O Escorpião Dourado.

Tudo começou com um estrondo muito grande na rua da escola. Parecia que era uma bomba e a turma ficou agitada como não ficava a muito tempo. Logo a energia elétrica acabou para confirmar as suspeitas do professor de Língua Portuguesa de que seria um transformador. Os lap tops da turma se apagaram e a gente, que ultimamente estuda por eles, ficou ociosa sem nada pra fazer da aula. O Professor sentiu logo a necessidade de improvisar uma tentativa de calar os alunos que, alvoroçados, começaram a tagarelar infinitamente.

A idéia veio de uma tentativa da gente de tentar advinhar que barulho fora aquele e o que estava acontecendo. O professor decidiu que deveríamos fazer uma redação contando de forma bem criativa o que estava acontecendo de acordo com nossa imaginação. Não era em grupo e assim o silêncio reinou na sala de aula. Reinou mais ainda depois que o professor disse que daria cinco pontos pra melhor redação e três para as outras que tivessem mais de cinquenta linhas. Eu e a Lucinha somos as melhores alunas da sala. Sempre tiramos a melhor nota em redação, e dividíamos com os outros nosso talento, mas diante da promessa de ter dois pontos a mais, não queríamos ser copiadas.

Escrevi uma história sobre um avião que teria caído do céu. Floreei bastante e dei um final muito legal para a minha história. Lucinha escreveu sobre um caminhão que teria batido em um poste. Floreou bastante e deu um toque especial no final da história. As outras histórias se basearam em alguma coisa parecida com a nossa. Mas a história vencedora veio de onde a gente nem imaginava. O André, um nanico que era o mais quietinho de todos os meninos, escreveu uma história sobre um disco voador. Esse menino vive no mundo da lua. Acho que agora descobrimos qual é a dele. Ele descreveu direitinho os detalhes de um disco voador imaginário e as pessoas na rua, a confusão e o barulho ensurdecedor, que a professora teve que admitir que a história dele foi a melhor. Mas para não haver dúvidas ela pediu para serem votadas as melhores histórias sem ninguém saber quem escreveu. Tenho que confessar que até eu votei na história dele. Foi quase unanimidade.

Quanto o sinal bateu a gente já tinha votado e os pontos já tinham sido dados. Saímos para a rua, e curiosos, tentamos saber o que havia acontecido. Por incrível que possa parecer, não havia nada de errado na rua. Nenhum transformador havia explodido e ninguém havia ouvido nada. Eu como sempre, sai na companhia de Lucinha, Tadeu, Diva, Pedrinho, Maneco e Catarina. Essa turma ja aprontou muitas aventuras juntos. A última ainda cheirava o ar de encrenca. Levamos um castigo danado mas conseguimos realizar a proeza de encontrar uma caverna no Monte da Luz. A tal caverna era um esconderijo de piratas antigamente, e tinha muitos "tesouros escondidos" segundo as lendas inventadas pelos moradores antigos. Encontramos a caverna, mas a única coisa que conseguimos foi quebrar o braço da Lucinha e dar um susto danado em nossos pais que não sabiam onde estávamos. Houve um deslisamento de terra e ficamos presos na caverna por três dias, sem levar água e nem comida. Ainda bem que encontramos uma nascente no fundo da caverna e comemos uns frutos esquisitos que tinha num arbusto perto da nascente. Depois minha mãe disse que eles se chamam de murtinha. Havia um pequeno buraco sobre o arbusto. E se aumentássemos o buraco corríamos o risco de ficar soterrados para sempre e mesmo que tivessemos coragem, não tínhamos com o que cavar. Acabamos cavando com o fêmur de um esqueleto(que batizamos de Capitão Azarão") mais a frente da nascente, e conseguimos sair de lá bem na frente de uns bombeiros que estavam nos procurando.

