573-HOTEL ARQUEIRO VERDE-Adaptação de HQ

Aventura DE ARQUEIRO VERDE E RICARDITO

Conto-Adaptação de Histórias em quadrinhos

01 - Um hotel na fímbria do deserto

O moderno edifício era uma esplêndida homenagem ao famoso Arqueiro Verde, um monumento em concreto que glorificava os seus feitos de defensor da lei e da ordem. Mas seus corredores e os seus quartos se encheram subitamente de perigo e de morte quando ali se instalou um famoso pistoleiro.

Certa noite, alguns dias antes da inauguração do Hotel Arqueiro Verde, após uma intensa atividade contra o crime, Arqueiro Verde e Ricardito conversavam sobre o convite feito pelo construtor do hotel.

— Foi muita bondade dele dar o meu nome ao hotel e oferecer toda a renda do primeiro dia às instituições de caridade, diz Arqueiro Verde. — Mas nós estamos empenhados nesta caçada do “Pistoleiro Mascarado” e nosso dever é para com o povo.

— Sim, concorda Ricardito. — Será uma grande desilusão para o Sr. Mathews. Ele contava como certa a nossa presença na inauguração do hotel.

— Vou telefonar-lhe e apresentar minhas desculpas, diz Arqueiro Verde.

Ao receber a notícia, o proprietário do Hotel não se conformou.

— Mas eu construí o Hotel Arqueiro Verde justamente para demonstrar o meu reconhecimento por ter salvo minha vida! — diz o Sr. Mathews. — Você TEM de vir à inauguração, amanhã à noite!

— Não é possível, senhor Mathews, diz Arqueiro Verde ao telefone. — Estou perseguindo um dos piores criminosos de todos os tempos! Logo que o prender, iremos fazer-lhe uma vista. Prometo!

No Hotel, grande foi o desapontamento do gerente, quando o proprietário Mathews Barry comunicou-lhe a impossibilidade de ter a presença da dupla de justiceiro na festa de inauguração.

— Que pena, diz o gerente, Wilson Manger. — A festa não terá o mesmo brilho sem os dois. Será um fracasso!

— Talvez não, Wilson, respondeu Mr. Mathews. — O Arqueiro Verde não dá descanso a esses bandidos. Talvez ele consiga chegar a tempo.

2-Perseguição ao “Pistoleiro Mascarado’

No dia seguinte, quando a dupla de arqueiros mascarados, em suas vestes inconfundí-veis, — Arqueiro Verde com jaqueta e calção verdes, Ricardito também trajando jaqueta e calção justos, mas na cor vermelha — elegantes bonés com penas ondulantes, máscaras nos rostos e arcos em punho, passavam no famoso Carro-Flecha, pelo centro comercial, deparam-se com uma ação inusitada. Saltando do carro, Ricardito exclama:

— Aquele policial estava certo, Arqueiro! Olha só quem está correndo entre os transeuntes: o “Pistoleiro Mascarado”!.

— Temos que ir atrás dele, mas sem usarmos armas, gritou o Arqueiro Verde, correndo atrás do bandido. — Não podemos por em risco a vida dos transeuntes.

O bandido conseguiu entrar no carro que o esperava, com o cúmplice na direção. Dirigiram-se para o Aeroporto, e foram seguidos por Arqueiro Verde e Ricardito.

— Ele já no nos viu, Arqueiro. E vai tentar pular aquele muro...para dentro do aeroporto.

— Atrás dele, Ricardito! Mas, cuidado! O homem é um perigoso pistoleiro, tem boa pontaria.

O bandido, que também usava uma máscara negra cobrindo o rosto, pulou com agilidade o muro que dava acesso às pistas do aeroporto. Arqueiro Verde, na pressa, deixou sua aljava cair.

— Raios! Minha aljava caiu! — gritou para Ricardito.

— Não se preocupe, Arqueiro! Deixa o mascarado por minha conta. Ele não escapará!

Mas o bandido pulou o muro com agilidade, e, abrigado, fez diversos disparos contra a dupla de arqueiros.

A figura de Ricardito apareceu por sobre o muro. Esticou o arco, com a flecha mirando o bandido, que, ainda correndo, disparou um tiro certeiro, atingindo o arco de Ricardito.

