A Viajem Literária de Dom Pedro II
Oras, quando deixas-te de acreditar em chapeuzinho vermelho e que bala de prata mata lobisomem? Ou que papai Noel não existe e que no lugar dele os pais colocavam nas camas de seus filhos os tais presentes em Dezembro? Olhes para ele, mas não mire em seus olhos, pois deles saem faíscas das ciências que transcende um inebriante brilho grotesco para o diamante bruto afinco, se quiseres pode fechar os olhos e continuar fechados, mas, não saberá o que ocorreu, e sim, na maioria das vezes são das cavernas escuras que são solucionados vários conflitos, tais como: ecos de solidão, nostalgias, saudosismo e fuga, e só então direi: onde estas tu o Imperador Pedro II
Então o vejo em meio a uma penumbra viajando tranquilamente sobre montanhas em um vagão de trem, fumando seu velho cachimbo de relíquia familiar... E como de costume lendo um belo livro a beira da janela com uma perna sobre o banco da frente, e ao passo que o trem segue em frente, seus olhos fixavam profundamente em sua leitura, ficando inerte e alheio ao que te acontece ao lado, os raios de sol de outono vão lentamente passando sobre as arvores e lhe alcançam dentro do vagão passa sobre o espelho e lhe traz a claridade entre sombras, o tempo rapidamente passa que lhe parece saltar para dentro da leitura, então se escurece por completo, não o vejo mais...
A caverna literária de Dom Pedro II existe, e retrocede o véu do tempo, e o vejo na infância, na casa de campo da família onde jogava bola no jardim da casa com seus irmãos, seria obvio demais esta retratação, mas sim, ele estava exatamente neste lugar, nesta ocasião, e gosava de felicidade ao brincar com seus irmãos, eles como sempre tentavam roubar a bola um do outro e logo chegava sua mãe que no momento preparava o almoço, e os impedia de brigarem, Dom Pedro I acabara de chegar do campo onde ordenhava as vacas e tratava de seus animais cada gota de seu suor lhe caia com gratidão ao passo que avistava as crianças brincando no jardim e sua esposa sobre a varanda falando com as crianças, ele olhou para ela e ela lhe sorriu com ternura, aproximou-se e lhe deu um beijo sobre os lábios rosados e disse-lhe:- obrigada, ela sorriu e indagou: - Por quê? Então ele continuou: - Obrigada, por ser esta esposa dedicada que sempre está ao meu lado, mesmo em momentos difíceis, e ela sorriu novamente e disse: - Escolhi você para ser meu marido e senhor, e você me escolheu por mulher, então nossa família se tornaram nossas escolhas.
Em bons tempos que a trajetória familiar tomava seu curso Pedro II crescia e se tornava um rapaz já com a maior idade e sobre saía dentre os irmãos, pois era o que mais dava trabalho, era considerado belo. No meio social saía com amigos, passava noites adentro bebendo, era o único filho que ainda permanecia na casa de seus pais, não tinha apreço pelos estudos, já seus irmãos todos estudavam fora ou já tinham suas próprias famílias, ele levava a vida na boemia noturna com jovens senhoras de vida fácil, e as de vida não tão fáceis, mas porem, deixadas de lado por seus maridos, bem, lhes dava momentos de paixão, seus pais lhe aconselhavam e não sabiam mais o que fazer para que Pedro II parasse de lhes envergonhar perante a sociedade, era o filho que carregava o nome de pai tinha a responsabilidade de sucessor de Dom Pedro I chefe de estado, mas com tantos escândalos ele acabará de envergonhar cada vez mais sua família, logo ficou conhecido como o filho bêbado e inconsequente do Imperador, e as zombarias se tornaram problemas sérios para o meio político e social de seu pai, e o futuro da nova geração de Imperador parecia incerto. Mas ele não ligava a mínima para o que acontecia com a nobreza, com tanto que ele pudesse sair sem que ninguém o percebesse.
Em uma viajem de negócios a Europa seu pai O Imperador Dom Pedro I o levou para que ficasse um pouco longe do falatório dos bastidores do império familiar e dos “amigos”, e segue na esperança que ele pudesse ficar para estudar. Pedro II se transformou em um problema, talvez o excesso de expectativas em cima dele ou cuidado dos pais em dar-lhe sempre o que queria o transformou em um adulto problemático, os pais não entendia, o que acontecia e se sentiam meio culpados, pois ele escolheu um caminho que não era o que eles desejavam para seu filho, era pervertido subjugava todas as jovens que serviam na realeza, vivia bêbado, não tinha dinheiro e acabava por afanar bens dos próprios pais, levava a vida libertinamente e os amigos que tinha só se aproximavam quando tinha dinheiro, era totalmente o contrario do que seu pai sempre sonhou pra ele.
