OS MENINOS DO SUDÃO
Ainda é de madrugada no acampamento dos fugitivos. Muitos passaram a noite em claro, na expectativa da partida a qualquer momento. Sem poder fazer fogueiras, para não chamar a atenção dos guerrilheiros que poderiam estar nas proximidades, os garotos preferiam ficar agrupados, bem juntos, procurando se aquecer mutuamente, mastigando pedaços de carne seca, raízes e folhas de plantas que encontraram pelo caminho.
Ouve-se um murmúrio de vozes abafadas. Os meninos não conseguem manter o silêncio desejado pelos guias. Ouve-se, também, o incessante chap-chap da água batendo nas bordas dos barcos que atravessam o rio. Mais garotos estão chegando em canoas. São cada vez maiores os grupos que vêm se juntar à coluna. Desesperados, os chefes não sabem mais como lidar com tanta gente. Já são perto de dezessete mil garotos, e a cada momento chegam mais.
Ninguém sabe como tudo começou. As indagações levam a dois ex-soldados das forças do governo do Sudão. Considerados desertores, viviam na clandestinidade, escondidos dia e noite. Tinham livre trânsito pelo bairro onde contavam com muitos amigos que os escondiam, davam-lhes alimentos e passavam-lhes informações de tudo o que estava ocorrendo em Kartum, a capital, bem como dos movimentos dos guerrilheiros.
— Temos de fazer qualquer coisa, não adianta a gente ter abandonado o exército, logo vão nos descobrir e seremos fuzilados. — No esconderijo, Melforo cochichava com Kangola, o amigo de infância, de armas e deserção.
— E se fôssemos procurar a guerrilha? — respondeu, perguntando, Kangola.
— Não, esta não é uma boa idéia. Ouvi falar que os guerrilheiros estão roubando os meninos das aldeias, para adestrá-los no manejo de armas e nas táticas da guerrilha. Ainda ontem ouvi que estão bem perto de Kartum e atacaram a vila de Wadi Medani. Levaram com eles cerca de sessenta garotos.
As notícias correm céleres por toda a África. Não dispondo de tecnologia nem de instalações para um eficiente sistema de comunicação, os habitantes de todas as regiões têm maneiras muito especiais de se comunicarem, de tal forma que as novidades, notícias e até fofocas, voam através dos desertos, das florestas, savanas e cidades de todo o Continente Negro.
Melforo e Kangola falavam da ação do Exército Popular de Libertação do Sudão, conhecido pelos ocidentais pela sigla EPLS e pelos nativos como simplesmente “a guerrilha”. A luta se dá pela autonomia das regiões ao sul de Kartum e pela liberdade religiosa. Na região sul a maioria da população é católica ou animista. O norte é habitado por árabes e núbios, que professam a lei de Maomé e constituem quase 60% da população. Dominam a administração e em meados da década de ’80 tornaram a religião muçulmana obrigatória e única.
A partir de então, a guerrilha tornou-se mais agressiva. Entre as muitas ações, adotou-se a prática de seqüestrar crianças de até seis anos de idade, para incorporá-las aos guerrilheiros, obrigando-os a lutar. O exército sudanês respondeu com violência às ações dos guerrilheiros, promovendo verdadeiros massacres nas vilas e aldeias do sul do país. Egressos de uma dessas pavorosas campanhas, Melforo e Kangola decidiram-se por abandonar o exército. Como não podiam fazê-lo na legalidade, pois o exército sudanês não permitia pedidos de baixa, simplesmente desertaram.
— Não podemos fugir. Não é justo deixar esta vida miserável, simplesmente para trocá-la por outra. — Kangola tem um sentimento tribal acirrado. — Vamos sair, sim, mas devemos fazer alguma coisa para ajudar nossa gente.
— Ouvi que há mais de trinta desertores do exército nos outros bairros e que pretendem fugir. Vão levar alguns garotos, a fim de que a guerrilha não os roube. A gente podia se juntar a eles.
— Vamos procurar esse pessoal. Talvez possamos trabalhar juntos.
