A CULPA E O DESEJO

A CULPA E O DESEJO

Ela vivia uma vida que muitos considerariam perfeita. Um casamento estável, um marido que a tratava como uma rainha, filhos que eram o orgulho de seu coração. Tudo parecia estar no lugar certo, mas havia um vazio que nenhum elogio, nenhum gesto de carinho conseguia preencher. Até que ele apareceu.

Ele chegou como uma tempestade, trazendo consigo o dom da paixão que ela nem sabia que existia. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que a fazia esquecer de tudo ao redor. Cada encontro era um mergulho em um mundo proibido, onde o toque de suas mãos a fazia sentir viva de uma maneira que há muito não experimentava. Eles se perdiam em segredos, em momentos roubados, em suspiros abafados que ecoavam a culpa e o desejo.

Ele a chamava de "minha musa", e ela se via envolvida em uma teia de emoções que a consumia. Cada palavra, cada olhar, cada instante juntos era como uma chama que a queimava por dentro. Ela sabia que estava errado, mas a paixão era tão doce, tão avassaladora, que parecia justificar qualquer coisa.

No entanto, com o tempo, a realidade começou a bater à sua porta. A culpa, antes adormecida, começou a sussurrar em seus ouvidos. Ela se via dividida entre dois mundos: o amor proibido que a fazia sentir-se viva e a vida que havia construído com dedicação e amor. Até que um dia, ao olhar no espelho, ela se reconheceu. Não como a amante, mas como a esposa, a mãe, a mulher que havia prometido ser fiel a si mesma e à sua família.

Com o coração pesado, mas com a mente clara, ela decidiu acabar com tudo. "Precisamos parar", disse ela, com uma voz que tremia, mas firme. Ele tentou argumentar, mas ela já havia feito sua escolha. "Eu sou dele, dos meus filhos, da vida que construí. E isso não pode ser destruído por um momento de paixão."

Ela partiu, deixando para trás um vazio que, desta vez, sabia como preencher. Voltou para os braços do marido que a amava, para os abraços dos filhos que a adoravam. E, aos poucos, o vazio foi sendo ocupado pela certeza de que havia feito a escolha certa. Ela não era perfeita, mas era humana. E, acima de tudo, havia aprendido que o verdadeiro amor não é feito apenas de paixão, mas de escolhas, de compromissos, de renúncias.

Ela voltou a ser a esposa e mãe dedicada, mas agora com uma nova compreensão de si mesma. E, no silêncio da noite, quando os ecos daquela paixão proibida ainda tentavam sussurrar em seus ouvidos, ela os silenciava com a certeza de que o amor que havia escolhido era o que realmente importava.

Igor da Silva Chaves
Enviado por Igor da Silva Chaves em 21/03/2025
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