E chegando a tal cidadela na Europa seu pai iria tratar de negócios e o deixou no Hotel da cidade, Mas, ele se encontrou solitário e saiu pra dar uma volta e começou a ouvir um canto sereno e encantador então o seguiu pelos becos e ruelas, um canto em uma voz doce e sutil, então se aproximou e viu uma jovem camponesa inexplicavelmente bela aos olhos de Pedro II, estava a ordenhar cabras e cantarolando, ele não se conteve e com um leve sorriso aproximou-se e ficou ali em pé, escorado em uma árvore a observar, num instante ela o percebe e logo lhe pergunta o que estava olhando: E o que faz ali, Ele responde dizendo: que estava apreciando a paisagem, ela não gosta do seu excesso de confiança, e manda que vá embora, no entanto ele não quer ir, ela então passa por ele, e ele vai atrás dela, e nos dias seguintes que se segue, ele acaba por encontrar a donzela varias vezes, o pai chega a perguntar onde ele passa todas as tardes, mas ele relutante não revela, então chega o dia de Partir ao Brasil, e chegando lá tudo corre como de costume, nos meses seguintes chega a noticia, ele deixou grávida uma certa camponesa filha de lavradores na Europa, e seus pais exigia reparação, mas ele apesar de ter se encantado com a donzela não gostaria de se casar, não dando ouvidos a Pedro II a família logo providencia para que a moça chegue ao Brasil e que se casem, nesta ocasião o pai considerava este casamento como uma ultima tentativa de melhoras para seu filho, pois ele ainda guardava a esperança que se tornasse mais responsável, talvez o casamento podia lhe fazer bem. No entanto apesar de Pedro II ter passado momentos adoráveis na companhia da bela plebeia não lhe agradava nada a ideia de se casar, ele gostava de não ter ninguém para dar satisfações, ser livre pra fazer o que quiser e muito menos superar as expectativas do pai e as do império, ele não ligava para os falatórios, não é o que Pedro II esperava, mas nos seus vinte e cinco anos e os pais já cansados, essa seria talvez uma tentativa de muda-lo confrontando com as responsabilidades de seus atos, por fim se casaram e teve um filho, mas ele continuava nas noitadas e levava a vida como um homem solteiro e inconsequente, sua esposa como sempre por vezes que lhe dava banho por estar tão bêbado, ela presenciava cenas libertinas e falatórios envolvendo seu marido, chorava ao vê-lo em estado crítico e mal trapinhos, mais parecia um mendigo do que o filho do Imperador, aparentemente todas as vezes que saia ele queria viver tudo em uma só noite o que não viveu a vida toda sua esposa não o compreendia mas tratava-lhe com carinho quando precisava dela, apesar de suas queixas e querer deixa-lo varias vezes, e mesmo assim não o fez, o amava muito e acreditava que a qualquer momento ele pudesse despertar de seu sono profundo, e perceber quem era sua esposa.
Em uma destas já tarde da noite ele ia voltando para casa e viu uma mulher muito bonita e provocante caminhando em sua direção, observou que era diferente de todas que ele já viu, ele já estava indo para sua casa, mas aquela mulher apareceu do nada e lhe chamou atenção, então ele bêbado e com visão turva, mas que ainda podia reconhecer uma bela mulher atendeu ao seu chamado, e o levou para um beco deserto e meio sombrio e o encostou à parede e já ofegante, aconteceu o inesperado, a parede se abriu e o engoliu, e ele entrou no véu do tempo, estava tudo escuro ele não podia ver, não tinha nada nem mulher, nem parede nem claridade, ficou em trevas, mas, porem, lá longe avistou um fecho de luz pequenina, e ele andou até ao encontro dela, e viu uma vela e um grande livro que dizia: Para aqueles que estão procurando a luz do conhecimento, abra e leia com sabedoria, a chave está na chama da vela, então ele muito curioso tentava agarrar a chama da vela, mas não conseguia lhe faltava algo que ele não sabia o que era, e ficou ali parado pensando, pensando, obsecado de como ia fazer para abrir a tranca do livro, e analisou, mas a mensagem na capa dizia que a chave estava na luz e por mais que ele quisesse ver, ele não conseguia desvendar aquele mistério, mas ele não queria desistir já não era importante ele sair daquele lugar, só pensava em conseguir abrir o livro já não tinha mais medo ficou sóbrio e não tinha mais vontade de se perder nas noites bêbado e continuava olhando e olhando e nada, sem ter para onde ir nem o que fazer o que lhe restava era pensar e pensar como ia fazer para abrir o tal imenso livro, então passado tempos depois, não se sabe