— Há!Ha!Ha! — gargalhou o Pistoleiro Mascarado. — Agora você indefeso, Arqueiro Verde. Sem o seu arco, você não é ninguém.

Ricardito, escondendo-se atrás do muro, pensou, intrigado:

Ora essa! Ele me confundiu com o Arqueiro Verde. Porque será?

A caçada continuou. O Pistoleiro Mascarado correu na direção de um pequeno avião monomotor, onde outro cúmplice o esperava, o motor já aquecido, a hélice girando, pronto para partir.

— Se ele conseguir alcançar aquele avião, não o apanharemos mais, Arqueiro, gritou Ricardito.

O Mascarado subiu célere a pequena escada do avião. Mas o Arqueiro Verde já de posse de seu estojo de flechas, empunhando o arco, disparou uma seta na direção do bandido.

A flecha atingiu a barra da calça do bandido, um pouco acima do tornozelo, prendendo-o à porta aberta do avião. Ele tentou desesperadamente libertar-se e a calça rasgou-se subitamente. Com o esforço, o bandido bateu com o tornozelo na porta do aparelho.

— Conseguiu libertar-se! — gritou Ricardito.

— Sim, mas deu uma forte pancada com o tornozelo na porta do aparelho. Deve ter se machucado bastante.

Em seqüência, ainda ferido, o Bandido Mascarado conseguiu entrar no avião e fechar a porta. O Piloto manobrou rapidamente o aparelho, que decolou graciosamente, quando Arqueiro Verde e Ricardito chegaram a poucos metros de distância.

— Conseguiu fugir..., lamentou-se Ricardito. — E continuamos sem saber quem é este Pistoleiro Mascarado.

— Não fique aborrecido nem desanimado, disse o Arqueiro Verde. — Aquele tornozelo ferido nos fornecerá uma pista para o encontrarmos. O tornozelo vai inchar, deverá ser tratado, enfaixado. Alcem disso, agora sabemos que o Pistoleiro Mascarado é daltônico.

— Daltônico? — surpreendeu-se Ricardito. — Como você descobriu?

— Ele me confundiu com você, quando atingiu seu arco naquele muro. Pensou que você era eu. Não foi capaz de distinguir as cores de nossos uniformes.

3 - Perseguição aérea

Arqueiro Verde e Ricardito correram para o Carro-Flecha.

— Vamos tirar nosso avião do hangar, Ricardito. Poderemos segui-lo com nosso aparelho de radar.

— Grande, Arqueiro. Vamos pegar esse bandido quanto mais cedo melhor.

O Avião-Flecha , com dois lugares, assemelhava-se a um moderno caça a jato. Sua asa era um verdadeiro arco, e o corpo assemelhava-se a uma seta, com uma dinâmica que permitia o aparelho a atingir velocidades incríveis.

Voaram algumas horas na direção tomada pelo avião do bandido. Arqueiro Verde olhava atento o céu, procurando um a imagem ou sinal que identificasse o avião perseguido, enquanto Ricardito examinava atentamente todos os locais no solo onde o avião poderia ter descido.

— Estamos indo na direção do deserto. Se eles entrarem pelo deserto, pior pra eles.

De repente, Ricardido gritou:

— Veja, Arqueiro! Lá naquele pequeno campo. É o avião do Mascarado!

Arqueiro Verde fez um curva elegante ao mesmo tempo em que abaixou o Avião-Flecha.

Aterrou e ambos correram para o avião perseguido. Ricardito foi mais ligeiro e entrou na cabine vazia.

— Não admira que tenha descido, Arqueiro. Ele ficou sem combustível.

Examinaram detidamente o avião do Bandido Mascarado, à procura de pistas.

— Veja, Ricardito. O Bandido está bem ferido. O chão do avião está todo manchado de sangue.

Saindo e examinando os arredores, Ricardito fez uma descoberta:

— Olha só, Arqueiro! Nós estávamos tão preocupados com a perseguição ao “Pistoleiro Mascarado” que nem notamos a direção que havíamos tomado. Veja aquela placa ali.

O Arqueiro Verde olhou com atenção a placa que se erguia a uns cem metros de distância, onde leu:

HOTEL ARQUEIRO VERDE

10 KM.

— Olha só! Vai que o bandido se escondeu no Hotel Arqueiro Verde! Vamos pra lá.