Na tarde daquele mesmo dia, Kangola e Melforo conseguiram contatar o grupo de desertores. Foram entrevistados pelo chefe, ex-capitão do exército. Chamava-se Adamaoua Doba, que os aceitou no grupo de fugitivos. Falou franco com os dois.
— A fuga está organizada, mas não se trata só de homens. Vamos levar conosco muitos garotos, as vítimas inocentes, procurados pelos guerrilheiros. É uma forma de frustrar a ação dos bandidos. Vamos organizar uma coluna, dirigindo-nos para o sul, em direção ao Quênia. Uma vez lá, pediremos refúgio ao governo. Não sabemos quantos irão, nem quando chegaremos ao nosso destino. Não temos alimentos em estoque, vamos nos virar de aldeia em aldeia.
— Têm armas?
— Poucos fuzis, que não pretendemos usar senão em último caso. Vamos caçar com armadilhas, lanças e pescar com fisgas de madeira. Os garotos são mestres na pesca sem anzol.
— Quando partiremos?
— Dentro de uma semana. Estamos arregimentando todos os garotos dos arredores da capital. O grosso do exército está em campanha no oeste, próximo da fronteira do Chade, onde os guerrilheiros têm atacado muitas aldeias. Por ora, o sul está tranqüilo. Já mandamos recado para todas as vilas do sul perto das quais passaremos. Quem quiser nos acompanhar, deve estar pronto nos próximos dias. E manter o bico fechado.
— De onde a coluna vai sair?
— Sairemos do Instituto Tecnológico do Sudão. O edifício está abandonado e serve de refúgio para aproximadamente dois mil garotos.
— Tanto assim?
— Isto é apenas o começo. Até o dia da saída, chegarão muito mais.
Parece incrível que uma tal movimentação de gente, garotos de idades entre 5 e 15 anos, não fosse observada pelas autoridades. O fato é que a atenção do governo estava totalmente dirigida para o combate à guerrilha. O país se encontrava, desde a sua independência, em 1956, engalfinhado numa guerra civil, e o povo, descorçoado, não via o fim da luta, que já durava mais de trinta anos. Por isso, quem sabia da movimentação dos meninos não tinha o mínimo interesse em denunciar o fato às autoridades.
Dessa forma, num dia qualquer da primavera de 1988, uma massa humana de mais de dez mil meninos, guiados por cem adultos, entre eles Kangola e Melforo, pôs-se a caminhar. Saíram dos subúrbios de Kartum, sendo que a coluna principal vinha do Instituto referido por Doba. Não iam por estradas nem caminhos conhecidos, mas enveredavam pela mata, e seguiam próximos á margem leste do rio Bachar El Abiad, ou simplesmente Bachar, registrado nos mapas como Nilo Branco.
Seguiam em filas quando o terreno permitia. Os guias tentavam impor alguma ordem que os garotos insistiam em ignorar. Muitos traziam embornais, com pequenas quantidades de alimentos. Não reclamaram da marcha ligeira por diversas horas. Pararam quando o sol estava a pino, sob as copas de um denso bosque, próximo do rio. Descansaram por algum tempo e novamente se puseram a caminho.
No final do primeiro dia, o sol já se pondo, pararam para o pernoite. O calor do dia foi substituído pela friagem noturna, mas os guias não permitiram que fogueiras fossem acesas. Os meninos se amontoaram a fim de se esquentarem. Reunidos, os guias discutiam a estratégia a ser seguida.
— Não dá para irmos todos juntos. Corremos grande risco de sermos descobertos. — Doba explicou aos companheiros. — Vamos nos separar em quatro grupos, e guardar a distância de um dia de caminhada entre cada grupo. Que acham?
Os companheiros concordaram.
— Temos problemas: os garotos menores não conseguem acompanhar os maiores. — O relato era de Kangola. — Acho que devemos separar os garotos por tamanho.