quanto tempo ao certo, pois não se podia contar, ele percebeu que a vela não se acabava por estar acesa, e ele começou a raciocinar que alguma coisa acontecia para que a vela se mantivesse acesa, então começou a estuda-la mais, e olhando e olhando para a luz da vela, então perceber que estava se formando um pequeno risco na chama, com passar do tempo, ele não retirava os olhos dela, então surgiu um pavio, era diferente das outras velas, era mais escuro e sua chama estava levemente inclinada, se parecia com uma chave, e foi assim que percebeu que teria de fazer uma escolha muito difícil, então Pedro II teve uma ideia maluca e totalmente sem sentido, mas poderia dar certo, e se desse errado, ele ficaria na escuridão, e perderia a única luz que tinha, e também sua visão totalmente, era um risco muito grande, mas estava ansioso e sentia que tinha de fazer, tinha que tentar, então cresceu nele uma vontade imensa de voltar para casa, para seu lar, não queria ficar ali para o resto da vida sem ver a claridade, e sem achar a saída, algo lhe dizia para se mexer que fizesse qualquer coisa, então decidiu apagar a vela, ficou muito escuro... Ele não conseguia ver nada, para todo lado que olhava estava em trevas, e por alguns momentos Tudo parou... Só então, ouviu-se um grande ruído como um gatilho enferrujado parecido como de uma tranca de uma porta se abrindo, então seu rosto clareou com um forte fecho de luz que saía da primeira pagina do grande livro que iluminou todo aquele lugar, ele só conseguiu abrir com a chave que era o próprio pavio da vela, que representava a fonte do conhecimento, sabedoria, e autoconfiança que existe em todos nos, e que por muitas vezes não enfrentamos nossos medos que estão adormecidos, e a luz só permanece acesa conforme a curiosidade, determinação e ousadia de cada um, e ele abriu, já com desejo no coração e lá se encontravam todas as historias escrita por aqueles a quem tinham o desejo escondido reprimido encarcerado e que ali podiam voar livremente nas paginas encantadas das histórias, ver as belas cascatas, os pássaros voando e fazendo seus ninhos, nos seres mitológicos, nos romances de castelos encantados, nos contos, nas ciências, nas poesias, nas figuras de personagens que parecem saltar de dentro para fora, e ele se encheu tanto que parecia não querer largar mais o livro, virou escravo daquele livro onde a política o libertava onde não tinha sociedade só existia seu mundo seu livro seu tudo no meio do nada.
Depois de passar tempos e tempos ali, percebeu que já estava de roupas gastas de cabelos e barba grande, não tinha fome nem sede, ele então resolveu que já era tempo de voltar então procurou a saída daquele mundo, e com aquela luz toda e com sede de mergulhar cada vez mais no fascínio daquele mundo ele nem percebeu que ali logo adiante tinha varias portas, mas não era tão fácil assim sair daquele mundo que o prendia, mas ele por um ímpeto qualquer quis prosseguir apesar da vontade de querer muito ficar, então deixou o livro onde estava aberto para que pudesse iluminar seu caminho ele caminhou em direção as portas, mas qual delas deveria entrar! Qual era a certa! Será que tinha alguma porta certa? Estas questões pairam no ar de querer às vezes tentar desvendar os segredos e ultrapassar os limites da lógica e o acaso, mas Pedro queria voltar para casa queria poder mudar sua historia queria lhe da uma chance de ter uma historia pra contar no amanha, queria deixar seu legado, e se deu conta que errou muito, que quebrou a confiança de seus pais sua esposa seu filho e de um país inteiro, as expectativas eram muitas sobre ele, enquanto andava de um lado para o outro na escolha de qual porta prosseguir a diante, se questionava, de como seria se ele tivesse tomando outro rumo na historia se ele acordasse em um belo dia e der repente descobrir que era realmente o Imperador do Brasil como seu pai tanto queria, começou a pensar que poderia ser um grande homem com poder nas mãos e responsabilidades, e que talvez nunca se caçasse de ser um grande homem, talvez pudesse permitir ainda jovem ser manipulado pela realeza e clero? Ou talvez fosse manobrado por ser um diplomata serio e tímido? Ou ainda seria muito feliz com sua esposa e filhos? Então milhares de perguntas começaram a entrar e sair de sua mente ele ouvia tantas vozes que estava o deixando louco começou a se debater suado e nervoso que caiu ao chão de joelhos em prantos com as mãos sobre a cabeça, dizendo para as vozes parar de atormentá-lo.
