A Aldeia (VI)
 
No dia seguinte Auan resolveu dividir os  três grupos em revezamento, enquanto seis guerreiras faziam ginástica, as outras seis ficavam furando o poço, e o terceiro grupo ficava treinando arco e flecha.
Quando as guerreiras foram treinar arco e flecha Auan estabeleceu um escore de acertos e verificou que três guerreiras já estavam aptas para participar de uma caçada, mas as demais ainda teriam que treinar bastante.
Foi assim que ele reuniu as guerreiras e lhes disse sobre a decisão que havia tomado, de sair com as três para fazer a caçada, ele preferia assim, porque queria ver pessoalmente quais seriam as suas reações diante de uma situação real.
Seria prematuro levar todas elas, poderia ser até perigoso, controlar três pessoas era bem mais fácil que dezoito. Ele sabia que não poderia postergar a caçada por muito tempo, porque o alimento já estava terminando e elas não poderiam ficar comendo somente raízes. Não era salutar.
Assim, ele avisou às representantes dos grupos que levaria as duas irmãs, Caaleb e Caaleje, e também a Kally. As outras ficariam sob a supervisão de Ewa, N'Uana e Marmah, fazendo as atividades programadas.
 
Os quatro saíram antes do dia amanhecer, porque a maioria dos animais iriam beber água logo que o sol clareasse o dia, só levaram os arcos e as flechas no cestinho de fibra que elas mesmas haviam trançado, pendurado nos ombros, e na mão, a lança, nos pés uma proteção de fibra servia para não deixar rastros de cheiro, o que elas não acharam confortáveis, mas era necessário.
Quando saíram na escuridão, os olhos apurados de Auan, visualizavam o caminho, e elas o seguiam de mãos dadas para evitar se perderem.
De longe vislumbraram um grupo de veados que se deslocavam para o caminho das águas, os seus olhos na escuridão eram vistos à grande distância, pareciam dois rubis a brilhar.
Eles esperaram o grupo se aproximar agachados juntos a uns arbustos, para não serem vistos, e haviam combinado que atirariam no último, quando eles passassem.
Assim fizeram,  e as quatro flechas zumbiram no ar e atingiram no alvo, o veado ainda andou uns trinta metros e caiu, dando arrancos e grunhidos, Auan se aproximou e cravou sua lança e ele estrebuchou. Demorou alguns minutos em agonia mas ele o acertou no coração e finalizou a operação.
Kally começou a chorar e teve de ser contida pelas irmãs.
Agora tinham que ser rápidos porque senão o cheiro do sangue iria atrair os predadores.
Como era um animal novo, e não era muito pesado, cada um segurou em uma pata e o arrastaram até uma clareira, onde amarraram duas lanças no corpo do animal, e cada uma, segurando numa ponta da lança e Auan na outra, o carregaram para a aldeia.
As caçadoras ficaram eufóricas, queriam voltar para nova incursão no dia seguinte, somente Kelly permanecia calada, mas Auan achou melhor voltarem ao treinamento, porque nem sempre as coisas ocorrem com as facilidades que aconteceram.
E contou algumas estórias com as dificuldades que havia passado, em que numa delas, ele tinha ficado acuado no alto de uma árvore, enquanto os javalis ficaram lá em baixo esperando ele descer. A sua sorte foi que  urros dos leões os assustaram e ele pode sair e voltar para a aldeia.
Quando as demais guerreiras começaram a abrir o corpo do animal, e Kally olhou para o sangue derramado no chão, ela começou de novo a chorar e Auan teve de levá-la para dentro de uma casa e pediu que as outras os deixassem a sós, que ele iria acalmá-la.
 Ela se agarrou a ele, chorando, de um modo convulsivo, seu corpo contra o dele, e enquanto ele acariciava seu rosto enxugando-lhe as lágrimas, ela se enroscou em seus braços.
Ele percebeu que além da crise nervosa, havia também a falta do carinho de um homem, então, suas mãos experientes correram por todos os caminhos do corpo dela, ela foi se acalmando e passou do choro ao prazer...