O caçador de onça
O caçador de onça
A história que eu vou contar para vocês começou em 1920, numa cidade chamada Rio Claro no interior de São Paulo. Essa é uma história que já tem 94 anos.
Albertina era uma menina pequena que morava em uma fazenda, onde o pai e os irmãos plantavam café e feijão, mas uma das coisas que ela mais gostava naquela época era da escola, onde tinha muitas amigas.
Eles gostavam de olhar aquele mundo de pés de café e correr brincando até chegar à cachoeira da fazenda. Chegando lá! Brincavam nas águas limpinhas que caiam como gotas de chuva escorrendo pelas pedras e se misturando com a terra. Aquela cachoeira era linda e maravilhosa, tão linda como a lua ou o olhar de uma bela flor.
Quem vive na mata sabe que pode ser surpreendido a qualquer momento, tanto que um dia isso aconteceu com eles. Foi num fim de tarde, quase noite em uma trilha da fazenda! Sorte que eles estavam caminhando em silêncio, pois ouviram um barulho e avistaram uma onça caminhando com seu filhote na mata. Todas as crianças que estavam naquela trilha ficaram assustadas e com muito medo da onça, menos o irmão mais velho de Albertina, que era muito corajoso e resolveu capturar o filhote do animal.
Albertina era uma menina pequena, mas muito esperta e ficou observando tudo muito atenta para ajudar o irmão na caçada.
O irmão dela pegou um pano grande que eles carregavam para forrar o chão, subiu em uma pedra, esperou a onça passar e depois saltou sobre o filhote cobrindo-o com o pano. Éh! Mas não foi tão fácil assim! O menino rolou na mata com o filhote enrolando-o e imobilizando. Foi muita sorte deles a onça não perceber o ataque, pois se ela percebesse seria muito difícil sair vivo daquela mata.
Sentindo a falta do filhote a onça urrava tão alto que arrepiava de medo, mesmo assim eles corriam com o filhote enrolado no pano atravessando o pasto onde ficava o boi zebu, mas a onça não desistiu e veio atrás para salvar o filhote.
Toda mãe ama muito seus filhos e a onça também ama seu filhote, por isso quer ele de volta!
Os meninos chegaram a casa e ficaram vigiando pela janela com medo da onça aparecer. E não é que ela apareceu mesmo!
A onça entrou por uma porta da casa e as crianças saíram correndo pela outra! Até um rato que estava caminhando pela casa ficou assustado e com medo de ser devorado pelo grande animal.
As crianças olhavam pela janela e viam a onça procurando o filhote dentro da casa. Nenhum deles estava com o filhote na mão, então perceberam que tinham esquecido o filhote enrolado no pano dentro da casa e seria muito perigoso voltar lá para pegá-lo.
A onça encontrou o filhote, desenrolou do pano e saíram por uma porta, enquanto as crianças com os olhos arregalados de medo tentando se proteger entravam pela outra.
Albertina com seus olhinhos de criança ainda se lembra de ter visto o filhote da onça se engasgar com alguma coisa, mas não lembra o que fez ele se engasgar, mesmo assim ele foi embora com sua mamãe.
A partir daquele dia, o irmão da pequena Albertina ficou conhecido na região da fazenda Boa Esperança como o caçador de onça, que capturou uma onça sem usar nenhuma arma, usou apenas as próprias mãos e assim essa história se mantém viva até hoje.
Paulo Ribeiro de Alvarenga
Criador de vaga-lumes
Iluminando pensamentos