EL DORADO

— Juro pela Virgem que estive lá, na cidade de ouro. É um local maravilhoso, os edifícios têm fachadas recobertas de ouro, os indígenas usam adornos de ouro e o imperador vive num palácio dourado. Dê-me cem homens, sei como chegar lá. Voltaremos carregados de ouro.

Juan Martinez estava tão ansioso por relatar sua incrível aventura entre os Chibchas, que mais parecia um demente. Com febre, esfarrapado, cabelos degredados e barba comprida, os olhos brilhando no fundo das órbitas, fraco e pálido, não conseguiu impressionar com sua história.

— Na cidade dos Chibchas tudo é de ouro: calçadas, templos, jardins com grades, fontes com enfeites delicados, jóias, muitas jóias, usadas pelo imperador e pela maioria da população. — Quando mais insistia na sua história, menos acreditado era.

Aparecera repentinamente, egresso da floresta, no acampamento de uma pequena expedição de soldados espanhóis, às margens do rio Orenoco. Os soldados o trataram como demente, antes de conduzirem-no ao chefe da pequena guarnição. O capitão Marguiles escutou com atenção a narrativa do pobre maluco, mais para divertir-se com a mirabolante aventura.

— Fui capturado pelos índios já faz uns cinco anos. Fazia parte de uma pequena expedição militar, caímos numa emboscada. Todos, menos eu, foram mortos. Fui levado prisioneiro para uma cidade de ouro, que os índios chamam de Manoa. Reluzindo em ouro, a cidade. Fica a muitas léguas daqui, em direção ao sul. Posso leva-los lá imediatamente.

— E como conseguiu escapar? — Capitão Marguiles sorri, incrédulo.

— Fiquei amigo dos chibchas, é assim que se chamam. Insisti muito para que me deixassem partir. Ganhei muitos presentes de ouro, enquanto vivi em Manoa. No caminho de volta, fui atacado por outros índios, ferozes, que me roubaram tudo.

— Então, nada há que prove sua história maluca? — Marguilles não acredita numa só palavra de Martinez.

Era noite fechada quando o grupo de guerreiros chibcha chegou à cidade, trazendo o botim da expedição contra os brancos. Além dos despojos, traziam um prisioneiro, que, apesar de ferido, suportara a longa caminhada montanha acima. Colocaram o prisioneiro numa choça sem qualquer mobiliário, nem mesmo um catre havia. Comemoraram a noite toda, com danças rituais, a vitória sobre os brancos.

— Os poderosos homens com suas varas-de-trovão estão chegando. Pouco a pouco, cada vez mais perto. Os homens brancos estão ferozes. Temos de manter os olhos abertos, vigiar sempre, não deixar que eles cheguem até nossa vila. — O chefe Zangon falava no conselho dos maiores da tribo, enquanto os jovens, as mulheres e crianças celebravam ao redor da fogueira.

— Vamos manter bem vigiadas todas as passagens entre as montanhas. — A promessa foi feita pelo valente Apameon, chefe tribal dos guerreiros.

— Sacrificamos o prisioneiro, Chefe?

— Não, vamos levar o homem branco prisioneiro para o Imperador. Ele saberá o que fazer com o demônio branco.

Para os chibchas, os espanhóis eram mensageiros do mal, e não mereciam nada mais do que a morte. Representavam o demônio e portavam consigo todos os males do mundo.

Deitado no chão da choça, Juan Martinez ouvia o barulho no pátio maior. A fogueira enorme lançava um ligeiro clarão através da única abertura da construção rústica. Os pulsos estavam fortemente amarrados. Ferido e cansado, o espanhol não conseguia sequer sentar-se. Apesar da sede e da fome, conseguia dormitar por breves períodos. Sempre que acordava, ouvia o som do batuque. Por fim, já no albor da madrugada, caiu num sono letárgico.

Os tormentos do espanhol estavam apenas começando. Nos dias seguintes, foi conduzido por uma escolta de dez guerreiros e o chefe da tribo até o local que os índios chamavam de Manoa. Uma penosa caminhada que esgotou o branco. Tinha como certa a sua morte, mais cedo ou mais tarde. O branco, esperto mercador e afeito a encontros com aborígines do Caribe e das costas africanas, percebia que seu destino era algo maior do que a simples prisão. A palavra Manoa era repetida muitas vezes, significava algo grande, importante. Já antevia seu sacrifício, oferecido aos cruéis deuses adorados pelos selvagens.

Pouco comia. Tinha nojo do alimento que lhe era oferecido em folhas de bananeiras. A água era boa, fresca, as fontes eram abundantes. Mas os índios bebiam também de um líquido escuro, que traziam em sacolas amarradas nas cinturas. Verificou, horrorizado, que as sacolas eram estômagos de animais, curtidos, mas exalando forte cheiro putrefato. Quando lhe ofereceram de beber, Juan sentiu náuseas com o fedor. Os índios acharam graça de sua repulsa.

