A Aldeia (XXXVII)
Roan reuniu as guerreiras para mais uma manhã de aulas, era para o treinamento de flechas ao alvo, e como sempre as duas irmãs Caaleje e Caaleb eram as que melhores resultados obtinham. Mas naquela manhã algo estava diferente, Caaleje não estava passando bem, havia vomitado e na hora do treinamento teve tonteiras, sua vista escureceu e ela desmaiou.
Roan interrompeu o treinamento e chamou Ormec para ver se ele tinha algum chá para que Caaleje melhorasse. Ormec examinou a moça com cuidado, lhe fez algumas perguntas e depois foi conversar com Roan.
- Parabéns, meu amigo, você não precisa se preocupar com ela, a moça está bem e não precisa de nenhum remédio... Você vai ser pai, Roan!
- Eu vou ser pai, você tem certeza?
- Ora, não tenho nenhuma dúvida!
- Essa eu não esperava, Ormec, não era para ter acontecido isso...
- Como não, se viemos para aqui exatamente para isso?
- Imagina se o marido dela estiver vivo e se for libertado... Ele não vai gostar nada de saber disso...
- Ora, não seja ingênuo, Roan, nós viemos para cá exatamente para fazer filhos, não se lembra? Não se preocupe, tudo vai se ajeitar, veja o caso do Amom e da Aulah, você acha que ele não sabe que ela teve algum caso conosco, no caso com você? E o que ele fez? Ficou na dele... Afinal, ele nem precisava se considerar um corno, porque era dado como morto, e não existe defunto corno, meu amigo...
- Mas é diferente, Ormec, vai nascer um descendente dela...
- Ora, ela explica, ele entende e acaba criando... E quem cria é o pai! Então você sai de cena, meu amigo, não crie problemas onde não há! A única coisa que posso lhe dizer além do que já lhe disse, Roan, é parabéns papai!
A Aldeia Maruco ficava às margens do rio do mesmo nome, com formação de águas negras e volumosas que corriam numa planície, e quando ele transbordava, o que era frequente na época de chuvas, inundava, fertilizando uma grande área, onde os habitantes da Aldeia Maruco aproveitavam para plantar milho, feijão branco e abóbora. Nas encostas eles plantavam uma espécie de abacaxi ou ananás, com casca de cor vermelha e com o interior amarelado, de um gosto muito característico e muito doce.
Os marucos eram um dos poucos povos tribais que viviam da agricultura, os demais eram caçadores e se aproveitavam da extração nativa, sem se dar ao trabalho de plantar para colher.
Eram prósperos e pacíficos, seus habitantes não eram guerreiros, e por isso mesmo eram presas fáceis para os escravagistas. Muitos marucos haviam sido presos e levados para serem enviados para a América.
Por isso Amom já sabia que não poderia contar com eles para a frente de batalha... Mas... Aí veio a sugestão real:
- Quando os guerreiros forem para a frente de batalha, eles vão ter de comer... E vão precisar de pessoas que cozinhem para eles... De transporte para os alimentos... Os marucos poderiam se responsabilizar por essa parte.
- Grande ideia, majestade!
- No transporte também poderemos ajudar, asseverou Malto, além dos cavalos temos carroças, vou sugerir ao meu pai.
- Parabéns, meu jovem, você está prestando um grande serviço à nossa causa.
Os marucos, muito simpaticamente aderiram de imediato à causa, afinal o maior grupo escravizado foi o deles, com sessenta e três rapazes e vinte e duas moças, num total de oitenta e cinco pessoas.
Aproveitando o momento propício, Kally falou para o chefe maruco:
- Todas as pequenas aldeias, como as nossas, ou que não tenham um sistema de defesa eficiente sempre serão presas fáceis para os traficantes de escravos, chefe, e é por isso que estou pensando em propor uma grande união dos povos da nossa região, gostaria que o senhor pensasse nessa possibilidade que iremos discutir quando formalizarmos a aliança de guerra...
- É um assunto interessante para se pensar, respondeu ele...
