MOMENTOS MEU PRIMEIRO FILHO, DIÓGENES

Ainda há pouco eu falava com meu filho no telefone, Ficamos quase uma hora relembrando coisas de nossa casa, nossa vida. Quando desliguei fui me deitar, mas não consegui dormir logo. Fiquei me lembrando de muitas coisas. E como num filme, não esqueci nem os pequenos detalhes.

Então resolvi que iria escrever um pouco sobre o meu primeiro filho, Diógenes. As lembranças são muitas em nossa vida, umas boas e outras ruins, mas hoje entendo que como diz a Palavra de Deus:

Romanos 8:28 “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”

Quando me engravidei dele, eu só tinha dois meses de casada. O casamento estava tão bom que fiquei decepcionada quando descobri que estava grávida. Eu era muito nova e não estava preparada. Não me passou pela cabeça, ser mãe tão jovem. Eu gostava de sair, dançar, me divertir... E dentro de dois anos apenas, aconteceu comigo, casamento, trabalho, gravidez. Isso implicava muitas responsabilidades. Então acho que surtei.

Não fosse a paciência do meu esposo, e as palavras duras de minha mãe, meu casamento tinha acabado naquele ano mesmo.

Desde o primeiro dia de gestação eu passei muito mal. Enjôo até o fim.As únicas coisas que paravam no estômago eram,cana caiana e cerveja preta.

Acabei com o canavial da vizinha e ela lucrou muito também.

Onde nós morávamos era muito sem conforto. Toda mulher teria que sair pra cidade de Itambacuri para ter o filho. Lá não tínhamos nem Hospital, nem médicos, apenas um farmacêutico prático muito eficiente. Ele sempre cuidava bem de todo mundo com muito amor.

Meu filho nasceria meado de março. E os meses de janeiro e fevereiro choveram torrencialmente. E lá nem precisava chover muito para as estradas fecharem de lama e não passar mais os carros. E naquele ano, a coisa foi tão feia que nem cavalos estavam passando. Já estava acabando o mês de fevereiro e nada da chuva parar. Nós estávamos preocupados e com muito medo, sem saber como eu iria sair de lá. Fomos conversar com o prefeito pra saber se ele poderia ajudar de alguma forma. Ele nos disse que a única coisa que ele poderia fazer era dar o trator pra me tirar de lá. E ainda tinha que esperar pelo menos uns dois dias de sol. Fiquei clamando a Deus por esse sol. Até que no dia 22 de fevereiro conseguimos sair. Levamos quase o dia todo pra chegar na próxima cidade, uns 20 km. Lá dormimos. Eu nem consegui dormir de dores que eu sentia pelos sacolejos que levei. No outro dia como não estava chovendo, conseguimos uma caminhonete velha que entregava leite na “Barbosa e Marques” e continuamos nossa viagem a até a outra cidade, mais uns 30 km. Dormimos lá de novo. E só no terceiro dia em que fomos para o destino final, onde tinha médico e hospital. Fui chegando tomando um banho e fui direto pra meu médico, pois esses três dias de uma viagem perigosa e cansativa me deixaram irritada, tensa e com dores por todo lado. E principalmente, queria saber como estava meu bebê, pois levei muitos bates na barriga.

Uma viagem que normalmente dura 1 hora e meia, levamos três dias.

No outro dia meu esposo voltou, pois ele tinha que trabalhar e eu fiquei na casa de minha irmã que morava nessa cidade. E acabada a viagem, a chuva parou de cair e tudo secou novamente. Vai entender! Coisa de Deus né?

Meu filho nasceu no dia 12 de março. Foi tão sofrido o parto que quando terminou eu não quis ver ninguém, virei pro canto da cama e chorei demais!

Tive sinal de parto às 6 horas da manhã, saí rápido pro Hospital, fiquei o dia inteiro sentindo muitas dores, mas só fui ter o bebê às 20 horas.Nossa! Nem sei como não morri, não era o meu dia! Fiquei muito fraca, pois uma enfermeira de quase dois metros e uns 80 kilos, não saia de cima de mim me dizendo pra eu colocar força comprida. Ninguém me socorria dela. Achei melhor depois de muito sofrimento procurar entender o que ela queria dizer e finalmente o bebê saiu.

Eu não consegui vê-lo direito no momento, pois estava muito fraca. Mas depois que eu estava no quarto e a enfermeira o levou, eu pude pegá-lo e fiquei toda orgulhosa, pois o menino já nasceu bonito. Lindo mesmo!

O nome dele seria Sóstenes, há muito eu preparei esse nome. Mas na hora de registrar, alguém me disse que havia um menino que nasceu numa roça e que a mãe teria colocado esse nome. Na hora desgostei! Pois eu queria um nome que ninguém tivesse. Então ficou Diógenes.