E passando algum tempo ali ele se acalmou refletiu muito em toda sua vida e o que poderia ter sido e não foi neste momento que uma porta pequena se abriu e de lá saiu uma bela luz, ele percebendo logo sentiu de entrar nela, não queria deixar para traz o livro, mas não poderia leva-lo ele era pesado demais pra carregar, ali continha todas as historias, contos, ciências poesias, poemas, romances, e dramatologia que outros que passaram e passam por ali cravaram nele, e deveria ficar ali, para que em algum outro momento outras pessoas pudessem desfrutar de seu grande conhecimento e também de sua própria historia. Então Pedro II compreendeu que deveria partir sem ele, e entrando naquela porta tudo se escureceu novamente e permaneceu em silencio e confuso, o tempo parou, o ar não se movia, o véu do tempo tornou a traga-lo, e não mais se ouviu falar do grande livro do conhecimento e do mundo de escuridão.
E Pedro II o homem simples do campo e de grandes desejos, ou diplomata político exigente que reinava com punhos de aço? Quem vai saber talvez você leitor se puder imaginar o que realmente ouve, ele pode ter conseguido o que tanto queria voltar para casa ter se arrependido e retomado seu casamento e se transformou em um grande político o melhor de todos os tempos, mas também pode ter se perdido em outras portas literárias, se foi o que realmente aconteceu, podem desvendar o real do surreal? Seja qual for sua resposta guarde para si, e medite nela, então foi desperto de sua inércia literária ou será de seu sono profundo? A caverna é fria e úmida, mas também pode ser reconfortante quando necessário todos nos precisamos dela, Pedro II esteve nela soube usar todo seu tempo quando esteve lá, viajou sobre a fênix, galopou em belos cavalos, correu na grama verde, se banhou nas cascatas de belas águas cristalinas com as lindas sereias, ele podia até voar como “Peter Pam”. No final é assim, nos tornamos mesmo como crianças, que se encontra as escondidas dentro de nós loucas pra sair, e as vezes só as vezes a sufocamos ou as liberamos demais, e que no véu do tempo podemos viajar como ele.
Assim cá está ele, velho e cansado demais, e já se fala em morrer nestes dois últimos anos refugiado no seu mundo, com seus livros e anseios, com suas paixões, e por um golpe ele foi exilado, mas talvez ate lhes agradecessem por tal procedimento, é como tudo na vida tem um preço, aqui o preço foi literalmente deixar de respirar para ter o reconhecimento de tanta renuncia por escolher servir, pois foi o melhor de todos os tempos, hoje ditam isto, mas morrer o físico, pois esse sim, se vai, a terra come, mas seu legado fica para sempre, e de alguma forma se sentirá livre, isso mesmo livre, sem algemas sem temas, sem festas, sem cobranças, sem política, sem o terrorismo da alta sociedade, sem pensar que não conheceu a tão sonhada e verdadeira alma gêmea, sem quês e porquês. Suas últimas palavras foram: "(Deus que me conceda esses últimos desejos - paz e prosperidade para o Brasil)”. (Imperador Dom Pedro II).
Em fim agora o vejo, o vejo claramente, em viajem no mesmo trem, até parece um dejaví ele seguia sobre montanhas verdes e de belas paisagens e o Senhor Imperador Dom Pedro II imponente, apreciava a paisagem sentado fumando seu velho cachimbo relíquia de família, com a perna sobre o banco da frente e lendo um belo livro como era de costume e alheio o que lhe acontece ao lado, e o sol tímido de outono entre sombras das árvores tomava conta do vagão, ele me parecia muito tranquilo e tinha ate um leve sorriso nos lábios como se quisesse dizer: estou gosando de paz e plenitude, não consigo ver onde o trem vai parar se é que ele vai parar, a sensação que tenho é que esta viaje não vai ter fim, e ele viajará por tempos em tempos, onde a cada pagina de um livro ditará o caminho por onde percorrer, e assim se libertou do mundo de escravidão para a tão sonhada liberdade, sim a carnal, a espiritual, a psicológica a sentimental e só então percorrer por belos mundos e mares da leitura como era de seu profundo desejo, afinal, agora ele tem todo tempo do mundo para reescrever sua própria historia.