A proposta foi ouvida por todos e aceita sem discussão. Assim, no dia seguinte, apenas uma coluna com mais ou menos três mil garotos começou a marcha. Foram escolhidos os menores, e destacados mais dez dos maiores, para ajudar os guias. Os demais esperariam alguns dias para retomarem a marcha.
Não havia nenhuma organização a fim de atender os que ficassem doentes ou que não pudessem acompanhar a maioria. Por mais cruel que fosse, o abandono puro e simples era a solução. A decisão era cruel, mas não podia ser de outra forma. A separação por tamanho veio diminuir um pouco, mas não impediu totalmente, que os meninos mais fraquinhos atrasassem a marcha.
Desde o primeiro dia morreram garotos. Era de se esperar. Não havia tempo para enterrar os mortos. Outra decisão cruel, encarada com naturalidade tanto pelos adultos como pelos garotos. Não havia outro jeito. A pressa era grande, sentiam-se sempre ameaçados pelos perigos dos locais por onde passavam, pelo ataque das feras e pelo constante medo de serem descobertos pelos guerrilheiros.
No terceiro dia, mais uma chusma de garotos partiu, sob a chefia de vinte guias. Entre eles estavam Kangola e Melforo, que se decidiram manter juntos. Seguiam a trilha batida pela coluna anterior e observavam com desgosto e tristeza os corpinhos dos garotos mortos à beira da trilha.
— As feras estão se refestelando com os cadáveres. — A observação era de Melforo.
— Sinto até ânsia de vomitar. Alguns corpos já não têm mais carne. Estão nos esqueletos.— Kangola sentia em suas vísceras todo o horror das cenas terríveis com as quais se deparava.
Mas, apesar das perdas, o número de garotos aumentava a cada dia. Chegavam das vilas vizinhas por onde passavam. A comunicação eficiente ia à frente dos fugitivos, de forma que por onde passavam, sempre longe das povoações, iam topando com garotos que se juntavam a eles. Calados, ficavam à margem da trilha até que o primeiro, o segundo e finalmente todos se incorporavam à coluna.
Por vezes, os garotos estavam acompanhados de adultos. Pais e habitantes das vizinhanças levavam algumas raízes e pedaços de carne seca para os meninos em fuga. Era o máximo que podiam ajudar. Gestos de solidariedade tão pequenos e tão caros pareciam bem significativos da bondade inata daquelas tribos sofridas.
A divisão em quatro grandes caravanas deu resultados: reduziu o número de mortos e abandonados. Mas o primeiro grupo, constituído dos garotos menores, de cinco a dez anos mais ou menos, não conseguiu manter a dianteira. Foi se atrasando demais.
Havia sempre comunicação entre os quatro grandes grupos: os guias mais acostumados às grandes caminhadas, iam de um grupo a outro, levando e trazendo notícias. A marcha era lenta e irregular, dependendo do relevo, das voltas que tinham de dar para passar ao largo das vilas e povoados. Doba e seus camaradas não tinham como manter um ritmo constante. Nada registravam: os quilômetros percorridos, os nomes dos garotos que morriam ou desapareciam. A preocupação única era colocar a maior distância possível entre eles e os guerrilheiros. Andavam contra o tempo no afã de chegarem à fronteira.
Quando atravessaram as proximidades de Renk, distante, mais ou menos, 500 quilômetros do ponto de partida (e após alguns meses de caminhada) toparam com algo muito estranho: um comboio de oito caminhões os esperava numa esplanada, passagem obrigatória dos fugitivos . Dois guias foram enviados a fim de patrulharem a dianteira e saber do que se tratava. Os caminhoneiros acenaram-lhes com gestos de paz, convidando-os a se aproximarem: eram veículos de gêneros alimentícios destinados aos garotos em fuga. Os guias voltaram com a notícia e quando todos se aproximaram, os caminhões já tinham partido, deixando ali no terreno descampado a preciosa carga. Nunca souberam a origem dos alimentos, que apareceu como uma benesse dos céus.
No final de nove meses, a primeira coluna chegou a uma região baixa, pantanosa.