Arqueiro Verde examina as pegadas na areia, ao redor do avião do “Pistoleiro Mascarado”.

— Há marcas de sangue na areia. O bandido deve estar bem machucado. E as pegadas indicam que ele e seu comparsa caminharam na direção do Hotel.

— Vamos logo para o hotel, falou ricardito.

Acionando o Avião Flecha, em poucos minutos estavam sobrevoando o elegante prédio de doze andares, circundado por outras construções menores, jardins, piscinas, quadras de esportes e tudo que se fazia necessário para o funcionamento de um hotel de luxo.

Situado às margens do BlueLake, constituía um imenso oásis na paisagem do deserto coberto de cactos e plantas rasteiras.

4-Arqueiro Verde e Ricardito no “Hotel Arqueiro Verde”

A descida do Avião Flecha no campo de pouso do hotel foi tranqüila. Inúmeros outros aviões estavam ao lado da pista, indicando que a clientela do Hotel Archeiro Verde era de pessoas importantes.

Ao entraram no magnífico salão de admissão, Archeiro Verde e Ricardito ficaram impressionados com a suntuosidade do local.

— Mas que palácio, exclamou Ricardito! Deve ser para reis!

O proprietário, Mathews Barry, recebeu a dupla de justiceiro de braços abertos.

— Benvindos ao Hotel, Archeiro Verde e Ricardito!

— O senhor faz com que eu me sinta uma pessoa muito importante, disse Archeiro Verde.

— Mas você É IMPORTANTE, Arqueiro Verde. E tenho imenso orgulho em recebê-lo para nossa inauguração, juntamente com Ricardito. Venha, quero lhe mostrar uma coisa.

Passaram por alguns atendentes, cujos uniformes imitavam o vestuário do Arqueiro Verde.

— Este é o nosso corpo de boys. Espertos e educados, prontos para atender os nossos hóspedes mais extravagantes.

— Eles terão bastante trabalho, pois o hotel parece estar cheio, comentou Arqueiro Verde. Pensando no “Pistoleiro Mascarado” que tinha abandonado o avião no deserto e fugido na direção do Hotel, perguntou:

— Muitos hóspedes retardatários?

— Não, Arqueiro, respondeu o sr. Mathews. — Abrimos as portas de manhã e já atendemos a centenas de hóspedes, que haviam feito reservas.

Que caçada difícil, pensou Arqueiro Verde. O “Pistoleiro Mascarado” deve ter se misturado aos hóspedes. Nem adianta dar busca no livro de registro.

— Venham... Vou lhes mostrar os seus aposentos.

Quando ficaram a sós no luxuoso apartamento, decorado com quadros que mostravam a ação de Arqueiro Verde em diversas ocasiões, Ricardito retirou um refrigerante do frigobar e disse:

— Como poderemos descobrir o “Pistoleiro Mascarado” entre centenas de hóspedes, Arqueiro Verde? Nem sabemos como é a cara dele.

— Mas sabemos que é exímio atirador, campeão de tiro-ao-alvo, respondeu Arqueiro Verde. — Além disso, é daltônico e está com um tornozelo machucado.

— Muito machucado...Deve estar mancando. — observou Ricardito.

— Nossa tarefa consiste em obrigar os hóspedes a mostrar suas habilidades e deficiências, disse Arqueiro Verde.

— Ah, estou entendendo, disse Ricardito. — E o sujeito que apresentar aquelas três indicações, será o nosso “pássaro”.

5 - Seguindo pistas

Na manhã seguinte, Arqueiro Verde e Ricardito planejaram uma estratégia. Ricardito, que estava disfarçado de boy, conversou com o companheiro, antes de separarem-se:

— Assim, poderemos examinar todos os hóspedes. Eu vou me misturar com o pessoal de serviços, disfarçado de boy e você como “diretor atlético”. Temnho certeza que acharemos o homem...

— A idéia é boa, Ricardito. Vamos começar logo nas nossas novas “funções”.

Ainda naquela primeira manhã em que estavam no Hotel, Arqueiro Verde estabeleceu um concurso de atiradores.

