Um romance qualquer (parte 5)
Fabíola embarcou para a capital francesa mais uma vez, durante o vôo pensou em tudo que fizera contra seu pai, incluindo o último jantar. Sentia muita raiva do poderoso banqueiro. Até poderia ignorá-lo, mas era muito mais divertido irritar seu pai. Horas e horas depois, Mário a esperava no aeroporto Charles de Gaulle, após um beijo romântico de recepção, foram tomar café no restaurante do Ritz.
- Meu irmão disse que dia ele chega?
- Daqui a dois dias ele chega com a Yoko – o nome da namorada.
- Querido, eu preciso de um banho, vamos para o quarto.
Mário esperava a namorada tomar seu banho, enquanto isso o celular dele tocou, mas era uma chamada perigosa para ser atendida no momento. Fabíola saiu do banheiro enrolada na toalha.
- Então, o que vai ser? Almoço no nosso restaurante predileto e depois compras?
- O almoço eu aprovo. Para quê compras?
- Quero te comprar umas roupas novas, incluindo uma para o jantar.
- Não posso, tenho que passar na universidade hoje.
- Num sábado? O que tem para fazer lá?
- Preciso revisar alguns detalhes do meu projeto.
- Tudo bem, mas amanhã de manhã você não me escapa.
- Amanhã serei todo seu.
Na mansão Lassale, o pai procura a filha, sem sucesso, pergunta a Carlo.
- A senhorita viajou para Paris.
- Paris? Como? Com que dinheiro?
- Não faço idéia Senhor Gilberto.
- Ela gasta o meu dinheiro como água, é incrível. Mas ainda vai me pagar pelo que faz.
Passados dois dias, Cristiano chegou à cidade-luz acompanhado da namorada. Como o combinado, hospedaram-se no Ritz também, mas não teve tempo para falar com a irmã, só a veria a noite, no jantar. Mário deixou Fabíola em uma loja dizendo que ia comprar cigarros.
Algumas horas depois os casais se encontraram no hall do luxuoso hotel. Fabíola estava feliz em conhecer Yoko: brasileira criada no Japão que conquistou o coração de Cristiano. Os quatro foram ao restaurante de um amigo de Cristiano, um chef renomado que fez sucesso na gastronomia francesa. Após pedirem os pratos, começaram a conversar:
- Então é você. Como conseguiu isto? Meu irmão não se apaixona por alguém desde que entrou na faculdade.
- Tenho meus truques. Nós entramos na empresa na mesma época, eu gostei dele logo de cara, mas seu irmão parecia meio bobo e só pensava em trabalhar, mas era um dos funcionários mais aplicados.
- Ele sempre foi o mais comportado. Já eu ... longas histórias – respondeu Fabíola.
- O pai deve ter ficado muito feliz com o seu espetáculo no tal jantar com o Heitor.
- Ele não sabia onde enfiar a cara. Acho que me superei desta vez.
- Vindo de você espero outras ainda melhores, em matéria de irritar o papai você tira sempre dez.
- Eu faço o que posso, irmãozinho.
- Como assim? O que a sua irmã fez? Perguntou Yoko.
- Depois eu te conto. Então Mário, falta muito para terminar o curso na Sorbonne?
- Graças a deus, falta pouco. Eu tenho um dinheiro guardado para abrir um escritório no Brasil.
- Saiba que eu não sou meu pai, eu apóio qualquer um que faça a minha irmã feliz, além do mais, gostei mesmo de você, pra completar a raiva do Senhor Lassale.
Após jantar e sobremesa, os casais voltaram ao hotel, mas Mário não ficou por lá, tinha que voltar para a residência.
- Fique aqui – pediu Fabíola – vamos esvaziar uma garrafa de vinho e assistir a um filme.
- Desculpa meu amor, tenho que ajeitar o apartamento, faz tempo que não o arrumo, parece uma zona de guerra lá dentro.
- Tudo bem, está dispensado, mas amanhã de manhã está intimado a passear conosco, vamos fazer nosso roteiro clássico pela cidade.
- Amanhã estarei cedo em frente ao hotel.
- Cedo? Melhor não, eu conheço os seus horários. Pode ter certeza que eu não vou acordar tão cedo.
- Então me ligue quando acordar.
Mário chegou ao prédio onde mora, o porteiro avisou que uma pessoa esperava por ele na porta do apartamento.
Dia seguinte dez e meia da manhã, o telefone de Mário toca.
- Alô.
- Meu amor, em quinze minutos estaremos aí, apronte-se para sair. Beijos.
- Está bem, vou trocar de roupa – disse Mário que, logo em seguida, deitou a cabeça no travesseiro e voltou a dormir.
Quinze minutos depois foi acordado pela campainha. Mário abriu a porta resmungando e deu de cara com Fabíola, com uma expressão séria e nada animadora.
- O que eu te disse ao telefone?
- Eu voltei a dormir depois, to exausto.
- De arrumar o apartamento?
- E de revisar o projeto, terei que entregar no mês que vem.
- Arrume-se e vamos passear.
- To indo
- Meu amor – interrompeu-o Fabíola.
- Sim?
- O banheiro não fica na cozinha.
Com Mário devidamente arrumado, a dupla de casais foi andar por Paris: Louvre, ponte Alexandre III, a Cúpula de Napoleão e Arco do Triunfo, na Praça Charles de Gaulle. Naquele momento ocorreu o inesperado pelas damas, cada um dos namorados apresentou uma aliança de noivado, mas de formas diferentes. Mário usou de um truque de mágica enquanto Cristiano havia escondido o anel na roupa de Yoko. Fabíola ficou mais impressionada com a atitude do irmão do que a de Mário.
Dia seguinte, Mário acompanhou os três até o aeroporto, Cris e Yoko voltariam para Tóquio e Fabíola para o Brasil.
- Boa viagem minha querida, em pouco tempo eu volto pro Brasil para nos casarmos.
- Eu te espero lá.