A Aldeia (XL)
 
A grande reunião foi marcada para a semana seguinte aos encontros tidos com os povos da região, que seria realizado na Aldeia Maurid,  por insistência do Chefe Maltes, pai do jovem Malto.

Todos os delegados foram convidados para dormir na Aldeia Maurid, porque as decisões que teriam de ser tomadas, provavelmente teriam desdobramentos que precisariam de tempo para consulta entre os conselheiros dos chefes e reis.

No início da reunião todos se apresentaram e o chefe Maltes, que fazia o papel de mestre de cerimônias e anfitrião, apresentou Amom e o rei Auan, em seguida apresentou a rainha Kally que quando se levantou para que todos a vissem, foi longamente ovacionada, porque o chefe dos Bores se encarregou de espalhar sua fama de reencarnação da deusa do mesmo nome, que era responsável pelo desdobramento da vida e da regeneração no reino de Orum. Depois das palmas prolongadas, finalmente foi apresentada Aulah, como esposa do comandante Amom.
O rei Auan fez um longo relato dos acontecimentos, dos sumiços dos guerreiros de todas as tribos, informando o número dos desaparecidos, quando enfatizou que toda uma tribo do lado ocidental, quase na costa atlântica, foi capturada e só se soube desse fato devido a um rapaz da tribo que namorava uma jovem de outra aldeia, que não estava no local no momento da captura. O rei Auan relatou ainda que a única pessoa que havia escapado da fortaleza onde eles mantinham as pessoas presas, tinha sido o comandante Amom, ao seu lado, que também foi muito aplaudido. Descreveu o poderio bélico do grupo e a fortaleza onde ficavam retidos os aprisionados num grande pátio ou em celas fétidas, se o prisioneiro fosse rebelde. Enfatizou que Amom foi preso dentro de uma jaula, ao lado da jaula onde estava preso um leão. Em seguida ouviu-se o povo dizer:
- Ah!
Depois ele passou a palavra para Amom, que foi muito objetivo, perguntando aos chefes das tribos o número de guerreiros que eles cederiam. Ele anotava tudo conforme era dito, como se fosse uma ata de uma reunião. No final somou um exército de trezentos e trinta homens, dezenove guerreiras, vinte e duas pessoas de apoio, quatro carroças vinte e cinco cavalos arreados, vinte arcabuzes e cem quilos de pólvora.

Depois do levantamento feito por Amom ele propôs que os comandantes de tropa fizessem uma reunião à parte do outro encontro que já estava acontecendo entre os chefes das tribos, reis e alguns líderes, para decidirem se realmente todos queriam
  formar uma grande nação única. Quando isso foi decidido, o chefe Malte dos Maurides, propôs que todos se mudassem para a tribo Maurid e se agregassem num só povo. Como não houve consenso em sua proposta, e percebendo que cada um puxava a brasa para a sua sardinha, a rainha Kally deu uma sugestão:
- O melhor lugar que existe hoje para se instalar uma grande nação, está nas margens do lago Aroum, onde antigamente vivia a tribo Van, que foi expulsa pelos Cored. Aquele é um lugar paradisíaco, com água em abundância, onde há caça e pesca, a terra é boa para se plantar, não existe lugar melhor para se morar! Com trezentos guerreiros nós tomamos aquele local, todos nós nos mudamos, nos instalamos e eles que procurem outro local para ficar... Não estaremos fazendo nada de errado, meus senhores, é a lei do retorno. Ela foi aplaudida de pé e a sua proposta foi aprovada por unanimidade.