Roan reuniu as guerreiras para mais uma manhã de aulas, era para o treinamento de flechas ao alvo, e como sempre as duas irmãs Caaleje e Caaleb eram as que melhores resultados obtinham. Mas naquela manhã algo estava diferente, Caaleje não estava passando bem, havia vomitado e na hora do treinamento teve tonteiras, sua vista escureceu e ela desmaiou.
Roan interrompeu o treinamento e chamou Ormec para ver se ele tinha algum chá para que Caaleje melhorasse. Ormec examinou a moça com cuidado, lhe fez algumas perguntas e depois foi conversar com Roan.
- Parabéns, meu amigo, você não precisa se preocupar com ela, a moça está bem e não precisa de nenhum remédio... Você vai ser pai, Roan!
- Eu vou ser pai, você tem certeza?
- Ora, não tenho nenhuma dúvida!
- Essa eu não esperava, Ormec, não era para ter acontecido isso...
- Como não, se viemos para aqui exatamente para isso?
- Imagina se o marido dela estiver vivo e se for libertado... Ele não vai gostar nada de saber disso...
- Ora, não seja ingênuo, Roan, nós viemos para cá exatamente para fazer filhos, não se lembra? Não se preocupe, tudo vai se ajeitar, veja o caso do Amom e da Aulah, você acha que ele não sabe que ela teve algum caso conosco, no caso com você? E o que ele fez? Ficou na dele... Afinal, ele nem precisava se considerar um corno, porque era dado como morto, e não existe defunto corno, meu amigo...
- Mas é diferente, Ormec, vai nascer um descendente dela...
- Ora, ela explica, ele entende e acaba criando... E quem cria é o pai! Então você sai de cena, meu amigo, não crie problemas onde não há! A única coisa que posso lhe dizer além do que já lhe disse, Roan, é parabéns papai!
A Aldeia Maruco ficava às margens do rio do mesmo nome, com formação de águas negras e volumosas que corriam numa planície, e quando ele transbordava, o que era frequente na época de chuvas, inundava, fertilizando uma grande área, onde os habitantes da Aldeia Maruco aproveitavam para plantar milho, feijão branco e abóbora. Nas encostas eles plantavam uma espécie de abacaxi ou ananás, com casca de cor vermelha e com o interior amarelado, de um gosto muito característico e muito doce.
Os marucos eram um dos poucos povos tribais que viviam da agricultura, os demais eram caçadores e se aproveitavam da extração nativa, sem se dar ao trabalho de plantar para colher.
Eram prósperos e pacíficos, seus habitantes não eram guerreiros, e por isso mesmo eram presas fáceis para os escravagistas. Muitos marucos haviam sido presos e levados para serem enviados para a América.
Por isso Amom já sabia que não poderia contar com eles para a frente de batalha... Mas... Aí veio a sugestão real:
- Quando os guerreiros forem para a frente de batalha, eles vão ter de comer... E vão precisar de pessoas que cozinhem para eles... De transporte para os alimentos... Os marucos poderiam se responsabilizar por essa parte.
- Grande ideia, majestade!
- No transporte também poderemos ajudar, asseverou Malto, além dos cavalos temos carroças, vou sugerir ao meu pai.
- Parabéns, meu jovem, você está prestando um grande serviço à nossa causa.
Os marucos, muito simpaticamente aderiram de imediato à causa, afinal o maior grupo escravizado foi o deles, com sessenta e três rapazes e vinte e duas moças, num total de oitenta e cinco pessoas.
Aproveitando o momento propício, Kally falou para o chefe maruco:
- Todas as pequenas aldeias, como as nossas, ou que não tenham um sistema de defesa eficiente sempre serão presas fáceis para os traficantes de escravos, chefe, e é por isso que estou pensando em propor uma grande união dos povos da nossa região, gostaria que o senhor pensasse nessa possibilidade que iremos discutir quando formalizarmos a aliança de guerra...
- É um assunto interessante para se pensar, respondeu ele...