Agora estávamos de frente com outro mistério. Que barulho seria este? A rua estava bem calma. Os postes estavam no lugar. O transformador estava intácto e até com aquela manchinha que fizeram nele aquela vez que ele pifou. Havia luz por toda a parte e até na escola também havia. As luzes do pátio estavam acesas e o turno da noite estaria com as tarefas on line garantidas. Eram 17 e trinta horas. No entanto a turma toda ouviu a explosão. E enquanto discutíamos, a Bolota, uma aluna do segundo ano veio perguntar de que explosão estávamos falando e então percebemos através das perguntas dela que ninguém mais ouviu a explosão. Só a nossa turma. Ficamos encafifados mas o mistério iria continuar por que a gente não sabia nem por onde começar a procurar. Combinamos que voltaríamos a noite pra investigar. Mas havia um problema: Estávamos de castigo ainda e ninguém poderia sair de casa a noite. O Pedrinho, no entanto, não havia castigo que o prendesse, e portanto ele iria tentar entender o mistério. No dia seguinte nos contaria o que descobriu. Isto é o que ficara decidido entre nós mas esta turma é mesmo muito teimosa. E as 11 horas da noite o Pedrinho estava amoitado em um banco de cimento próximo da escola quando de repente levou um grande susto.

_Aaaaaiiiii !!!! O que é isso? Uma mão passou diante dele para tentar acordá-lo. Era eu que fugi de casa na calada da noite. Fui "dormir cedo" e pulei a janela do meu quarto que é no térreo e não é muito alta, portanto.

_ Credo menino! Deixa de ser assustado! Sou eu, uai!

_Ai, um dia voce me mata do coração, sua doida! Será que dá pra avisar quando vai aparecer no escuro antes, Déby?

_Nossa, que medroso! Essa vai para os escritos do Tadeu.

_Só se você contar.

_Claro que eu vou contar! AHAHAH!!!

_Poxa, só me assustei com vc. Não tava te esperando. E tava distraído. Olha só o que eu descobri. - Mas na mesma hora quem se assustou fui eu. A turma apareceu do nada e deu um gritinho assustador, do tipo gemido, bem atrás da gente. La estavam o Tadeu, a Catarina, o Maneco, e a Lucinha. Vieram juntos, em bando, como se fossem aves de rapina. Ai que susto. O Pedrinho levantou e eu, que estava de cócoras, cai pra trás. Vieram todos vestidos de preto.

_Kkkkkk, de onde vocês sairam? - Perguntei de pois de passado o susto inicial.

_Kkk, de casa ora bolas! - Responderam quase em coro.

_Como conseguiram? - Perguntamos em coro eu e o Pedrinho.

_Minha mãe tomou remédio pra dormir - Respondeu Lucinha

_ Meu pai saiu de casa e minha mãe cochilou no sofá. - Disse o Tadeu

A Diva apenas deu de ombros

_ A empregada foi embora mais cedo e recomendou pra eu ir direto pra cama - Disse a Catarina – Os pais dela vivem viajando e nunca estão em casa quando ela mais precisa.

_KKKKKKKK - Rimos todos da Catarina que fazia gestos imitando a empregada.

O Maneco era outro que não devia satisfação a ninguém. Morava com um tio que não tava nem aí pra ele. Sabia que ninguém estava procurando por ele.

_Silêncio gente! Desse jeito vão estragar o nosso disfarce! Olhem pra escola!

_O que você tá vendo Pedrinho? Eu não to vendo nada. - Falou o Tadeu.

_A escola já está no escuro. _ Falou a Catarina

_Mas não totalmente! - Disse Pedrinho

_Onde você tá vendo luz aí, menino? - Resmungou o Maneco

_Vejam bem gente. Lá atrás da escola tem luz sim. Eu acho que é no laboratório.

A escola tinha um muro muito alto em volta e atrás dela tinha um prédio alto. Não dava pra gente ver de que ponto vinha aquela luz. Será que alguém esqueceu a luz do laboratório acesa?

_Eu fiquei aqui vigiando desde as cinco horas da tarde. Não fui embora como vocês. O Bóris não saiu. - Disse o Pedrinho.

_E o que aquele próf Pardal está fazendo lá dentro até agora? - perguntou a Lucinha

_Ele é tão esquisito! - Exclamou a Catarina

_Parece um ET. - disse o Maneco

_Um bruxo isso é que sim! - Exclamou a Lucinha.

O Tadeu ficou em silêncio só fazendo anotações.

De repente o Pedrinho fez:

_Psssitt!!!!

Continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 03/03/2015
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