Decidimos que era melhor a gente dá um tempo e observar tudo a nossa volta com cautela.
A aula de química foi adiada pois o laboratório estava com problemas. Soubemos pela coordenadora. Mas não havia nada de errado com o laboratório. Não fora ali a explosão. Pelo menos não exatamente ali pois estava tudo intacto. O Bóris não estava na escola. Fora visitar um amigo.
As outras aulas subiram para que a gente saísse mais cedo. Na hora do recreio as crianças do ensino fundamental estavam agitadas. A Bolota nos seguia por toda a parte e assim evitamos conversar sobre o Bóris. No final da aula saímos e combinamos nos encontrar na caverna da montanha da luz. Claro que escrevemos um bilhete e passamos de mão em mão para que a bolota não soubesse o nosso plano e seguimos cada um pra sua casa.
Fui a primeira a chegar na caverna e fiquei do lado de fora esperando. A caminhada foi muito cansativa, por isso sentei-me encostando no barranco e fiquei esperando os outros. Acho que cochilei mas um barulho me chamou a tenção dentro da caverna e eu pensei que alguém tinha chegado primeiro. Entrei na caverna e vi uma passagem secreta, que antes a gente não tinha visto, aberta. Ouvi vozes vindas de dentro. Não ousei entrar pois fiquei com medo. Procurei a maneira de abrir e fechar aquela passagem e encontrei uma pintura rupreste na parede. Muito falsa por sinal, a pintura indicava uma escada e um homenzinho descendo. A direção da escada indicava a porta da caverna. Entrei na passagem e fiquei no primeiro degrau tentando ouvir a conversa que se desenrolava la embaixo. De repente a passagem fechou. Eu quase desmaiei de susto.Estava presa e no escuro. Não sabia como iluminar o ambiente. Desci os degraus sem fazer barulho bem devagar. A medida que descia, meus ouvidos conseguiam ouvir melhor a conversa que se desenrolava.
Um homem com a voz bem familiar gritava bem alto umas palavras em uma língua que eu não sabia falar. Ele gritava e os outros respondiam palavras tão estranhas que nem sei reproduzir.
Eram treze homens ao todo contando com o chefão. Vestiam roupas esquisitas que tinha o desenho de um escorpião amarelo nas costas. Estavam em círculo e no centro do círculo estava um grande escorpião dourado. Os olhos do escorpião eram de uma cor vermelha. Pareciam dois rubis. Ele estava dentro de uma redoma de vidro sobre uma mesa de pedra redonda que parecia feita da propria rocha local. Era como se ela tivesse sido entalhada ali no chão. Aquilo me deu arrepios. Euzinha ali no escuro, vendo a sala iluminada adiante, com malucos. Eu tinha que sair dali. Não queria nem pensar no que eles fariam comigo se me vissem ali. Quase entrei em dezespero. Só não entrei porque uma voz do meio disse a lguém :
_Abre a porta logo!
E em seguida, ouvi a porta se abrindo lá em cima com um barulho de pedra se arrastando. Aproveitei o barulho pra começar a subir. Só não subi correndo para não fazer barulho e por causa da dificuldade devido a escurião. Mas para mim eles estavam bem atrás de mim. Cheguei lá em cima e corri pra me esconder em um canto mais escuro da caverna. Engano meu. Eles ainda demoraram um pouco pra sair. Os Nazistas sairam de lá e fecharam a porta. Eles tinham um controle na mão. O colocaram em cima de uma pedra bem alta e sairam pra fora da caverna . Eles estavam sem as roupas esquisitas . Acho que era uma espécie de jaleco colocado por cima da roupa. Comecei a chorar de nervosa. Eu não reconheci nenhum deles mas a voz do homem que estava de costas pra mim era familiar. Quando eles desceram o morro, demorou mais de meia hora até meus colegas chegarem. Vieram juntos. Esqueci que tínhamos combinado de nos encontrar na frente do mercado e seguir juntos para a montanha. Eles ficaram me esperando até desistir de esperar.
Quando eles chegaram corri até eles e a gente riu da minha confusão. Contei pra eles o que eu tinha presenciado. Eles disseram que não haviam encontrado os homens na descida.Tentamos pegar o controle mas ele não estava a nosso alcance. O maneco, que era o mais nanico subiu nas costas do Tadeu e pegou o controle. Abrimos a porta e descemos a escada. A Catarina como sempre foi a primeira a descer apesar dos desastres ela ainda era a mais corajosa.
Lá estava o escorpiãozão no meio da sala. Agora ela parecia mais inofensivo mas na hora ele parecia que estava mais vivo. Deu até medo. O Tadeu chegou bem perto do bico e falou
_Gente, esse inseto gigante é de ouro e os olhos são rubis de verdade!
_Será!!! Exclamos juntos.
_Sim, dá pra ver que alguém tentou fazer o teste do outo e arranhou aqui do lado. Vejam não tem diferença entre o detalho do arranhão e o resto dele. Deve valer uma nota preta.
_Nossa mãe do céu! É por isso que eles querem a gente longe deles. O aviso do escorpião!!
_E por falar em escorpião, Onde será que eles criam esses bichos? Insistiu o Maneco curioso. E foi aí que a gente ouviu um grito da Catarina de horror:
_AAAAAAIIII!!!! Tem um escorpião na minha perna!!! Socorro!
_Eu também tenho um aqui!!! - disse o Tadeu
_Eu também!! disse a Lucinha.
E então olhei pro chão e vi que ele estava cheio de escorpiões pra todo o lado...
Continua...