Estava muito fraco, arrastava-se pela trilha, aqui e ali era ajudado por alguns dos índios. Por isso, quando chegaram ao limite da floresta, e ele viu, num vale verdejante, a cidade dourada, pensou estar delirando. Mas foi desperto de sua alucinação pelos gritos dos índios.

— Manoa! Manoa! — Pulavam e gritavam, e falavam muitas palavras que Juan, mesmo sem entender o significado, viam que eram de júbilo e encantamento.

Chegamos, pensou Juan. O que viu encheu-o de admiração. Rodeado por altas montanhas, o vale verdejante se estendia a perder de vista. Uma fita prateada faiscava sob os raios do sol: era o rio, que corria por toda a extensão mais baixa do vale. Em ambas as margens e galgando as colinas suaves, uma extraordinária cidade brilhava. Juan piscou várias vezes, passou a mão pelos olhos, não acreditava no que via: uma cidade de ouro!

Manoa! Então era esse o significado daquela palavra tantas vezes falada pelos índios. Certamente é a cidade principal desses selvagens. — Enquanto desciam das alturas em que se achavam, na direção da cidade de ouro, Juan ia matutando. Alguma coisa devem estar planejando, esses desgraçados. Será verdade que eles sacrificam os prisioneiros, e arrancam seus corações estando a vítima ainda viva?

Antes que tivessem caminhado uma centena de metros, foram envolvidos por um grupo de outros índios. Surgiram de repente, saindo de trás das pedras e das poucas árvores. Homens fortes, mais bem armados, falando rapidamente, deram ordens que foram obedecidas pelos recém-chegados. Ao verem o prisioneiro branco, seus semblantes se tornaram mais ferozes. Juan tremeu e temeu por sua vida. Não obstante, a caminhada foi retomada em direção à cidade.

A entrada na cidade foi tranqüila. Era por volta do meio-dia, e poucos habitantes mostraram curiosidade para com o grupo de guerreiros, no centro do qual ia o prisioneiro. Juan estava agora mais esperto, ia observando, maravilhado, a cidade. As construções de pedra encostavam-se umas nas outras, e formavam ruas estreitas, que acompanhavam o nível do terreno. Nada de ladeiras ou subidas. Eram cobertas por uma espécie de colmo, trançado e superposto em camadas grossas. As aberturas correspondentes a portas e janelas eram apenas vãos nas paredes, não tinham folhas de madeiras ou cortinas para fechá-las. Pequenas praças se abriam, aleatoriamente, quando as vielas se alargavam. As ruas eram calçadas, e no centro corria uma valeta, escoadouro de águas.

Caminhando por entre as construções de pedra, Juan perdera de vista o brilho dourado que tivera à primeira vista da cidade. Será que fora uma ilusão? Teria sido mais um delírio causado pela febre e pelo cansaço?

Quando, finalmente, chegam à praça central, o espanhol se extasia: uma praça como jamais vira em suas andanças, totalmente cercada por edifícios de dois pavimentos, no centro da qual uma alta pirâmide de íngremes degraus. Quadrada, a praça teria uns duzentos metros de lado. A pirâmide, construída exatamente no centro, mediria uns cinqüenta metros pelas laterais.

Juan Martinez piscou os olhos, ofuscado pelo brilho do local. A cobertura dos edifícios era de placas douradas. Ouro? Também douradas eram as paredes externas das edificações, e um filete dourado corria sobre as quinas da imensa escadaria da pirâmide. O conjunto era de uma simplicidade e de uma beleza sem par. Era como se uma capa de ouro, uma neve dourada cobrisse tudo. Riqueza tamanha Juan nunca vira —nem jamais pensara existir. Estava ali o verdadeiro Eldorado, cuja história já corria pela Espanha, e por toda a Europa, desde a volta dos navegadores que traziam notícias da descoberta de um novo mundo.

— Empurraram Juan na direção de uma abertura na base da pirâmide. Percorreram um curto corredor sombrio e desembocaram num vasto salão. A pirâmide é oca, constatou Juan. Pelas paredes havia dezenas de orifícios, clarabóias quadradas, por onde entrava a luz do sol. Um salão tão vasto quanto uma arena de touradas. O piso totalmente dourado, bem como as quinas das paredes filetadas em metal amarelo.

Espalhados pelo imenso salão, diversas pedras quadradas serviam de bancos e muitas estavam ocupadas por índios metidos em mantas longas, coloridas. No fundo do salão, erguia-se uma escadaria, que levava a um patamar. No patamar, apenas um trono, e atrás do trono uma cortina enorme, também dourada.