— Estamos na nascente do rio Bor, que deságua, mais ao sul, no Sobar. Já estamos próximos da fronteira da Etiópia. Vamos aguardar aqui pra reunir todo mundo. — Ordenou Doba.
Esperaram até que chegassem os outros grupos . Enquanto descansavam, pescaram nos charcos e foi-lhes permitido assar os peixes. O ânimo dos adultos e da garotada elevou-se bastante. Decidiram demorar por ali: a região era remota, o acesso muito difícil e podiam exercer uma vigilância que se estendia por muitos quilômetros, em todas as direções. Os homens de melhor visão foram destacados para permanecer de atalaia em pontos estratégicos.
Alguns meses depois, descansados e animados, decidiram-se por reiniciar a marcha. Doba convocou os guias em conselho:
— Devemos partir. Estamos a poucos quilômetros da Etiópia e sugiro que tomemos a direção do leste, que nos levará à região do Dembi Dolo. — Era um líder nato e estava familiarizado com a região. Somente ele portava documentos e mapas, que estendia no chão, mostrando aos seus ajudantes o caminho a seguir.
— Se formos diretamente para o sul, teremos diversos rios para atravessar. Atravessando a fronteira aqui — e indicava com seu dedo a região que pretendia atingir — estaremos mais seguros, pois tenho certeza de que não seremos importunados pelos soldados da Etiópia.
Dirigindo-se a Kangola, que se tornara um auxiliar competente, pediu que lhe informasse a respeito da situação atual da população dos meninos.
— Estamos atualmente com uns quinze mil garotos. Já tivemos 17 mil, mas a mortandade foi grande. No nosso acampamento ao redor dos pântanos morreram muitos de doenças, disenterias, e até de fome. Os garotos maiores estão sendo promovidos a ajudantes de guias e já temos cerca de cem auxiliares. São muito dedicados e responsáveis. É conveniente manter a divisão dos garotos em quatro grupos. Fica mais fácil para a caminhada e para ajudar os mais fracos.
Prepararam-se para partir. Muitos garotos queriam ficar. Foi preciso muita conversa persuasiva para que todos partissem nos grupos determinados. Na direção do leste, sempre para o leste. Até que, três meses depois, atingiram a cadeia dos montes Dembo-Dolo. Procuraram e encontraram uma passagem entre as montanhas, pela qual acessaram o território da Etiópia.
O relevo modificou-se. A região do Sudão que a coluna atravessara era uma região baixa, constituída por savanas a uma altitude média de 200 metros. Campos e florestas se intercalavam. Ao adentrarem-se na Etiópia, encontraram um altiplano cuja altitude variava entre 500 e 1000 metros. As colinas despidas de vegetação eram muito quentes durante o dia e geladas à noite. Os meninos sentiram muito a mudança de clima e muitos caíram doentes com tosse e problemas de respiração.
A coluna parou na região de Dembi-Dolo, entre dois rios afluentes do Sobar. Na travessia do rio muitos garotos morreram afogados. O local onde acamparam era remoto e não oferecia muitos recursos. Poucas áreas de mata no fundo dos vales, e nenhum lugar para pescar. A fome aumentou. Também aumentaram os ataques de animais, principalmente leões, que abundam nas colinas do oeste da Etiópia. Em poucos meses de caminhada naquela área sinistra, morreram mais de mil garotos.
Em 1991 estourou uma guerra civil na Etiópia. Haviam saído há três anos de Kartum, devido a uma guerra, e agora estavam de novo no centro de outro tufão marcial, que suga e destrói tudo por onde passa. O acampamento dos fugitivos foi atacado por todos os lados: as forças em luta na Etiópia e a aviação sudanesa. Reides aéreos constantes dizimavam os fugitivos.
Em debandada, desorganizados, famintos, constantemente com medo, fogem para o sul.
— Temos de chegar ao Quênia, custe o que custar. Vamos nos dividir em dez grupos, e tentaremos ir por caminhos diferentes. Não descansaremos enquanto não sairmos da Etiópia. — A instrução foi dada por Doba, e soava como uma ordem de debandar.
