À SOMBRA DOS OLHOS DA NOITE Capítulo I – OS PIGMEUS –

Perante os sombrios olhos daquela noite,

Navegávamos sobre convulsas e intensas

Regas d’um mar inquieto, indócil e feroz...

Ainda me lembro como se fosse hoje!

Gigantescas ondas reinavam-se naquele pélago,

Assombrosas cenas se apoderaram da nossa visão...

Escarcéus se formaram delongando nosso curso,

Constituindo-o em longos momentos de temor...

Desorientada, a bússola girava loucamente,

Desalinhada em seus trezentos e sessenta graus...

A caravela desvairadamente se colidia às bebedeiras,

Que a conduzira para um adventício arquipélago...

Foram tensas horas de pavor sobre as atraentes águas,

De um oceano completamente descompensado...

Então nos atracamos ali, perdidos numa daquelas ilhas,

E ao pisar naquele solo, sentimos haver algo estranho!

Quando parecia estarmos aliviados de toda agonia,

Pequeninos homenzinhos negros, de repente,

Abordaram-nos com suas fiéis e afiadas lanças,

Envolvendo nossas cabeças em capuz de folhas...

Dirigindo-nos adentro a uma mata densa e fria,

Mantendo-nos como prisioneiros naquele úmido lugar...

Estes pequeninos e corajosos homenzinhos negros,

Não nos assentaram a nenhuma situação de risco...

E ao chegarmos à aldeia bem guardada pela mata densa,

Imediatamente livraram nossas cabeças daquelas coisas...

E ao defrontarmos com uma arquitetura bastante distinta,

Percebemos que não se tratava de conquista alguma...

Apenas improvisaram-se como nossos leais guardiões,

Protegendo-nos dos milhares de olhos da mata escura...

Compreendidos pela boa ação daqueles homenzinhos,

Então os pedimos que nos ajudassem com a caravela...

Prontamente puseram-se todos a nossa inteira disposição,

Além de oferecer alimento e abrigo para toda tripulação...

Mas como as cabanas eram módicas ao nosso arquétipo,

Preparam-nos diversas redes fabricadas de fios de cipó...

Revestiram-nas com espessas camadas de folhagens,

E ali nos acomodamos até o raiar do sol no dia seguinte...

Ao clarear o dia trazendo consigo seus luminosos raios,

Os pigmeus já estavam prontos alocados à nossa volta...

Rapidamente nos colocamos de prontidão rumo ao mar,

Em direção à caravela que lá se encontrava atracada...

Os pigmeus nos permitiram a seguir por suas trilhas,

Sem que usássemos aqueles indigestos e ardentes biocos...

De tal modo seguimos o destino que nos impetrava,

E após caminharmos por algum tempo meio ao mistério...

Novamente avistamos o azul do céu aberto aos olhos

E nossa escudeira um tanto quanto sintetizada pelo ato...

Mas como tudo numa oportunidade terá seu embaraço,

Perfeito, foi o mar não ter nos tragado por completo...

E ainda mais, mas o mais importante nessa estória,

São eles, esses pequeninos homenzinhos negros...

Indivíduos comuns, tão comuns assim como nós,

São os pigmeus, os negritos, são seres humanos...

Homens que muitas vezes foram ou serão escravizados,

Mas que viverão libertos, na imagem da nossa imaginação!

Autor: Valter Pio dos Santos

01-set-2013

Valtin Kbça Dipoeta
Enviado por Valtin Kbça Dipoeta em 03/09/2013
Reeditado em 03/09/2013
Código do texto: T4464839
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