— Atenção para as regras do concurso de atiradores. Teremos três séries de tiros com revolver. Vou lançar diversas flechas para o alto. Uma flecha para cada disputante Na ponta de cada flecha tem um pequeno disco de alumínio. Os atiradores devem atingir este disco. Quem acertar no disco de metal mais vezes terá uma diária do Hotel de graça.

Um dos inscritos, homem músculos trajando impecável terno escuro e usando um incrível chapéu vermelho enfeitado com uma peninha branca, exclamou:

— Excelente idéia! Na certa atingirei meu alvo.

Arqueiro Verde o observou disfarçadamente. E imediatamente lançou três flechas-alvos, com uma rapidez tão grande que dava a impressão de terem sido expedidas num mesmo instante. Os três participantes atiraram e gritaram, ao mesmo tempo.

— É demais para mim! — queixou-se um.

— Movem-se muito depressa. — exclamou outro.

— Acertei! — gritou o homem de chapéu vermelho.

Seguiram-se mais duas séries de flechas lançadas. Em todas elas, os atiradores erraram os alvos, com exceção do homem de chapéu vermelho, que acertou todas as três séries.

Arqueiro Verde entregou o prêmio , um vale que irá proporcionar ao vencedor a diária prometida.

— Parabéns, senhor...

— Redratt. John Redratt. — Respondeu o ganhador, recebendo o prêmio.

Olhando-o nos olhos, Arqueiro Verde tentou decifrar alguma emoção e pensou:

Já tenho um suspeito...Esse sujeito é um grande atirador. Agora preciso saber se é daltônico e tem um tornozelo machucado.

Os atiradores entraram para o vestiário em conversa e brincadeiras. Arqueiro Verde entrou também.

— Estou contente por ter vencido o concurso, Arqueiro Verde. — Disse RedRatt, enrolado numa toalha, antes de entrar para o chuveiro. — Nunca imaginei que pudesse atingir os seus alvos.

— Sim, atirou muito bem, senhor RedRatt.

Observou as pernas e pés do ganhador. E constatou que sua suspeita era infundada.

Nada feito. Os tornozelos dele estão perfeitos.

06 - Ricardito se disfarça

Enquanto isso, Ricardito, disfarçado em boy do hotel, parece que encontrou uma pista do “Pistoleiro Mascarado”. Ao atender um hóspede, senhor Longball, levando-lhe copos de soda limonada para ele e seu companheiro de quarto, observou algo ineressante.

O tornozelo esquerdo desse câmara está machucado. Preciso avisar o Arqueiro.— Pensou

Entretanto, apesar de estar com o tornozelo machucado, o senhor Longball, o hóspede suspeito, insistiu em jogar uma partida de tênis.

— Vejo que o senhor não está em perfeitas condições para um jogo, disse o treinador de tênis. — O senhor está com o tornozelo enfaixado e...

— Tenho de manter— me em forma para o próximo campeonato, respondeu Longball.

— Sim, mas jogaremos apenas para treinar, nada de esforço demasiado.

Arqueiro Verde e Ricardito foram assistir à “partida”. Estavam preparados para testar o tenista renitente.

— Pintei esta bola de verde, como você mandou, Arqueiro., disse Ricardito. — Mas ainda não compreendo como vamos descobrir alguma coisa.

— Eles estão jogando com bolas vermelhas, Ricardito. — Explicou o Arqueiro Verde. — Se o seu suspeito for daltônico não notará a diferença quando eu substituir uma delas por uma bola verde. Espere uma rebatida longa.

E jogada longa aconteceu em seguida. Arqueiro Verde, abrigado sob a sombra de uma árvore, disparou uma flecha em cuja ponta estava uma bola verde. A mira excelente de Arqueiro Verde não só colocou a bola verde no curso da bola vermelha, como atingindo esta, a lançou para bem longe.

O lance foi instantâneo, E um pequeno relâmpago marcou o choque entre de bolas e flecha, capaz de confundir o olhar mais atilado. E foi o que aconteceu com Longball, que, ao rebater a bola, se assustou:

— Ei!, Que está acontecendo? A bola ficou verde.

Ante a imediata identificação da cor verde da bola entre as vermelhas, Arqueiro Verde e Ricardito se afastaram.

