A Aldeia (VIII)
 
As três continuaram a conversa enquanto Auan  se afastou.
Ewa disse para N'Woma e Mormah:

Ele levantou um assunto que eu estou toda noite a pensar, eu não consigo ficar sem homem, estou com medo de enlouquecer por falta de um homem... Já pensei até no Auan...
Mormah deu uma gargalhada e disse:
- Só passando em cima do meu cadáver!
N'Woma também rindo, completou:
 - E em cima do meu também!
Ewa ficou pensativa por um instante e voltou a dizer:
- Mas Auan tem razão ao dizer que a continuidade da nossa tribo depende de nós, e vamos ter de pensar em como encontrar homens para nós...
Mormah interrompeu:
- Qual é o homem que vai querer ficar nesse fim de mundo, no meio do nada, cercado de leões por todos os lados? Em todos os lugares que conheci têm mais mulheres que homens... Nenhum maluco iria querer fugir do manicômio para morar aqui...
- É porque eles não conhecem as gostosa da tribo Van, disse N'Wona rindo...
 
A cacimba já estava com mais de um metro e meio de profundidade, de repente Loala que estava no fundo do poço cavoucando a terra, gritou:
- Água! Encontrei água, meu pé está molhado!
As mulheres se acercaram para ver a água no fundo do poço, mas como estava muito escuro foi preciso que Loala tirasse o barro molhado para comprovar a descoberta.
Quando Auan soube e verificou que a água estava minando, mandou afundar o poço mais um palmo e colocar uma massa de tabatinga na lateral para que servisse como selante e evitasse que a terra desmoronasse das beiradas.  Depois ainda teria que ser feita uma proteção de pedras na parte superior e providenciar a tampa para manter a água limpa.
 
Auan saiu da conversa que teve com as três guerreiras meio decepcionado, queria dizer muito mais coisas que estavam percebendo entre elas, mas que não caberia divulgar, porque a cada encontro que tinha tido com uma das suas guerreiras, ele captava sinais de que elas não estavam aguentando a pressão, mas não era coisa explícita, capaz de mostrar significativamente o que estava ocorrendo, mas em comum, todas elas se mostravam irritadiças e ansiosas.
Estavam com acúmulo de problemas, era a participação ativa como guerreiras, os filhos que exigiam atenções delas, a falta de maridos para dividir as tarefas e até mesmo para compartilhar emoções, eram um acúmulo de coisas diferentes que as estavam sobrecarregando.
Auan saiu de dentro de casa , queria espairecer, o luar estava convidativo e ele parou em baixo de uma árvore, sentou-se e ali ficou apartado de todos, queria refletir.
- Muito obrigada pelo que você me fez, estava lhe devendo um agradecimento...
Era Kally que estava à sua frente,  veio e sentou-se ao seu lado.
- Não precisa me agradecer, você estava muito nervosa, eu fiz o que deveria fazer e acabei me excedendo... Eu é que tenho de pedir desculpas.
- Você fez o melhor para mim, não se excedeu... Eu adorei e quero mais... Sei que você gostou também, senti que debaixo da sua túnica você também estava excitado, não é verdade?
Enquanto falava Kally olhava bem fundo nos olhos de Auan, ele estava impassível, não era possível perceber o que se passava em seus pensamentos e isso a deixava ansiosa. Ela perguntou novamente:
- Não é verdade?
Antes que ele respondesse a mão dela já estava dentro da túnica, alisando, apertando, acariciando-o...
O velho guerreiro entrou na batalha e correu com sua mão pelo corpo de ébano  de Kally, beijou seus lábios e a lua presenciou os dois fazendo amor...