BAU

BAU DA SAUDADE

Hoje decidi sair sem rumo. Fazer tudo diferente do que de costume. Andei como se diz: sem lenço, sem documento, seguindo caminho

do vento que soprava em direção ao mar. Chegando a beira da praia, a mesma praia que á muito tempo eu teria jogado ao mar um baú cheio de presentes, retratos, lembranças suas. Sentei-me então na areia fina, observando o vai e vem das ondas que pareciam anjos dançando pra mim. Com meu olhar distante e pensamento também, quando lentamente em meus pés tocou um pequeno baú. Meus espanto ao ser que se parecia com o mesmo baú que em a muito tempo eu havia jogado ali. Com um pouco de dificuldade, pois o cadeado estava enferrujado, consegui abri-lo. Estava tudo ali, mofado, vidro do retrato quebrado, retrato úmido e desbotado. Meu coração parecia querer sair pela boca. Eu que passara tanto tempo de minha vida tentando esquecer-me de tudo que vivi, que chorei e que sofri, deparei-me com tudo ali dentro daquele baú, representado por aqueles objetos. Na ocasião não pensei em nada, o baú representava tão somente, arrancar do corpo meu coração que carregava você, uma vez que partisses sem dizer-me a ração e por que. Na epoca enchi o meu baú com todas as lembranças, achando que tinha enterrado para sempre até mesmo o meu adeus. Mas hoje sei que era o baú da saudade e que tudo na verdade estava dentro do meu peito.

JANINE DA PALHOÇA
Enviado por JANINE DA PALHOÇA em 30/08/2013
Reeditado em 27/04/2015
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