PROPOSTA OBSCENA

Ele chega ao local combinado. Olha o relógio. Está uma hora adiantado. Tudo bem, senta-se e aguarda. O local, uma praça pouco movimentada de um bairro do subúrbio. Sente uma chuva fina molhar seu rosto, mas ainda assim permanece. Confere um dos bolsos da jaqueta. Encontra o anel. Sorri de satisfação com o momento.

“Será que ela vai aceitar a proposta?”. Não tinha duvidas do amor que sentia. Mas e ela? Será que... Deixa pra lá.

De repente, ela! Linda num vestido justíssimo que embala a cintura fina e o quadril largo; morena; cabelos encaracolados, olhos amendoados cor de mel. Ela vem, ele levanta. Chega perto. Ela sorri e ele diz: “Quero me casar com você”; ela não esconde o susto e depois de um tempo começa a rir, rir e rir. Ele não entende. Ela continua rir. Ele pede pra que ela pare, mas ela continua só que agora o sorriso se converte as gargalhadas; ele segura forte o braço dela, pede mais uma vez: “Para!”; ela puxa o braço com violência, interrompe as gargalhadas e diz: “Eu vim por causa do programa! Você me ligou para um programa! Eu quero o seu dinheiro. Só isso. Você vem com esse papo de casamento? Ta claro que você é doido!” - e volta a sorrir aos berros.

E Ele fica lá parado segurando um anel na mão direita, com a chuva molhando seu terno novo, enquanto ela se contorce de tanto rir.