O CASAMENTO
Muitos casais tem abandonado a ideia de costumes e tradições do casamento preferindo uma forma mais original de celebrar. Em se tratando de originalidade, baseada na personalidade e estilo do casal.
Depois de 22 horas com uma escala breve em Doha, no Qatar, processos na imigração nepalesa, chegaram a Kathmandu. Hospedaram-se no Kathmandu Resort Hotel até o dia da escalada. Fizeram todos os preparativos com a lista de mantimentos, utensílios, procedimentos e logística para a grande escalada de 8.848 metros.
Marilda estava morta.
Muitos casais tem abandonado a ideia de costumes e tradições do casamento preferindo uma forma mais original de celebrar. Em se tratando de originalidade, baseada na personalidade e estilo do casal.
Foi assim com Marilda e Hans Van Kol que se conheceram na estação do Metrô pelo acaso...
Marilda, moça bonita, 1,52m estava voltando da faculdade quando viu aquele cara enorme de quase 2 metros de altura com mochila nas costas vindo na sua direção. À princípio ela se assustou pela
abordagem, mas ele só queria uma informação. Estava perdido e não falava português. Ela entendeu perfeitamente, olhou para cima e respondeu com simpatia num inglês fluente. Começou uma amizade.
Trocaram palavras, telefones, emails. Ele voltou para a Holanda e continuaram se falando pela internet.
Seis meses depois ele estava voltando para pedir a mão de Marilda em casamento. Hans foi apresentado à família e a data do casamento foi marcada. Hans era alpinista e Marilda achou o máximo quando ele
teve a ideia da casarem-se no Monte Everest. O pai dela quase teve uma síncope. Não ia ter convidados, e nem os familiares assistindo. Mas se era o desejo dos dois quem iria contestar?
_ Isso que eu chamo de ser levada ao altar. Falou o pai.
_ Agora entendo porque nossa filha ficava escalando laje pra tomar banho de sol. Disse a mãe.
_ Já vi casamento de todo jeito: suspenso no ar em plataforma, casamento em balão, casamento no fundo do mar, casamento em avião. Mas casamento no Monte Everest primeira vez. Só nossa filha pra
concordar com toda essa loucura. Não sei onde essa menina ta com a cabeça. Acho que o Hans pensou:
" Pra ficar longe da sogra e começar com o pé direito só casando no Monte Everest..." rsrsrsrs.
_ Pare com suas piadinhas de mau gosto, tá? Sem graça... nada disso. É sonho dele casar-se lá. Afinal, ele é alpinista profissional. Sabe o que está fazendo. Para o amor não há limites. Se a nossa filha concordou
é porque o ama. Acho bem romântico o gesto. Deixando de lado
costumes e tradições para adotar uma forma bem original e distinta de celebrar. Baseada bem no estilo de quem pratica esportes radicais.
costumes e tradições para adotar uma forma bem original e distinta de celebrar. Baseada bem no estilo de quem pratica esportes radicais.
_ Mas tinha de ser no Monte Everest? Tanto morrinho mais perto e acessível por aqui. Realiza comigo:
O grupo de malucos, começando pelo pastor alpinista que quer ir pro céu dos dois jeitos: orando e escalando. Mais o casal de padrinhos austríacos escalando, mais o suíço e uma alemã de testemunhas. Ar rarefeito no meio do caminho. Risco de prováveis avalanches. Sem convidados, carro de noiva, longe da família. Será que vale a pena tanto sacrifício só pra casar? É uma paisagem linda mesmo.. aquelas montanhas cheias de neve, você olha pra um lado vê neve, se vira, vê neve, é neve pra todos os lados, e um frio de matar...
_Já vi que você entende nada de amor...! Deixa de ser ranzinza homem, seu insensível. Respondeu a esposa.
Depois de 22 horas com uma escala breve em Doha, no Qatar, processos na imigração nepalesa, chegaram a Kathmandu. Hospedaram-se no Kathmandu Resort Hotel até o dia da escalada. Fizeram todos os preparativos com a lista de mantimentos, utensílios, procedimentos e logística para a grande escalada de 8.848 metros.
Foram muitos dias de riscos de avalanche, ar rarefeito, acampamentos improvisados no caminho da escalada.Chegaram a barreira decisiva antes do pico, era um paredão superliso de 25 metros, sem qualquer chance de apoio. Escolheram outro lado onde havia uma enorme massa de neve. Foi uma luta contra o tempo, falta de oxigênio...
Hans se esforçou e puxou consigo Marilda que estava muito frágil pela situação vivida. Vieram em seguida os amigos de Hans, o pastor e as testemunhas...eles conseguiram finalmente chegar no cume do monte. Foi quando se abraçaram de tanta felicidade, embora, mal podiam respirar e pronunciar palavras pela falta de ar.
A cerimônia foi rápida, os noivos se beijaram com dificuldade e puderam olhar ao redor entendendo que estavam no topo do mundo. Usaram uma filmadora para registrar o casamento para mostrar à família e aos amigos. E deram início a tediosa e cansativa volta. Pararam num determinado ponto para acampar e seguiram algumas horas depois.
Hans, estava feliz pelo desejo realizado. Marilda tinha conhecido o sabor da aventura, feliz por ter conhecido o homem da sua vida, não estava entendo ainda, se aquilo era sonho ou realidade, a falta de ar causava isso, ela sabia, essa confusão na mente, fazia a pessoa ir perdendo o reflexo das coisas, a visão ficando turva, um amargo
Hans, estava feliz pelo desejo realizado. Marilda tinha conhecido o sabor da aventura, feliz por ter conhecido o homem da sua vida, não estava entendo ainda, se aquilo era sonho ou realidade, a falta de ar causava isso, ela sabia, essa confusão na mente, fazia a pessoa ir perdendo o reflexo das coisas, a visão ficando turva, um amargo
na boca e tudo escurecendo...escurecendo...um delírio, o silêncio...
Hans chamou por Marilda que tinha desabado na neve. Sacudiu-a, chamou, gritou, tentou...fez respiração boca a boca. Ficou desesperado,
quando nada fazia mais sentido, nada adiantava, nem o choro, nem o abraço...nem uma palavra, quando a aventura transformou-se em tragédia...
quando nada fazia mais sentido, nada adiantava, nem o choro, nem o abraço...nem uma palavra, quando a aventura transformou-se em tragédia...
Marilda estava morta.
Nem todo o pecado é loucura e nem toda loucura é pecado.