— Perdemos de novo, Ricardito, disse Arqueiro Verde. — Este homem não é daltônico, não é o bandido que procuramos.

07 –O Disfarce de Arqueiro Verde

Durante o resto do dia, Arqueiro Verde e Ricardito procuraram uma pista que os leve ao “Pistoleiro Mascarado”, que estava entre os hóspedes do Hotel Arqueiro Verde.

— Não adianta, Arqueiro, disse Ricardito. — Já encontrei pelo menos três homens com o tornozelo machucado.

— Puxa! Parece ser um surto, exclamou Arqueiro Verde. — Esta tarefa é mais complicada do que pensei. Precisamos pensar em outra coisa.

À hora do jantar, Ricardito se prepara nota que o Arqueiro Verde está vestido em trajes comuns: terno, gravata e sapatos sociais.

— Arqueiro, você vai descer assim para o jantar?

— Não vou jantar, Ricardito. Vou pedir um emprego, usando uma recomendação do Arqueiro Verde. Como garçon, terei mais oportunidade de entrar nos quartos dos hóspedes à procura de pistas. E com este bigodinho ninguém me reconhecerá como Oliver Queen.

Desta forma, apresentando-se como amigo do Arqueiro Verde, Oliver Queen obteve facilmente um lugar como garçon.

— Não fique convencido só porque é amigo do Arqueiro Verde, hein? — Disse-lhe o chefe-de-cozinha, de mau humor. — Será tratado como um empregado comum. Agora leve este jantar ao quarto 112.

— Sim, senhor, disse o “garçon”, saindo com a bandeja com um sofisticado jantar.

Ricardito, ao observar Oliver Stone caminhando pelo corredor do hotel, empurrando o carrinho de serviços da cozinha, não conseguiu esconder um sorriso complacente.

— hi,hi,hi. Quem diria! O Arqueiro Verde agora é garçom!

8 – Na margem do Lago da Montanha

Nos dias seguintes os dois arqueiros justiceiros, disfarçados em empregados do hotel, investigaram tudo e cometem pequenas gafes.

— Esta maçã está azeda, garçon! — reclamou hóspede careca e irriqueito, ao dar uma mordida na fruta que Oliver lhe trouxera.

— Desculpe, senhor. — Disse Oliver Queen. — Vou trazer outras.

Hummm... Esse homem é daltônico. Senão, teria percebido que lhe trouxe uma maçã verde, antes mesmo de dar uma mordida.

Ricardito, o falso boy, não perdeu tempo. Andando pelo hotel, carregado embrulhos e malas, fiscalizava todos os hóspedes.

Hum...uma atadura no tornozelo esquerdo — pensa ao passar por um homem que lê displicentemente o jornal, a perna esquerda cruzada sobre a direita.

Finalmente, quando os dois amigos compararam as pistas e trocaram informações, chegaram a uma conclusão desanimadora:?

— Puxa, Arqueiro, disse Ricardito. — Descobri QUATRO hóspedes que possuem pelo menos uma das pistas. Preciso de tempo para verificar as outras pistas.

— E eu localizei TRÊS suspeitos. É melhor reunirmos os sete sujeitos e fazermos a verificação em conjunto.

Na manhã seguinte, no terceiro dia de investigações, cada um dos suspeitos recebeu um convite especial.

— Quer dizer que o Arqueiro Verde vai levar apenas nós para uma excursão especial? — Indaga um dos convidados.

— Sim, explicou o gerente Wilson Manger. — Fizemos um sorteio pelos números dos quartos e os senhores foram os sorteados.

— Que espécie de excursão será esta? — indagou outro convidado.

— O Arqueiro Verde e Ricardito os levarão a uma excursão pelo Lago da Montanha. Levem suas roupas de banho.

Uma hora depois, os sete suspeitos se divertiam à beira do lago e sob as sombras frescas das árvores frondosas. Alguns nadavam nas águas tranqüilas. Os garçons, liderados pelo chefe-de-cozinha, sempre de mal humor e cara amarrada, que acompanharam o grupo, preparavam bebidas e churrascos.

Ricardito e Arqueiro Verde conversavam, um pouco afastados do grupo:

— Dois deles têm o tornozelo machucado, Arqueiro.

— Sei que quatro são bons atiradores.

— E temos também o daltônico.

