O Renascimento
Leonardo acordou de repente com enxaquecas, sonhando ter morrido n’um combate, em um lugar nebuloso, de pouca claridade, tomado por escuridão, quente e de certa forma aconchegante. Por razão desconhecida, trajava vestes militares, um gibão de couro, cota de malha e uma espada com uma cruz incrustada no pomo. Estava em um povoado, vazio por sinal, caminhando errantemente. A infindável rua de pedras irregulares levava a lugar nenhum, e Leonardo permaneceu andando por minutos até, finalmente, ver uma pessoa. Era um mercante, vendia frutas e legumes. Leonardo se aproximou e perguntou: “Onde encontro meu caminho?”, para qual o mercante respondeu: “há uma Virgem lá em cima, naquele grande rochedo. Veja bem, ela é cercada por anjos, portanto deve saber qual seu caminho”. O errante rapaz agradeceu, olhou para o grande rochedo de onde, do topo, emanava uma luz atípica; e se pôs a andar.
Chegando lá em cima, Leonardo se deparou com a Virgem, que trajava uma capa azul presa por um broche de quartzo fumê por cima da roupa. Ela estava ali, um pouco longe, ao lado de duas pequenas crianças angelicais de aparente semelhança, e uma rapazola que lhe olhava nos olhos e apontava para a Virgem, como se o único ali a não saber o que acontecia fosse Leonardo. Ele, então se aproximou da moça de azul e se ajoelhou, pois sentiu que era necessário. Então perguntou: “qual o meu caminho?”, para qual a Virgem respondeu: “dê-me sua espada e pegue uma das penas caídas das asas dos anjos”. Ele o fez, e a mulher de azul lhe disse: “com esta pena irá escrever” e entregando-lhe um pincel, complementou: “e com isto irá pintar. E com ambos você trará a luz para o mundo em trevas e desconhecimento”. E Leonardo, em duvida, disse a ela que não entendia, e então ela fez luz emanar na ponta de seu dedo indicador e lhe tocou na testa, de forma que a tríade estava feita e Leonardo entendera o seu caminho. Ele sabia. Ele iria mudar o mundo.
“Siga a luz, jovem Leonardo. Este é o teu caminho” disse a Virgem, e ele o fez. O que antes era escuridão, tornou-se claridade, e o que era silêncio foi irrompido por um agudo choro de criança. A parteira olhou para Caterina, a mãe, e lhe perguntou: “qual o nome teu filho terá?”, para qual a mãe respondeu: “Leonardo. Leonardo Da Vinci”.