O espanto do prisioneiro era tamanho que terminaram as dores, a febre e o cansaço. Foi colocado na base da escada que levava ao trono. Suas mãos foram desamarradas e ele permaneceu de pé, colocando-se na posição mais digna que lhe permitia o seu corpo exaurido. Esperou que aparecesse o rei, o imperador, quem quer que fosse para ocupar o trono. O que viu, porém, foi mais surpreendente: um índio enrolado numa manta vermelha ficou ao seu lado, também de pé, e iniciou um discurso, em voz alta e pausada, dirigindo-se ao trono vazio. Quando terminou sua fala, ouviu-se uma outra voz, forte e ainda mais solene, que vinha do alto, de trás da cortina.

Juan Martinez nada entendeu. Mais tarde iria compreender tudo o que se passava. Sua prisão tinha sido narrada ao Imperador, bem como ordens tinham sido solicitadas, com relação ao seu destino ali, na cidade de Manoa. Sem saber, tinha sido apresentado ao imperador dos chibchas, e julgado sumariamente. A voz por trás da cortina era do próprio Imperador dos chibchas, um ser tão sagrado que ninguém podia ver — a não ser em uma única ocasião especial.

Naquela audiência com o imperador, o destino de Juan ficou definitivamente selado, agregado à cidade, ao povo e à civilização chibcha: o imperador, sabendo que o prisioneiro era da terrível raça dos homens brancos, e que estava completamente despojado de seus poderes mágicos, não seria sacrificado. Vivo e prisioneiro seria mantido, a fim de ensinar ao imperador e aos seus mais altos dignitários, as mágicas dos demônios brancos. Teria de mostrar e instruir como fazer os mortíferos paus-de-trovão, e criar aqueles monstros domados de quatro patas, que montavam com maestria.

Por mais de cinco anos Juan Martinez permaneceu na cidade de Manoa. Sagaz e inteligente, não demorou a aprender o linguajar de seus captores. Entendeu bem porque não fora sacrificado. Não se recusou, mas, obviamente, como nada do que lhe fora determinado era factível, procurou enganar os índios. Para fabricar os bacamartes, os temíveis paus-de-trovão, não havia material, nem ferramentas, nada que pudesse utilizar no fabrico das armas. “Criar” cavalos, então, nem pensar.

Martinez foi entregue aos cuidados do mesmo índio que fora porta-voz de sua situação, na apresentação ao Imperador. Teve certeza, desde o início, de que sua vida fora preservada para alguma finalidade, talvez o quisessem como intérprete para negociar com os exploradores. O tratamento recebido pelo anfitrião, cujo nome era Mitemokam, foi bom. Passou a morar no seu palácio, uma das construções douradas da grande praça de ouro. Tinha família: mulher, dois filhos e uma filha. Muitos serviçais escravos. Com os meninos e a menina aprendeu rapidamente a língua dos chibchas, e com o próprio Mitemokam, teve a explicação dos usos e costumes da civilização chibcha. A mulher de Mitemokam, porém, era arredia e jamais trocaram sinais ou palavras.

Foi Mitemokam quem lhe explicou a extraordinária importância do imperador e da religião que praticavam.

— Nosso deus é o Sol. Seus raios são de ouro, que se derramam sobre nós, para glória de nosso Imperador. Adoramos tanto o Sol quanto o nosso Imperador. E assim como ninguém pode olhar diretamente para o Sol, ninguém jamais pode olhar diretamente nosso Imperador. Ele vive recluso no interior da pirâmide e da qual só saía uma vez, no “começo do tempo das flores nas árvores” (assim chamavam a estação da primavera). Era uma ocasião solene, para a qual o imperador era preparado: mantendo os olhos fechados, dez moças virgens untam-no com resina, e depois sopram ouro em pó sobre seu corpo, revestindo-o completamente desse metal precioso.

— Em seguida, o Imperador é colocado no trono e transportado para o lago sagrado de Guatavita, onde uma jangada o espera. A embarcação já está cheia de oferendas valiosas, feitas por todas as tribos vassalas do Imperador. O povo se espalha pelas margens do lago. O Imperador brilha sob o sol. Colocado na jangada, esta é conduzida pelos remadores até o centro do lago, onde o Imperador lança às águas as oferendas.

No decorrer de sua permanência entre o chibchas, Juan Martinez assistira por diversas vezes esse ritual, e a cada vez se admirava mais e mais com a riqueza que era mergulhada no lago sagrado. Mesmo sem saber por quanto tempo esse ritual já havia sido realizado, sabia que um tesouro de valor incalculável estava nas profundezas do lago Guatavita.

Tudo isso o espanhol ia aprendendo e guardando na memória. Mais dia, menos dia, escaparia daquela cidade e, então, seria o detentor do segredo mais valioso de toda a história. Os índios eram pacatos, trabalhadores, praticavam a agricultura e a pesca nos rios e no grande lago sagrado. Juan acompanhava Mitemokam por toda a vasta região cujo centro administrativo era a cidade de Manoa. Mas nunca conseguiu saber onde ficavam as minas de ouro. Sabia, sim, que a maior parte vinha das outras vilas e cidades do império. Mas as minas eram ou bem escondidas ou situadas em locais de acesso restrito aos mineradores.

