Desfile de bonecas
Desfile de bonecas
Certa manhã, eu encontrei uma senhora muito sábia que me contou uma história acontecida há muitos anos atrás, ela contava com detalhes tão perfeitos que parecia ter feito parte da vida dela.
Não sei se foi um milagre de São Manuel, mas foi lá que aconteceu essa história!
Naquela pequena cidade existia uma fazenda com uma grande plantação de café, onde as crianças corriam brincando e saboreando o doce de alguns grãos maduros.
Os dois irmãos gostavam de correr brincando e parando para apreciar a beleza dos passarinhos que moravam naquele lugar. Os pássaros eram tão bonitos que faziam o pensamento das crianças voar para lugares tão distantes, que até hoje ainda continua voando no olhar e nas palavras daquela sábia senhora.
Ela contava a história pausadamente, parecendo estar distante, tão distante que fazia parte de cada momento daquele conto.
Num momento mágico do tempo ela se lembrou da mãe e começou a contar das festas que a mãe fazia com pão doce, salgados e doce de mamão.
Na fazenda tinha uma mina de água que brotava do chão, do meio das pedras e esse era um dos lugares preferido das crianças, que adoravam tomar aquela água cristalina e geladinha, encher os garrafões para casa e depois brincar na água. Eu acho que aquela era a mina dos desejos, pois bastava saborear a água geladinha e fazer um desejo que ele se realizaria. Foi assim que o desfile de bonecas aconteceu!
Pelo sorriso, já percebi que aquele era o grande momento da história, pois aquela senhora me deixou ali ouvindo e entrou na história movimentando as mãos como se estivesse tocando na boneca, fazendo suas roupinhas e guardando em caixinhas de papelão. Ela falava das irmãs e das amigas desfilando suas bonecas, algumas de palha e outras de pano, mas ela gostava mesmo era das bonecas feitas de pano.
As meninas brincavam desfilando com suas bonecas e a noite chegou, escureceu demais, tanto que ninguém enxergava mais nada e foi nesse exato momento que o irmão dela chegou com as mãos fechadas e uma luz piscando entre seus dedos, depois abriu a mão e gritou:
- Essa luz é para que vocês nunca mais se esqueçam desse desfile de bonecas!
Ele abriu a mão e um vaga-lume voou piscando sua linda luz verdinha.
A senhora olhou para mim e falou:
- Eu nunca mais me esqueci daquele dia! Lentamente se levantou e em passos lentos foi embora.
Paulo Ribeiro de Alvarenga
Criador de vaga-lumes
Iluminando Pensamentos