Foi muito difícil cuidar de um bebê sem nenhuma experiência. Naquele tempo, ninguém se preocupava em conversar com a gente e nem ensinar algumas coisa. A gente aprendia tudo era na marra!

Aconteceram vários fatos que hoje não vejo acontecendo com ninguém. Tudo se ajeita rapidamente. Mas comigo tudo foi complicado.

Não consegui amamentar a criança, pois tinha as mamas muito grandes e ficava muito nervosa pra conseguir isso. A médica insistia que eu teria que continuar tentando, mas o menino só chorava de fome. E tivemos mesmo que passar pra mamadeira e tomei injeção pra secar o leite. E eu tinha leite que dava pra amamentar meia dúzia de crianças e não consegui dar pro meu filho. Isso me deixou muito triste.

Ele já saiu do hospital com forte icterìcia. Cuidamos e lê sarou.

Ainda ficamos uns dez dias fora de casa até que finalmente viajamos de volta pra casa.

Em casa foi muito difícil. Eu não conseguia cuidar do bebê direito. Ele pegou brotoejas e aquele alastrou pela cabeça e corpo. Ficou muito feio! Levou muitos dias pra sarar. Tive que voltar no médico pra me ajudar.

O pior de tudo foi a alimentação dele. Essa criança chorou exatamente dois meses de dores de barriga. Levei na pediatra, ela me mostrou várias opções. Até que conseguisse alimentação adequada. Leite Ninho, Crema gema, maisena, leite puro, trigo... Tudo!

Mas o pobrezinho chorava a noite inteira e de manhã ele dormia. Eu chorava junto com ele. Não sabia o que fazer! Estava a ponto de enlouquecer! O pai andava com ele nos braços e sacudia , cantava, mudava de posição , pelejava! Enquanto eu ficava olhando os dois, chorava também. Meu marido tinha muita paciência e cuidava de nós dois.

De manhã o pai saia pra trabalhar parecendo um robô, todo cansado! E eu ficava em casa, estava de licença, tentava cuidar direitinho dele, mas eu tinha dificuldades.

Fizemos tudo que a pediatra ensinou pra cessar as dores de barriga, mas nada adiantou. Até que Deus mandou o recurso.

Tínhamos uma vizinha, uma senhora já de idade que se dizia incomodada com os choros da criança e se preocupava conosco também. Pois sabia que nós estávamos cansados. Ela sempre me dizia que eu devia fazer mingau de goma de araruta que era fresquinha e iria acabar com as dores do bebê. Eu dizia que não. A médica não mandou. Mas eu pensava comigo: Não vou dar goma pra meu filho tomar. Isso é muito pobre!

Então um dia ela, de tanto insistir, e eu não aceitar, ela chegou lá em casa com o mingauzinho pronto. Pegou a mamadeira e deu o bebê pra tomar. Eu com vergonha de dizer não, deixei. E nessa noite, o menino dormiu igual uma pedra. Nossa! Fiquei super animada! E todos os dias eu passei a dar esse mingau pra ele e nunca mais ele chorou!

Nunca me esqueci dessa senhora que ficou sendo nossa amiga. Ela já morreu há anos. Mas sempre que vejo alguém da família dela, me lembro dela com muito carinho.

Pude cuidar do meu filho de março até julho. Peguei experiência, ele também sofreu um pouco, mas juntos estávamos muito felizes. No mês de agosto voltei a trabalhar e tive que deixa-lo com pessoa estranha que também não cuidou dele direitinho.

Com apenas 7 meses ela o levava pra sua casa no horário que eu não estava e meu filho pegou 8 bernes na cabeça.Tive que levá-lo ao médico pra retirá-los.

Mas eu fiquei com muita raiva dessa moça.

Com 2 anos e 5 meses ele sofreu um afogamento.

Mas essa é uma outra história que voltarei para contá-la.

Meu filho Diógenes sempre foi uma criança meiga, obediente, educada, inteligente, e principalmente de muito respeito com todas as pessoas. Adora fazer amigos e é muito sincero com suas amizades.

Foi crescendo sem nunca ter dado trabalho pra nós. Nunca nos respondeu mal, nem fez nada sem pedir permissão minha ou do pai.

É um filho abençoado. Foi para os Estados unidos há 11 anos atrás. Casou-se com uma Hondurenha, eles são crentes também assim como somos .

Ele gosta muito de música, toca vários instrumentos, mas gosta mesmo de bateria.

Adora conversar com pessoas mais velhas. Ele realmente se deixa levar pelas conversas dos mais velhos.

Agradeço a Deus pelos filhos que Ele nos deu.

Filhos é herança do senhor! E sou premiada com a minha herança. Depois volto pra falar dos meus outros filhos, Darlan e Daiana.

Que Deus os abençoem sempre!

FATIMA KALIL
Enviado por FATIMA KALIL em 30/06/2013
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