Enquanto conversavam, os convidados se misturavam com os garçons, que serviam aperitivos, churracos e bebidas.

De repente, um grito:

— Cuidado! Uma cobra!

Impassível, Arqueiro Verde observa a cena. Alguns hóspedes fugiram, outros (os bons atiradores) sacaram suas armas.

Ouviu-se um tiro.

— BANG!

A cobra, atingida na cabeça, morreu instantâneamente.

— Quem atirou?

— Quem nos salvou?

Serenados os ânimos e acabada a confusão, verificaram que o atirador de certeira pontaria não era outro senão o chefe-de-cozinha, que ainda exibia, sorridente, a arma que manobrara com tanta perícia.

Arqueiro Verde e Ricardito, porém, ficaram chateados. Conversavam entre si, a fim de não serem notados pelos convidados nem pelos garçons.

— Mas...o chefe-de-cozinha...atirando tão bem? — exclamou Ricardito.

— Calma, Ricardito, o chefe-de-cozinha estragou tudo. Ele foi o mais rápido atirador, e estragou nossos planos. Matou a cobra inofensiva que você soltou no acampamento, para testar a rapidez dos hóspedes atiradores.

— Mas, assim, ele entrou na lista de suspeitos! — concluiu Ricardito.

— Sim...Esperemos os próximos lance do meu plano.

Mais tarde, os dois arqueiros, sentados nas cadeiras de acampamento, analisavam o problema:

— Então, Arqueiro, que faremos agora?

O chefe-de-cozinha chegou com uma bandeja de taças com gelatina, oferecendo aos dois:

— Aceitam gelatina de morango como sobremesa, senhores?

Arqueiro Verde ficou surpreso.

Gelatina de morango..? humm...deve ser isso.

Num gesto brusco e desajeitado, fez com que uma taça caisse da mesa, acertando no tornozelo do chefe-de-cozinha.

— Ai! Meu tornozelo, Ui! — Instintivamente o chefe-de-cozinha começou a esfregar o tornozelo com ambas as mãos.

— Desculpe ter derrubado a taça de gelatina, disse Arqueiro Verde. Vou arranjar calças e meias limpas para você.

— Não, não é preciso! — Respondeu o chefe-de-cozinha.

Ricardito, surpreso, exclamou instintivamente:

— Tornozelo enfaixado! Bom Atirador!

Ao ouvir Ricardito, o homem procurou fugir.

— O chefe-de-cozinha! É ele o “Pistoleiro Mascarado! — gritou Ricardito.

— E estava o tempo todo diante do nosso nariz! — exclamou o Arqueiro Verde. — Empunhando o arco, preparou a flecha e mirou para o alto chapéu branco do chefe-de-cozinha, dizendo:

— E penso que sei onde esconde as provs...aquelas jóias que robou.

A flecha foi disparada. O chapéu foi arrancado da cabeça do bandido, esparramando uma quantidade incrível de jóias e pedras preciosas.

— As jóias! Debaixo do bone´! — gritou Ricardito. — Mas como foi que você suspeitou dele?

— Porque só um daltônico serviria gelatina DE LIMÃO dizendo que era DE MORANGOS.

A fuga do bandido foi impedida pelos hóspedes, que fecharam a trilha por onde haviam chegado.

— Obrigado, senhores, por terem cercado este bandido, disse Arqueiro Verde. — e Me desculpem por ter desconfiado de vocês.

Os quatro estavam reunidos na sala particular do proprietário: Mathews Barry, Arqueiro Verde, Ricardito e o Pistoleiro Mascarado (algemado á perna de uma pesada mesa de metal), esperando a chegda da polícia a fim de entregarem o ladrão e as jóias furtadas.

— Incrível! Disse o proprietário do Hotel Arqueiro Verde. — Quer dizer que esse ladrão...esse “Pistoleiro Mascarado”..estava usando o meu hotel como esconderijo?

— Exatamente. Ele tinha previamente arranjado este lugar de chefe-de-cozinha,imaginando que não haveria lugar mais seguro para se esconder. Mas foi denunciado pelo tornozelo machucado, pela boa pontaria e pelo daltonismo.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 09.11.2009.

Conto # 573 da SÉRIE 1.OOO HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 14/12/2014
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