Foi uma epopéia digna de ser registrada como exemplo para todos os que fogem em busca de paz e liberdade. Não podia ser mais rápida do que foi feita. Levaram longos meses para percorrer os 500 quilômetros até o Lago Turkana, como é hoje nomeado o antigo Lago Rodolfo. Por diversas vezes usaram os cursos dos rios que desciam para o sul, rumo ao lago ao qual desejavam chegar. Não procuravam mais se desviar de vilas, povoados, aldeias. Não eram hostilizados pelas populações locais, pelo contrário, encontravam , por vezes, solidariedade e ajuda. O perigo , agora, vinha sempre dos céus: os caças sudaneses e etíopes fustigando as colunas, dizimando sem dó nem piedade. Passaram por muitas aldeias totalmente arrasadas pela fúria das forças em guerra.
Por mais determinados que estivessem em atingir a fronteira do Quênia, fizeram muitas voltas e, por vezes, ziguezaguearam pelas colinas e savanas da Etiópia. Alguns grupos se perderam, e a demora em restabelecer contato com os demais grupos retardava a marcha de todos. Uma certa confusão se estabeleceu, então, e alguns garotos preferiram ficar nas vilas da Etiópia. Houve até aliciamento dos garotos maiores, agora já rapazes, para fazerem parte da guerrilha conduzida por rebeldes etíopes. Alguns não resistiram, fugiram e foram lutar por uma causa totalmente desconhecida, sem o menor sentido para eles.
Em Maji, chegaram às margens do rio Omo, que desce para o sul, desaguando no Lago Turkana . Ajudados pelas populações ribeirinhas, obtiveram muitos barcos, com os quais desceram os últimos 200 quilômetros até alcançarem o lago. Acamparam ás suas margens. Os primeiros grupos esperaram os últimos, e dentro de uns dois meses estavam todos reunidos na estreita planície que bordeja o lago na sua margem oeste.
As autoridades do Quênia já sabiam da existência do contingente de garotos sudaneses errando pelo território etíope. Não desejavam que a coluna se adentrasse, sem controle, pelo seu país . Tão logo os fugitivos estabeleceram acampamento às margens do lago, uma missão militar os visitou.
— Desejamos ajudar. — Foram as primeiras palavras do Coronel Rumuruti Moiale. — Estamos criando um campo de refugiados em Kakuma, a alguns quilômetros ao sul. Vocês devem permanecer aqui até que o campo esteja em condições de abrigar vocês todos.
A seu pedido, o chefe da grande marcha deu as informações de que dispunha:
— Saímos de Kartum em 1988, numa coluna de cerca de 17 mil meninos, guiados por 100 guias. Fomos para a Etiópia, onde acampamos até 1991. Quando estourou a guerra civil, em 1991, começamos a marcha para o sul. Faz mais de dois anos que fugimos pelo território etíope. Nessa fuga, percorremos mais de mil quilômetros e o número de garotos diminuiu muito. Acredito que apenas doze mil garotos tenham chegado aqui.
Assim, na simplicidade de suas palavras, Adamaoua Doba resumiu a caminhada de mais de 3000 quilômetros e que durara cerca de cinco anos. Nos meses seguintes, assistidos e ajudados pelo Exército do Quênia, os doze mil garotos remanescentes foram alojados no imenso campo de refugiados em Kakuma, numa região entre o Lago Turkana e as fronteiras com o Sudão e Uganda.
Os sofrimentos dos meninos do Sudão estavam longe de terminar. Durante alguns anos ficaram imobilizados nos campos de refugiados, até que organizações humanitárias e a Organização das Nações Unidas iniciaram um longo processo a fim de encontrarem, na própria África e na América, novos lares para cerca de dez mil sobreviventes da inacreditável saga dos garotos sudaneses.
ANTONIO ROQUE GOBBO (– BELO HORIZONTE, 6 DE MARÇO DE 2001
CONTO # 77 DA SÉRIE MILISTÓRIAS