Ganhou a confiança de seu hospedeiro e de outros nobres. Viajou. Ficou famoso e chegou até gozar de alguma influência na corte. Ganhou presentes, que guardava com zelo. Principalmente os pequenos artefatos de ouro: colares, braceletes, pulseiras, enfeites diversos. Seriam o testemunho de sua história, da história de Manoa de El Dorado, cuja notícia um dia levaria para seus patrícios.

Ao mesmo tempo que cultivava uma falsa amizade com os indígenas, Martinez planejava a fuga. Com cuidado e paciência. Enfim, numa escura noite andina, encheu seu alforje de comida, machadinha, facas e facão, alguns poucos utensílios de uso na caminhada, roupas e pequenas jóias de ouro e, sorrateiramente, deixou a cidade. A caminhada na direção da passagem secreta não foi difícil, pois a rota já era sua conhecida, tantas vezes tinha voltado à vila onde passara sua primeira noite, como prisioneiro. Seguiu direto pela trilha, desviou alguns quilômetros antes da vila, passando ao largo dos postos de vigia mantidos pelos chibchas.

Após descer as grandes montanhas, encontrou um rio que corria para o leste, coincidindo com sua rota de fuga. Construiu uma rústica jangada de leves troncos de palmeiras. Com ela, navegou rio abaixo. Viajava durante o dia. Ao entardecer, encostava a jangada numa margem, onde passava a noite. Dedicou algumas manhãs para procurar algo que comer, frutas e conseguiu até caçar um animal que inadvertidamente veio beber junto à embarcação. Chegou à região do Rio Orinoco, que conhecia, e pelo qual prosseguiu. Rumo ao leste, sempre para o leste, dizia consigo mesmo a cada remada.

Duas semanas após, um pouco cansado, mas jamais desanimado, foi abordado pelos índios Orinocos, cuja região atravessava. Eram três caçadores, com os quais Juan negociou sua liberdade e passagem pela região, entregando as jóias que trazia. Índios que já tinham tido contatos com os brancos e sabiam do valor do metal amarelo. Ficaram fascinados com a história do espanhol, que conseguiu prosseguir viagem, aliviado do ouro, mas vivo. Para escapar dos índios, embrenhara-se na selva, abandonando a rústica jangada na qual viajara maior parte do tempo.

Seguiu rumo paralelo ao rio, não pretendia se perder agora, já no final da dura jornada. Mas foi vítima de picadas de insetos venenosos, padeceu febre, embrenhou-se com dificuldade pela mata. Cansou-se de abrir picadas com o facão, perdeu-se por emaranhados da selva. Comia frutas aleatoriamente, quando encontrava. Caçar ou pescar, não tinha como. Foi enfraquecendo, a febre diminuía-lhe o ânimo, estava agora barbudo, imundo, nem banho atrevia-se a tomar: o rio era infestado de piranhas, um terrível peixe daquelas águas.

Estava próximo do fim quando se deparou com a expedição do capitão Marguilles.

A ânsia pelo ouro era geral nos exploradores que chegavam ao novo mundo. A narrativa de Juan Martinez, entretanto, não convenceu seus patrícios.

— Está doente e sua história é coisa de louco. — Era a opinião generalizada, expressa francamente pelo comandante da guarnição de San Tomé, na foz do Rio Orinoco.

— Dê-me alguns homens. Vinte que seja. Levo a expedição até o El Dorado.

— Não tenho homens para mandar numa expedição comandada por um louco.

Martinez conseguiu sobreviver e embarcar em um dos navios de volta à pátria. Quando relatou sua aventura para diversos capitães e aventureiros, longe da dura realidade da selva infernal e dos perigosos indígenas, adquiriu certa credibilidade. As dificuldades pelas quais passara, próximas da morte, eram amenizadas, transformavam-se em narrativa épica. O nome de Manoa de El Dorado espalhou-se pela Europa, chegou até Londres, onde um explorador e escritor decidiu organizar uma expedição para encontrar a região do El Dorado.

Sir Walter Raleigh partiu de Londres na sua terceira expedição ao novo continente em 1595. A lenda tinha-se tornado uma história real. Não conseguiu seu intento, mas o nome de El Dorado ficou indelevelmente fixado nas mentes de todos exploradores e aventureiros que buscaram, sem resultados, a fabulosa Cidade de Ouro, a Manoa de El Dorado.

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ANTONIO ROQUE GOBBO (ARGOS) Belo Horizonte, 14.fev.2001

CONTO # 72 DA SÉRIE MILISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 18/03/2014
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