Jacaurélio e a Terra Encantada dos Seres Elementais
Lá vem ele pela estrada com a boca pluridentada, um arsenal de histórias guardadas em sua memória, memória farta de aventuras que contam no tempo suas lonjuras e, hoje vem trazendo à embaúba a fantasia à criançada, vem com seu terno e sua cartola amarelada, vem apoiado em sua bengala falar sobre o Mundo das Fadas.
Jacaurélio se achegou mui sorridente e seu semblante era de flor intuitiva e foi então quando cantou o Pintassilgo que ele pôs-se a discorrer a narrativa.
Falou de um tempo onde reinava a magia, falou de um reino mágico escondido na floresta, até cantou uma canção das Salamandras que para o fogo da noite faziam serestas; e foi contando, descrevendo maravilhas, contou da terra onde viviam as Fadas Madrinhas.
Disse que lá era uma terra abençoada onde nasciam lindas flores de redodendro, também cresciam orquídeas pelos penhascos onde viviam os Silfos guardiões do vento, era uma terra revestida de belezas d’onde do solo brotavam muitas riquezas que os Gnomos guardavam com amor e zelo, riquezas tantas, muito além de qualquer dinheiro.
Disse que os rios desaguavam em esbeltas cachoeiras onde viviam as Ondinas inda meninas, também nas águas havia Botos-Cor-De-Rosa que cantavam as canções doces e harmoniosas, nos lindos vales havia lagoas mansas e cristalinas e suas águas eram de brilhos purpurina que regavam flores de todas as espécies, girassóis e heliotrópios que eram polinizados pelas Cantáridas, entre as montanhas havia campos verdejantes que contrastavam com o vermelho das papoulas onde viviam as Fadas que ali reinavam, também havia Sapos entre as taboas.
No fim das tardes pelas clareiras se reuniam Grilos e Cigarras, Pássaros raros e suas melodias, era a orquestra que em sinfonia ao arrebol fazia festa para se despedir do Rei Sol, e quando a noite caia eram as luzes dos Pirilampos que iluminavam e voavam junto aos Dragões que protegiam os arredores daquelas terras com labaredas que se assemelhavam aos vulcões.
Por muitas eras reinou a paz na Terra Encantada dos Seres Elementais, mas, vieram homens e fizeram guerras, sangue e espadas bramiram por aquelas terras, então para impedir o final daquele paraíso eis que o Mago Jacamérlim em seu bom juízo envolveu aquelas belas terras em um feitiço de proteção, e até hoje só é permitido pisar aquele chão os seres bons que são puros de coração.
Assim o dia foi passando bem depressa e junto da história de Jacaurélio chegou ao fim e a criançada na embaúba, maravilhadas, partiram juntos com Jacaurélio e caminharam pela estrada dos jasmins... No fim da estrada havia uma bifurcação, então ali deles Jacaurélio se separou, deixando no ar o mistério em sensação, deixando as crianças ansiosas pela próxima narração.
E Jacaurélio caminhou até o seu recanto onde sua esposa Jacarandira o esperava com seu encanto, então se recolheram e adentraram o seu lar e entoaram uma canção de ninar.