Um romance qualquer (parte 4)
Fabíola chegou tarde em casa, todos estavam dormindo, por isso foi logo para o seu aposento, chegando lá, desmaiou na cama. Ao acordar, perto das duas horas da tarde, encontrou um bilhete na cabeceira da cama falando sobre um jantar com seu pai e um outro homem. A moça iria obviamente declinar da proposta, mas resolveu entrar no jogo:
- Ele acha que vai marcar um ponto, mal perde por esperar.
Após ler o bilhete mais uma vez, foi tomar um longo banho e partiu para as compras.
Enquanto isso, na capital japonesa, Cristiano acaba de assinar um contrato, aceitou o homem como sócio. O irmão de Fabíola chegou inclusive a se gabar pensando que sua loja devia ter muito futuro, por atrair um rico investidor.
O jantar estava marcado para as nove horas, Fabíola deveria estar pronta na sala de estar as oito e quarenta e cinco, mas chegara meia hora antes do jantar, seu pai estava furioso, no seu terceiro copo de uísque.
- Veja que horas são, você tem quinze minutos para se aprontar e descer.
- Calma, antes vou tomar um bom banho.
- Não temos tempo para o seu banho de princesa.
- Prefere que eu esteja fedendo como um gambá?
- Claro que não, vá logo tomar banho.
Nove horas e cinco minutos, Fabíola chegou na sala de jantar, trajando um robe, cumprimentou a visita e encarou o pai com um leve sorriso de satisfação.
- Que traje é este? É roupa para sentar à mesa com pessoas importantes? Esbravejou o pai.
- Tem razão, que cabeça a minha, tenho roupas muito melhores.
- É claro que tem. Para que você gasta tanto em roupas afinal? Tire logo isso.
Fabíola tirou, seu pai se arrependeu da ordem, a moça tinha por baixo um vestido estilo prostituta de luxo dos anos cinqüenta. Sentou-se e cruzou as pernas provocando o jovem médico e deixando-o vermelho de vergonha, o pai não sabia onde enfiar a cara.
- Então você é o Dr. Heitor Monteiro, meu pai falou muito de você – mentiu a moça, que não conversava realmente com o pai há pelo menos dois anos – é médico, tem PhD, sócio de um grande hospital no qual meu pai pretende investir o rico dinheirinho.
- Sou eu mesmo, seu pai também fala de você, eu já conhecia o seu irmão do tempo em que ele trabalhava no banco.
- Agora, ele se livrou do meu pai, está no Japão e está construindo a carreira de empresário.
- Isto é ótimo, ter algo seu, sem estar subordinado.
Fabíola e o jovem médico conversaram muito, durante o diálogo a moça bebeu inúmeras taças de vinho, seu pai começara a passar mal. A moça foi servir mais vinho para Heitor e acabou derrubando um pouco na calça do rapaz.
- Carlo, traga um pano molhado para eu limpar a merda que fiz.
- Não precisa, mesmo – agradeceu Heitor.
- Eu insisto.
O mordomo trouxe o pano e Fabíola começou a limpar a calça de Heitor, passou o pano pela coxa do rapaz até chegar ao meio das pernas dele, deixando o jovem excitado.
- Olha só, ele ficou animado – disse a moça apontando para o volume formado na calça.
O pai não agüentou e saiu calado da sala para o quarto. Heitor ficou vermelho com toda a situação e foi embora.
Foi bom o jantar senhorita? Perguntou Carlo.
- O melhor da minha vida – respondeu a moça, com um grande sorriso no rosto.
Cristiano enviou um e-mail para a sua irmã contando tudo o que ocorrera, do novo sócio, das previsões para a loja e que estava com imensa saudade da namorada que estava na Austrália, trabalhando. Combinou de jantarem os quatro em Paris quando ela estivesse de volta na capital francesa. A irmã respondeu, contou sobre o jantar, disse que estava muito contente pela conquista dele, neste momento pensou e se perguntava o porquê de ela não correr atrás de um futuro e ficar dependendo financeiramente do pai.
Fabíola passou a virada de ano com os amigos na casa de Luma. Após beber tanto, estava sem condições de voltar para casa, dormiu por lá mesmo. Ao acordar, encontrou a amiga almoçando.
- Bom dia, bela adormecida. Dormiu bem?
- Sim, mas estou com uma dor de cabeça terrível.
- Por que será né? Quer comer algo?
- Por favor.
- Como está o seu irmão? Queria saber por onde ele anda – Cristiano e Luma tiveram um breve relacionamento na adolescência – faz tempo que não converso com ele.
- Está no Japão, começou o próprio negócio em Tóquio, está indo bem. O mais incrível de tudo, está apaixonado por uma moça
- Sério? Achei que fosse apaixonado apenas pelo trabalho.
O celular de Fabíola tocou, era seu irmão.
- Por falar nele. Alô.
- Oi mana – disse Cristiano, animado.
- Nossa, que euforia a sua.
- Eu tenho motivos.
- Dá pra notar, eu vi o e-mail. Parabéns meu querido irmão, você merece essa conquista.
- Bom, não liguei para falar sobre isso. Você vai para Paris daqui a alguns dias, minha namorada voltou da Austrália, eu combinei com o Mário, vamos jantar juntos. Vou chegar uns dias depois, tenho que ir à Kyoto ver um imóvel para uma filial, de lá nós partimos para a França.
- Estou sem dinheiro para viajar. Como eu vou?
- Eu mandei dinheiro para o Carlo comprar a sua passagem e reservar a estadia no Ritz para nós.
- Finalmente vou conhecer a mulher que te conquistou.
- Espero muitíssimo que vocês se dêem bem. Como estão as coisas com o nosso pai?
- Não leu a resposta do e-mail?
- Ainda não.
- Tem uma pessoa aqui que gostaria de bater um papinho com você – disse a irmã, passando o celular para Luma.
- Não, por favor, não estou preparada. To com vergonha.
- Ela não quer falar agora, deixa para a próxima.
- Era a Luma. Não era?
- Sim.
- Ouvi a voz dela.
- Melhor desligar mano, está gastando horrores com essa ligação. Eu sei que seu sócio é rico, mas ele não vai pagar a conta do teu telefone.
- Tchau, te vejo em Paris.
- O que ele contou? Perguntou a amiga, curiosa.
- Ele está muito feliz, está expandindo, vai abrir uma loja em outra cidade.
- Que ótimo, tá dando tudo certo.
- Eu fico pensando. Por que eu não estabeleci uma meta para a minha vida? O que eu faço? Vivo com um pai que só liga para a grana, fico bêbada todos os dias. Estou cansada, este ano farei o vestibular e começo a construir meu futuro.
- É importante correr atrás de um objetivo na vida, torço muito para que encontre teu caminho.