Uma foto...
Ei, moço, por horas a fio ensaiei como pedir-lhe uma fotografia; poderia, sim, usar de má intenção e copiar sem ordem... o que iria mesmo me divertir, admito, pois parece q o proibido tem sempre gosto bom. Desejei que me desse, de suma e boa vontade, contrariando talvez meu ego de "pedir", pois algo tão particular precisaria mesmo que deixasses...
Não tão somente uma figura, ali está aquele para o qual meu riso sai naturalmente; engolir em seco pois me entregar tão na cara assim de nenhuma maneira o farei. Naquele papel, seria um homem comum, "é você", motivo pelo qual diversos minutos me acordam no meio do nada para lembrar de pequenas passagens a seu lado, que me fizeram duvidar em silêncio de coisas que luto contra. Difícil controlar o coração e fazer a mente se impulsionar para a realidade, talvez porque não quero enxergar, ou não aceitar.
Uma foto, apenas. Tão pouco perto de tanto que eu queria pedir, um afago, um apoio, uma ponte; ali te olhando esqueço de tudo o mais, desta doença que me corrói, deste desprezo que me faz infelicidade. Procuro trabalhar, esquecer por tempo indefinido que estive contigo, horas depois me pego lembrando dos meus dedos nos seus cabelos, perto demais e tão distante. Guardo para mim tudo o que tu não queres, moço, pois me senti viva, ali contigo, feliz. E nada mais me importa no momento. Isso eu terei aqui, para sempre...